O concurso “ das Drag” foi realizado no domingo (28) em Campo Grande durante o Festival Campão Cultural. Com vários espectadores e presença da convidada Leona Vingativa, evento mostrou a importância da resistência dessas personalidades na luta por uma cultura de gênero mais libertária na Capital e a valorização da comunidade LGBTQIA+.

“Somos resistência dentro do nosso Estado, da nossa cidade”, assim definiu drag queen Halley Star, vencedora da sexta edição da Corrida das Drag, sobre a importância do evento de ontem. Nem a chuva foi capaz de parar a programação no Centro Cultural José Octávio Guizzo, que contou com o show da drag queen paraese Leona Vingativa e, ainda, decidiu a vencedora do concurso entre as três finalistas: Bruandra Guel, Rachel Black e Angel.

“Para mim é uma honra, uma satisfação imensa estar aqui com todas essas drags maravilhosas. Campo Grande tem um povo muito receptivo, estou amando participar. Ser drag queen é um trabalho como qualquer outro e não é valorizado, ainda existe muito preconceito. A gente vê Pablo Vittar, Glória Groove, que alcançaram a fama, mas tem vários outros artistas escondidos no mundo que não tiveram a chance que a gente teve. Mas se você quer entrar neste mundo, meta a cara. Se você tem fé, você faz acontecer”, disse Leona Vingativa.

Logo depois da abertura, o momento mais esperado da noite, com certeza, foi o resultado final do concurso “Corrida das Drag”. Nesta edição, o primeiro lugar foi conquistado por Bruandra Guel.

“A comunidade LGBTQI+ é uma minoria na sociedade, e dentro dela, a cena drag é uma minoria também. Ter um evento destes dentro de um festival como o Campão Cultural é uma evolução muito grande pra gente. A cena drag é considerada uma arte, mas ainda existe muito preconceito. Tem muitas mulheres sis que fazem drag. Para ser uma drag de respeito, você precisa ter autenticidade, ser você mesma e dar respeito a todos”, afirmou.

Já o segundo lugar ficou por conta da conta de Rachel Black, que iniciou no universo drag a partir da dança. “Como eu sou da dança, entrei no mundo drag por causa disso. Primeiro eu participei em uma Corrida das Drags como bailarino de uma drag, e hoje estou aqui concorrendo. Eu sou a drag do close, do carão, não trago conteúdo conceitual. O meu é mais mesmo, e vamos nos divertir. Na cena drag você pode ser outra pessoa, é como ser um alter ego. A Rachel para mim é a minha salvação da depressão. Incentivo todo mundo a participar, é muito válido”.

Por fim, Miss Angel foi a terceira colocada. Atraída pelo universo, ela afirma que o movimento drag fala de política por meio do glamour.

“É uma coisa muito diferente do que a gente vê no cotidiano. Depois que eu descobri que era um ato político eu gostei mais ainda. Hoje em dia há uma certa higienização das drags. A indústria cultural, para transformar esta arte em produto, acaba apagando traços da vivência da pessoa que denunciam injustiças no mundo que a gente vive”, disse Miss Angel.

Campão Cultural

O Festival Campão Cultural oferece 14 dias com mais de 150 atrações em 20 áreas, como música, teatro, dança, circo, palestras, workshops e exposições.

O evento começou no dia 22 de novembro e segue até 5 de dezembro com objetivo de fomentar a produção artística sul-mato-grossense, promovendo a diversidade e cidadania, e inspirando uma nova visão de futuro, mais inclusiva e sustentável.

Dessa forma, “Campão Cultural – Arte, Diversidade e Cidadania” nasce como um marco artístico de Mato Grosso do Sul, uma vez que é o primeiro grande festival da Capital sul-mato-grossense que traz diversidade, cidadania e cultura de rua. As ações do festival contemplam as sete regiões da Capital, atingindo a população de mais de 10 bairros campo-grandenses, além dos distritos de Anhanduí e Rochedinho.