Há quase um ano a pandemia se instaurava em Mato Grosso do Sul e muitas medidas precisaram ser tomadas para tentar conter o avanço do vírus no estado, como a quarentena.
O isolamento social foi algo que eu não imaginava que pudesse acontecer, que só era coisa da Ásia e Europa, mas para a minha surpresa, de uma hora para a outra, precisei ficar o tempo todo em casa. Limitada à ir ao mercado e farmácia.
Me vi longe dos meus amigos, do meu ambiente de trabalho, da ‘rua’, como chamamos as pautas fora da redação, e principalmente dos meus momentos de lazer. Precisei me desapegar de cinema, “rolês” no shopping pra tomar um sorvete e ver vitrines, das sextas-feiras e sábados que saía para comer alguma coisa, dentre outras restrições.
Naquele momento, me enchia de esperanças de que a pandemia que assustava o mundo só poderia durar alguns meses em Campo Grande. Que bobagem a minha. No terceiro mês em home office, me sentia angustiada, triste, porque o meu único passa tempo era ver séries na Netflix. Quase zerei o catálogo. Eu precisava de algo a mais para me distrair e aliviar o estresse. Mas o que?
‘Skin care? Sem paciência, parça’
Em um belo dia acabei me deparando com uma sequência de stories no Instagram de uma colega fazendo ‘a sua rotina de skin care‘. Pensei: “uau, quantos produtos, não tenho paciência para isso”. Queimei a língua.
Todos os dias ela postava algo sobre o que usar de manhã, a tarde e noite antes de dormir. Parecia que eu ficava ansiosa para ver aquelas filmagens com música ao fundo e ela passando o seu hidratante no rosto para dormir. Aquilo era divertido de acompanhar e passei a me interessar realmente sobre o autocuidado.
Sempre gostei de ‘cuidar de mim mesma’. Fazer a unha, hidratar o cabelo uma vez na semana, fazer as sobrancelhas e mais nada. Mas depois dessas ‘zapeadas’ nas redes sociais, comecei a entender mais sobre o home care, ou “cuidados em casa” e me apaixonei.
Um protetor solar só não serve?
Sabe aquele meme do Batman estapeando o Robin? Foi assim que o skin care me abordou. Para quem só usava protetor solar nos braços e lavava o rosto com sabonete em barra no banho, foi quase um tapa na cara saber que eu só judiava da minha pele.
Aprendi que existem sabonetes específicos para cuidar da face, protetores solar próprios, descobri o que era água micelar, tônico, esfoliantes e para qual finalidade era destinada cada argila.
O universo do autocuidado foi tomando conta da minha vida durante a quarentena e o momento de me cuidar era quase que uma terapia. Era um momento só meu e que eu amava pois sabia que estava me fazendo bem. Colocar uma playlist de pop e lá ia ver qual era a rotina do dia.
Pelas manhã, logo após escovar os dentes lavava o rosto (com o sabonete facial desta vez), passava uma vitamina C e o protetor solar. A noite retirava os produtos diurnos e dava início nos costumes noturnos.
‘Ué, não era só hidratar?’
Hidratar os cabelos uma vez na semana era uma regra pra mim e eu achava que aquilo bastava. Lavava os fios com um xampu, passa o condicionador e hidratava. (Fiquei chocada quando soube que a sequência estava errada, que na realidade o tratamento é antes do condicionador, que sela as cutículas).
As rotinas de autocuidado também passaram a incluir cuidados capilares, que foi quando descobrir a existência do CC – Cronograma Capilar. E mais uma vez, fui iludida a vida toda pois não sabia que os cabelos precisam de hidratação para repor a água dos fios, nutrição para repor os nutrientes e a restauração para devolver as propriedades naturais do cabelo, como a queratina.
A hidratação eu já fazia, mas não sabia que não era só disso que os cabelos precisavam e que a frequência deveria ser maior. E lá estava eu, tentando aprender sobre tricologia. Outra terapia para o meu isolamento social. O CC passou a ser tão importante para mim que fica tudo devidamente anotado e programação na minha agenda semanal.
Minha ‘aromaterapia’
Outra descoberta dessa pandemia foi a minha paixão por fragrâncias. Diferente da aromaterapia por óleos essenciais, acabei criando a minha própria, mas com aromas em frascos.
Sempre gostei de cheiros e durante a quarentena, tive a oportunidade de fazer uma pequena coleção de perfumes. Cada um dos líquidos dentro dos fracos tem sua representatividade para mim.
Do mais tradicional ao mais sofisticado, toda noite é uma borrifada no pulso para dormir.
Assim como o home care e o CC, quis conhecer mais as essências, em como elas são capazes de ser tão agradáveis e de despertar sentimentos. Enfim, o autocuidado me trouxe autoestima e isso refletiu diretamente na minha saúde mental durante a pandemia.
E do jeito que o ‘bonde anda’, minha terapia com meus momentos de autocuidados devem transcorrer por mais tempo do que eu imaginava. ‘Acaba logo’, coronavírus.
OFF THE RECORD
OFF THE RECORD (fora do registro, em português) é a expressão utilizada pelos jornalistas para informações obtidas de forma não oficial, assim como a rotina de repórteres para além da reportagem. Afinal, o que gostamos de fazer quando estamos longe da rotina de trabalho? Esta é a OFF THE RECORD, uma pequena série do Jornal Midiamax, com textos escritos em primeira pessoa, sobre os hobbies dos repórteres que atuam na redação. Confira matérias já publicadas na série:
