Às vésperas de completar um ano na liderança da Igreja Católica, o papa Francisco disse ser uma “pessoa normal” e criticou os rótulos de “super-herói” e “estrela” comumente associados a seu nome.

“Sou um homem que ri, chora, dorme tranquilo e tem amigos como todos. Uma pessoa normal”, disse Jorge Mario Bergoglio, em entrevista exclusiva ao jornal “Corriere della Sera”, por ocasião do aniversário de 1 ano de seu Pontificado, celebrado no próximo dia 13 de março.

“Gosto de estar entre as pessoas, perto de quem sofre, de ir até as paróquias. Por outro lado, não gosto de interpretações ideológicas, uma certa mitologia em torno do papa Francisco”, comentou o pontífice argentino, de 77 anos.

Na mesma entrevista, Francisco também disse que o papa emérito Bento 16, que renunciou ao cargo em 28 de fevereiro do ano passado, “não é uma estátua em um museu”.

“Ele é discreto, mas decidimos juntos que seria melhor se ele visse gente, saísse e participasse da vida da Igreja”, disse Bergoglio sobre seu antecessor, comparando-o com um “avô”. “Os avôs e avós dão força às famílias. Não merecem terminar em uma casa de repouso”.

Sobre as denúncias de pedofilia, Francisco afirmou que todos os “casos de abusos sexuais contra crianças são tremendos, porque deixam feridas muito profundas”, mas que “Bento 16 foi corajoso e abriu um caminho [para combater o problema]”.

“A Igreja Católica talvez seja a única instituição pública que se expõe com transparência, porém, é a mais atacada”, comentou. Francisco foi eleito papa em 13 de março de 2013, após a renúncia de Bento 16. Jorge Mario Bergoglio se tornou o primeiro pontífice latino-americano e jesuíta.