Renata Boeira escreve desde os 13 anos

Renata Boeira já apareceu por aqui, entregando poesias em um dia bem ensolarado nas ruas de Ponta Porã. Ela escreve desde os 13 anos de idade, e sempre escreveu para si e para as pessoas que ama, que estão sempre ao redor. Seu mais novo projeto, dessa vez em , é “Criado-Mudo”, que dentre outras coisas, entrega versos “engarrafados” nas mãos das pessoas.

“Eu sentia falta de ter algo que representasse, de forma sincera e simples, o motivo da minha escrita e o seu significado. A partir daí procurei um amigo designer e chegamos juntos nesse ‘Criado-Mudo'”, conta Renata. Em uma pequena garrafinha com rolha, ela escreve um verso e vende por um preço simbólico. A pessoa terá a chance de descobrir nesse pequeno papel, com as palavras da poeta. O processo de criação do Criado-Mudo também foi curioso. 

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Renatinha, a poeta / Foto: Arquivo pessoal

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“Não pedi prazo e me desapeguei do tempo, e ele (o designer) criou de maneira livre. E o briefing também foi algo engraçado, porque foi feito através de uma carta. Ele me disse ‘escreve uma carta pra mim, me contando como você começou a escrever'. Aí eu escrevi. E foi muito significativo, entendi muita coisa que nunca tinha reparado e foi através dessa carta que ele deve o insight de ser o Criado-Mudo o símbolo da minha escrita”, revela. 

 

 

Alegoria

Renata diz que por muito tempo sentiu-se “muda” na sua arte, e sobretudo na sua vivência como mulher. “Na carta eu contei como foi o processo da escrita na minha vida e esse processo está ligado diretamente à minha criação (das mulheres em geral) de não falar, não confrontar, não opinar, não causar incômodo. Eu fui criada muda”, reflete.

“É uma alegoria da nossa voz que é oprimida ou desprestigiada. Lidar com esse significado foi muito marcante pra mim”.

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Poesias escritas por Renata / Foto: Reprodução

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A receptividade de Criado-Mudo tem sido positiva. Neste mês, ela esteve em Campo Grande ao lado da artista plástica Bi Miura, para expor seu projeto em um evento de arte no Brecharia, e ainda declamou uma dedicada à musicista Mayara Amaral, morta este ano.

“Noto que as pessoas me procuram pela poesia, mas principalmente pelo contato pessoal, pela conversa, pela troca. E isso não tem preço”, acrescenta. 

Cada poesia dentro do vidro é diferente da outra. “Foi a forma que encontrei de criar laços com meus leitores e com pessoas que apreciam poesia”, finaliza a poeta.