Prefeito e titular da Sectur estiveram em para captar recurso

Um dos espaços históricos mais interessantes de Campo Grande, antiga ‘Rotunda Ferroviária', pode ter sua tão aguardada revitalização. Em visita ao Mtur (Ministério do Turismo), em Brasília, o prefeito Marquinhos Trad e a titular da Sectur (Secretaria Municipal de Cultura e Turismo), Nilde Brun, apresentaram ao ministro Marx Beltrão, na última terça-feira (31) o prospecto de um projeto de revitalização da área.

A ideia principal do projeto, que deve ser concluído até Março deste ano, é transformar o espaço, atualmente em ruínas e reduto de dependentes químicos e moradores de rua, num Centro Cultural multiuso. De acordo com a Sectur, a perspectiva é que sejam necessários R$ 25 milhões para execução da revitalização, vindos da União.

Para a secretária de Cultura e Turismo, a revitalização do equipamento proporcionará o fortalecimento de uma política cultural e, consequentemente, de turismo na Capital. “Será uma grande conquista para nós receber o convênio do ministério do Turismo para levantarmos o Centro Cultural”, declarou. Segundo ela, após a conclusão, o projeto será credenciado no Portal de Convênios (Sincov) do MTur para ter início o processo de aporte financeiro com a União.

Brun também adiantou que, em conversa com Beltrão, estuda uma forma de envolver o Ministério na conclusão do , espaço de formação artística anunciado no governo de Nelson Trad Filho (então PMDB), porém, cuja obra – que já consumiu R$ 10 milhões – jamais foi concluída. Segundo a secretária, após pedido de Marx Beltrão, a obra passará por minuciosa reanálise, que inclui desde atualização de convênios, planilha financeira e situação física do prédio. “São exigências da Caixa Econômica Federal e, somente após esse trabalho, saberemos o que a Prefeitura terá que investir e de que forma fará isso para concluir a obra”, concluiu Nilde Brun.

Rotunda

Estrutura foi desativada no fim dos anos 90 e hoje encontra-se abandonado (Luiz Alberto)Desde que foi desativada, no final da década de 1990, a Rotunda do Complexo Ferroviário de Campo Grande jamais recebeu reparos. Mesmo tombada por lei, em 2009, pelo Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), o prédio permanece abandonado à própria sorte, sem limpeza e manutenção adequada ou qualquer tipo de proteção. Recentemente, moradores da Vila dos Ferroviários têm reclamado ao poder público da insegurança e sujeira devido a usuários de usuários de drogas no local.

Com isso, o problema que abraça a Rotunda Ferroviária ganha outra dimensão: torna-se social, histórico e moral. Social, porque há uma forte hipótese de que existe uma ‘rota ferroviária' da droga, que teria início na região do Mercadão Municipal, seguiria pela Orla Ferroviária, passaria pelo estacionamento da Feira Central e culminaria na Rotunda. Histórico, porque um dos principais equipamentos da antiga ferrovia de Campo Grande, responsável por desenvolver Campo Grande, agoniza em sua própria estrutura. Por fim, moral, porque um prédio histórico de grande importância segue sem os cuidados necessários a pelo menos 20 anos.

Uma lei, assinada pelo então prefeito Nelson Trad Filho – irmão do atual prefeito – em dezembro de 2012, autoriza a concessão da área por 30 anos a quem restaurar o espaço, cujo orçamento gira em torno de R$ 15 milhões a R$ 20 milhões. No entanto, o edital que determinaria o vencedor da concorrência jamais foi publicado.

Depredação

Com boa parte da estrutura em condições precárias, mesmo para leigos o prédio parece oferecer riscos. O destelhamento, a falta de reboco nas paredes e colunas e, principalmente, o ferrugem nas barras de aço que sustentam o telhado e conecta vigas são apenas alguns dos sérios problemas estruturais que o prédio oferece. Para além disso, usuários tem feito alterações na instalação.

O Jornal Midiamax já abordou a questão do abandono do espaço em reportagem publicada em dezembro de 2015. Na ocasião, um assessor da Prefeitura de Campo Grande, na administração do então prefeito Alcides Bernal (PP), o executivo municipal dispunha de um projeto de revitalização da área, que inclusive já havia sido apresentado à presidente Dilma Roussef e a diversas pastas federais, como os ministérios da Cultura, do Turismo, do Meio Ambiente e da Ciência e Tecnologia.

Paredes foram destruídas e há escavações na área (Foto - Luiz Alberto/Midiamax)