Todo mundo sabe que José Antônio Pereira é o fundador de Campo Grande, além de ser o pontapé inicial para entender o surgimento da cidade. Mas existem outras duas figuras igualmente importantes, por vezes esquecidas, que também fazem parte da trajetória. Partindo de uma nova perspectiva sobre a história da cidade, estilista de Campo Grande confeccionou a coleção de roupas ‘Da Terra‘ inspirada no tear confeccionado, na época, por Maria Carolina de Oliveira e Anna Luiza, esposa e nora, respectivamente, do fundador José Antônio Pereira.
Nair Gavilan Carvalho, 31 anos, contou ao Midiamax que se inspirou nas mulheres porque já planejava criar a coleção de outono-inverno com algodão, fibra que ocupa a 5ª potência econômica mundial, tendo o Brasil como um dos principais produtores. Alinhado a isso, a estilista pensou em remeter suas roupas ao passado, quando homens agricultores plantavam e as mulheres confeccionavam peças para a família no tear.
“Elas, assim como várias outras mulheres artesãs, têm um importante papel na cidade porque é uma arte que elas utilizavam como forma de passar o tempo, além de dar a família todo carinho e aconchego com as peças feitas ali”, explicou.
As peças da coleção contam também contam com outra arte milenar: o crochê, técnica que resgata e valoriza o trabalho manual feminino, e abre espaço para que a mesma volte a ser mais utilizada e consumida.
De acordo com Nair, foram utilizadas três linhas do algodão: orgânico livre de agrotóxicos, reciclado de garrafas pets e algodão sustentável. O objetivo era escolher matérias-primas que reduzissem o impacto ambiental e contribuíssem para a sustentabilidade. Por isso, peças não degradam o meio ambiente se descartadas.
Pesquisas
A estilista disse ainda que precisou realizar uma ampla pesquisa antes de colocar a coleção em prática. Além de estudar as melhores opções para uma confecção sustentável, também fez pesquisa junto ao Museu José Antônio Pereira, onde encontrou dados que mencionavam Maria Carolina e Anna Luiza como tecelãs.
O editorial de moda, inclusive, foi realizado no espaço histórico situado na Avenida Guaicurus. Mesmo que a coleção de outono-inverno tenha se inspirado no tear, ela foi produzida na máquina de costura. Já o crochê foi feito manualmente por artesã da cidade.
“A coleção e o meu trabalho pretende mostrar o lado de consumir roupas sustentáveis e regionais, feitas por mulheres, que quando descartadas não serão prejudiciais ao meio ambiente, tendo como matéria-prima principal o algodão orgânico”, finalizou a estilista.
