“Minas Gerais” é uma Associação Feminina de Futebol e Pagode feito por mulheres e para mulheres LGBTQ+, formado (em sua maioria) por lésbicas e bissexuais, que antes da pandemia se reunia em pontos públicos da capital para bater uma bola, se divertir e tocar um samba entre amigas. Por conta da pandemia, esses encontros tiveram que ser suspensos, mas a união segue firme na luta contra toda e qualquer tipo de opressão.
No “antigo normal”, o legal era escolher qual seria a praça, quadra pública de Campão, ideal para bater uma bola, dar risada e liberar endorfina. Mas daí veio o COVID e botou o pé na janta das meninas, que tiveram que suspender os jogos momentaneamente. “Durante a pandemia a gente parou os jogos por saber que não temos como garantir a segurança de todas as meninas e das suas famílias. Tivemos um breve retorno quando os casos estavam estáveis e paramos novamente”, conta Nuala Lobo Cambará, integrante do time.

O “Minas Gerais” começou por conta de cinco meninas, a Camilinha, a Gabriela Savaris, a Gabriela Gonçalves, a Pietra e a Anna Resende que estavam dispostas a jogar bola e não encontravam outras meninas pra endossar o bonde. Elas postaram em uma rede social e daí pra frente o time só cresceu. Mas um detalhe, elas não são mineiras!
“Existe uma confusão sempre! (risos) sempre acham que a gente é de Minas Gerais, mas nosso nome é bem literal: somos mulheres, gurias, então, minas e também temos vários tipos de minas: brancas, pretas, gordas, magras, mães, trabalhadoras, estudantes, menores de idade, maiores de idade, todo tipo de mulher e dai veio o ‘gerais’”, enfatiza Nuala.
Sem deixar a bola cair na pandemia
Já que as partidas de futebol estão suspensas, elas não penduraram a chuteira, e sim arregaçaram as mangas e foram a campo propondo uma ação social que apoiasse, de alguma forma, os mais necessitados.
“As ações começaram por sentirmos a necessidade de fazer algo pela cidade. Nós somos um time contra todo tipo de opressão, de esquerda, várias vezes temos conversas sobre a sociedade e a primeira oportunidade que tivemos foi com o sistema carcerário feminino e nos mobilizamos para arrecadar itens de higiene pessoal para doarmos para as detentas. Conseguimos 327 kits completos com absorvente, pasta de dente, shampoo, condicionador e papel higiênico. Também jogamos um ‘fut’ com elas e foi super legal”, lembra ela.


Com esta forte corrente do bem, surgiu também a ideia de fazer o “Natal(M)inas”, em apoio às pessoas em situação de rua. No Natal, elas distribuíram 100 marmitas e máscaras de proteção para algumas pessoas nesta situação, fazendo o possível para cobrir as lacunas de direito, muitas vezes, não executados pelo poder público.
“É a nossa forma de retribuir todo respeito que a gente tem por essas pessoas. Toda vez que trocamos uma ideia, elas foram extremamente respeitosas conosco. “Minas Gerais” é isso, a gente bota muita fé de que as pessoas olhem para as outras com carinho, com atenção, e que as coisas podem mudar”, pontua ela.
