De acordo com psicóloga, os exercícios ajudam, sim, mas não se pode parar de estudar 

Maria Alice Nunes, 17 anos, sempre foi considerada estudiosa. Desde pequena ela via nas lições de casa um prazer e nunca uma obrigação chata como o restante dos colegas e, por isso, por vezes foi chamada de “CDF”. Mas há um ano tudo mudou. Das horas e horas seguidas em pura concentração ela passou à dispersão total. Se cansou dos livros e detesta as lições. “Isso tudo acontece em um momento muito complicado porque presto vestibular no fim do ano e o meu curso é muito concorrido”, lamenta a adolescente.

Na escola, uma dessas que preparam intensamente para o vestibular, e apenas para ele, ela passou a ser pressionada e seu rendimento caiu. “Eu vou arrastada para a escola, está sendo muito difícil lidar com a pressão”, conta a garota que pretende se tornar médica. No últimos meses ela tem sofrido com crises de ansiedade e a apreensão resultou em dores físicas pelo corpo todo.

Assim como Maria Alice, muitos adolescentes e adultos também, sofrem por não conseguir lidar com a pressão e também com a frustração.

Treinados como máquinas para passar em provas de alto rendimento, eles deixam de lado o desenvolvimento emocional. E a pressão por resultados em um mundo cada vez mais competitivo tem trazido problemas sérios para quem não dispõe de tal “molejo” com as emoções.

Foi pensando neste público que a professora de ioga, Jaqueline Jaeger, 28 anos, elaborou um programa especial. A proposta da “Vestibulando Yoga” é valer-se de algumas dinâmicas diferenciadas para trabalhar o foco e concentração dos adolescentes. São exercícios de respiração, relaxamentos mais profundos e outras atividades, tudo pensado nas necessidades desse grupo.

Jaqueline explica que o ioga é uma prática milenar em que a permanência em certas posturas, aliada a técnicas de respiração, são capazes de flexibilizar a rigidez mental. Os exercícios também estimulam a secreção hormonal, auxiliando no equilíbrio dos hormônios dentro do corpo.

“O estresse acontece quando você acredita que não pode lidar com algo, mas as demandas estão aí e elas não vão mudar, quem tem que modificar a forma de agir somos nós. A ioga nos ajuda nessa percepção”diz.

Ainda de acordo com a professora, posturas de força, equilíbrio, flexibilidade e invertidas serão propostas para acalmar e concentrar a mente. 

Insegurança

De acordo com a psicóloga Regina Prati, os exercícios físicos podem, sim, colaborar para um bom desempenho. No entanto, ela lembra que eles sozinhos não resolverão a situação. “É preciso saber que apenas praticar um esporte, correr ou fazer ioga, não vão resolver se não houver estudo”.

Há 23 anos atuando com psicóloga e com experiência na área da educação, Regina explica que na maioria dos casos, o nível de ansiedade e insegurança é inversamente proporcional à aprendizagem. “Se a pessoa sabe que não está preparada, ela automaticamente ficará mais nervosa”, lembra.

Para a psicóloga, este é um período de vulnerabilidade dos jovens, mas só desenvolve síndromes e crises mais drásticas quem já possui predisposição para tal. “Existem outros componentes que são necessários para desencadear uma situação mais complicada”.

Equilíbrio

No que todos parecem concordar, é quanto ao equilíbrio. Para Regina, a ansiedade não é ruim, pelo contrário é necessária. O problema é quando há excesso ou ausência de dela.

A adrenalina é o que nos mantém em alerta. Prontos para a guerra. Em uma prova você precisa dela. Nesse estado, aumenta a atenção, a qualidade visual e velocidade de raciocínio. O corpo todo reage. Não se pode estar muito relaxado. Por isso a importância do equilíbrio”.