#CG119: histórias e personagens do Mercadão Municipal, que completa 60 anos
Prestes a completar 60 anos, o Mercado Municipal Antônio Valente, ou simplesmente Mercadão, é um local icônico e significativo para a população. De supermercado dos campo-grandenses a ponto turístico da Capital, o ponto é cheio de histórias e personagens que o MidiaMAIS traz em mais uma matéria especial para o aniversário de 119 anos de […]
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Prestes a completar 60 anos, o Mercado Municipal Antônio Valente, ou simplesmente Mercadão, é um local icônico e significativo para a população. De supermercado dos campo-grandenses a ponto turístico da Capital, o ponto é cheio de histórias e personagens que o MidiaMAIS traz em mais uma matéria especial para o aniversário de 119 anos de Campo Grande.
A inauguração, que aconteceu no dia 30 de setembro de 1958, era aguardada ansiosamente, sendo noticiada nos jornais da época. O jornal Correio do Estado publicou uma entrevista com o então prefeito Marcílio de Oliveira Lima, 5 dias antes da solenidade. No próprio dia e no seguinte, o local foi destaque na primeira página do jornal.
Conforme acervo do Arca (Arquivo Histórico de Campo Grande), a estrutura abrigou todos os feirantes – em sua maioria, imigrantes japoneses – que comercializavam produtos no terreno em frente ao Colégio Oswaldo Cruz doado pelo português, radicado em Campo Grande, Antônio Valente. Ele era trabalhador da empresa construtora da Noroeste do Brasil e veio ao Mato Grosso em 1914 como condutor de auto-linhas.
No dia 2 de agosto de 1966 acontece um incêndio no Mercado Municipal, deixando “100 milhões de cruzeiros” de prejuízo. O fato, que aconteceu de madrugada e não deixou feridos, foi noticiado pelo jornal O Matogrossense.
Prateleiras originais
Por muitos anos, o Mercadão era o local de compras dos moradores de Campo Grande. Inclusive, a rede de supermercados Soares, que deixou de existir no início da década de 1990, se originou no local. Quem conta é o comerciante Manoel Bento Martins, de 66 anos, que há 52 trabalha no Mercadão.
“Tem muito tempo que estou aqui, guria”, diz o dono de dois boxes onde comercializa de tudo um pouco, inclusive artigos que quase não se encontram mais em supermercados, como óleo de peroba e anil. “Eu era um ‘gurizotinho’, vendia guavira e jatobá para os funcionários quando tinha 13 anos e de repente me deram a banca 100. Era até meio fazenda aqui”, relembra. Desde 1971 ele trabalhava para o Soares e quando a empresa deixou o Mercadão, comprou o ponto deles.
Ele conta com orgulho, tocando com firmeza na madeira, que é o dono do único estabelecimento que preserva as prateleiras originais. “Só eu que tenho isso aqui. Isso tem 60 anos, ninguém tem. Quando a prefeitura entregou, era tudo assim”.
Outro companheiro de longa data é um radinho da marca Seiko. “Tem mais de 50 anos. Meu aqui, tudo é velho, o único novo aqui é eu”, brinca. Seu Manoel diz que tem muita história e “se for contar tem que ficar o dia todo”, mas mencionou o tombamento de um trem.
Ele também foi o dono do primeiro carro da Ford de Campo Grande, um Corcel 66 quatro portas azul. Ele o levava e as pessoas ficavam admirando.
Os mais novos
Logo em frente ao box do seu Manoel, está um dos mais novos integrantes do Mercadão. Há 5 meses, Andryw Fabrício dos Santos Camargo, de 28 anos, toca uma banca de ervas e acessórios para tereré com a esposa, que é filha de um dos mais antigos do local.
Antes, ele era vendedor em depósito de materiais para construção. Ele deixou o emprego para ajudar a esposa. “Vim pra cá pra não deixar ela sozinha, é um serviço pesado, carregar sacos”, explica. Além de vender suportes, bombas, guampas, ele dá uma cortesia para quem compra artigos em couro: grava o nome dos clientes para personalizar os produtos.
Nestes 5 meses ele percebeu que o Mercadão é muito frequentado por turistas, em especial os estrangeiros. “Tem muito turista. Colombiano, paraguaio, japonês. É estranho, não estou acostumado a ver esse tipo de pessoa”, declara. Apesar da barreira do idioma, ele realiza muitas vendas para os forasteiros.
Além disso, já viu gente famosa, como o comediante Léo Lins, que esteve em Campo Grande para apresentação da sua comédia stand up, e a dupla sertaneja Jads & Jadson.
Gerações
Terceira geração no Mercadão, Ronald Kanashiro de Alem, de 47 anos, é proprietário de um dos boxes destinados a venda de carne. Mas sua mãe e sua avó eram do ramo hortifruti no local. “Estou aqui desde nascido, sou filho de verdureiros e hoje sou proprietário de uma casa de carnes”, conta. “Sempre fui criado aqui, desenvolvendo atividades com ela, não trabalhava, mas fui criado aqui. Estudava na Mace, que é aqui pertinho e ia embora só a noite.”
A avó Ana Kanashiro foi uma das pioneiras e já vendia vegetais antes da construção do Mercadão. O negócio foi passado para a sua mãe, Anésia Kanashiro, que, segundo ele, tem grande relevância para a história do lugar. “Ela tinha a melhor banca de hortifruti de Campo Grande, o que ela tinha, ninguém tinha e atendia a alta sociedade. Ela tinha todas as opções de frutas importadas”, detalha. “A maioria dos mais antigos eram clientes da minha mãe”, adiciona ele, por exemplo, as famílias Trad e Siufi.
Com o falecimento da mãe há 11 anos, o segmento segmento de verduras parou. À carne ele se dedica há 25 anos, desde que voltou do Japão, para onde foi aos 19 anos. “Hoje temos uma empresa com mais de 25 carteiras assinadas”, revela. Além disso, Ronald faz parte da diretoria do Mercado Municipal, já foi vice-presidente por 8 anos e presidente por dois mandatos.
Praça dos Indígenas
Não há como falar do Mercadão sem falar da Feira Indígena na Praça Oshiro Takemori, que fica anexa, em frente ao prédio. Antes da construção dos quiosques pelo prefeito Juvêncio Cesar da Fonseca, as índias vendiam seus produtos nas calçadas.
“Tem mais de 30 anos”, relata Vanda de Albuquerque, de 51 anos. Ela é uma das feirantes e presidente da Amif-CG (Associação das Mulheres Indígenas Feirantes). “Antes eu ficava aqui alguns dias e ia embora pra aldeia. Moro aqui há 20 anos”, explica.
Estar abrigada pelo cercamento do Mercadão é uma vitória para ela e as mulheres indígenas. “As mulheres ficavam aqui com tudo aberto, o pessoal da rua dormia por perto. Isso que conquistamos marcou, a gente está conquistando alguma coisa aqui. Foi importante fecharem a rua Sete de Setembro. Era ruim quando passava carros, os fregueses às vezes não conseguiam atravessar. A gente faz parte”, ressalta.
60 anos do Mercadão Municipal
Para comemorar os 60 anos do Mercadão, um evento está sendo preparado com uma programação especial. De 30 de agosto a 2 de setembro (quinta a domingo), durante todo o expediente acontece o 6º Festival do Pastel.
O chef sul-mato-grossense Paulo Machado, vencedor da batalha de estrogonofes do programa nacional Mais Você, vai ministrar uma aula-show, com elaboração de receitas ao vivo. Também acontecerão concursos de receitas, sorteios, exposição histórica e apresentações musicais regionais.
A expectativa da Associmec (Associação dos Comerciantes do Mercado Municipal de Campo Grande/MS), organizadora do evento, é de receber, nesse período, 70 mil pessoas, o que deve aumentar as vendas dos comerciantes em 30% em relação aos dias normais. Além disso, os organizadores esperam que todo o mês de agosto seja de movimento mais intenso.
Inaugurado em 30 de Setembro de 1958 com uma grande festa, o Mercadão Municipal tem sido um dos pontos turísticos mais visitados da Capital de MS. Com uma área construída de 2.494 m2, distribuídos em 144 bancas e 79 boxes com variedade de recursos hortifrutigranjeiros, doces regionais, laticínios, peixes, ervas medicinais, farináceos, temperos, condimentos, artesanato e alimentação, a qualidade de seus produtos e preços acessíveis atraem os consumidores.
Inserido no roteiro turístico de Campo Grande, através do City Tour, o Mercadão Municipal traz a referência aos povos que ajudaram a construir a Cidade Morena. Mais que um polo comercial varejista, hoje representa um dos preferidos pontos de encontro para compras e passeio. Com um total de 223 varejistas e 500 trabalhadores, mais de 5 mil clientes são recebidos diariamente no Mercadão Municipal.
Programação
30 de Agosto – Quinta-feira
08:30 – Coletiva de Imprensa
09:30 – Músicas e atrações regionais – ABERTURA
10:30 – Cozinha Show – chefe Paulo Machado
12:00 – Artista e Regional – MUSICA REGIONAL
14:00 – Cozinha Show – chefe SENAC
15:30 – Músicas e atrações regionais – (Carla e Junior)
16:00 – Cozinha Show – chefe SENAC
31 de Agosto – Sexta-feira
09:00 – Cozinha Show – chefe SENAC
09:30 – Músicas e atrações regionais – (Victor Gregori e Marco Aurélio)
10:30 – Cozinha Show – chefe SENAC
14:00 – Cozinha Show – chefe SENAC
15:30 – Músicas e atrações regionais – (Cantor Elder)
14:00 – Cozinha Show – chefe SENAC
01 de Setembro – Sábado
09:00 – Cozinha Show – chefe SENAC
09:30 – Músicas e atrações regionais – (Kleber e Ruan)
10:30 – Cozinha Show – chefe SENAC
14:00 – Cozinha Show – chefe SENAC
16:00 – Cozinha Show – chefe SENAC
16:00 – Atração Regional (Apresentação Grupo Sakurá)
17:00 – Músicas e Atrações Regionais – (Max e Gabriel)
02 de Setembro – Domingo
09:00 – Cozinha Show – chefe SENAC
09:30 – Músicas e atrações regionais – (Marlon Maciel)
10:00 – Artista e dança Regional – (Grupo Taiko apresentação)
12:00 – Encerramento
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