Entrando agora na quarta e última etapa de implantação, o projeto Reviva o Centro começa a mudar a cena urbana da área central de Campo Grande. Os comerciantes que já promoveram mudanças nas fachadas comemoram os resultados em termos estéticos e de incremento nas vendas. O investimento médio de R$ 15 mil tem retorno garantido e rápido. Quem passa pela região está tendo a oportunidade de conhecer as fachadas escondidas pela poluição visual.

Num trecho da Barão do Rio Branco entre a avenida Calógeras e rua 14 de Julho, cinco lojistas se uniram para promover as adaptações das fachadas. O dono do Pastel D’Ouro, o comerciante Edmir Assunção Arnas, contou que apesar da burocracia enfrentada durante o processo na Prefeitura, a mudança valeu a pena. “Sou a favor da fachada limpa, achei o projeto fantástico e aprovo 200% como cidadão e como proprietário também”, enfatizou.

O vizinho da loja de Edmir, o comerciante André Eduardo Moreto disse que realizou a mudança pensando no comércio e no bem-estar dos clientes. Já a proprietária da Ótica Exata, localizada na rua 13 de Maio, Rosely Cristina Gonçalves Neves, retirou os painéis e entrou com novo projeto arquitetônico para ser aprovado na Prefeitura. “Tinha loja com painel tão grande que tampava a minha loja. Este projeto vai valorizar meu comércio”, comemora Rosely, que aguarda o parecer da Semadur para iniciar a nova obra.

Na loja Le Postiche, o letreiro antigo já foi retirado e uma nova fachada feita. A gerente Mari Garcez diz que os proprietários receberam o comunicado da Prefeitura e se programaram para fazer a alteração dentro do prazo e não deixar a loja sem letreiro.

Vinda do Nordeste, a supervisora da loja Badulaque, Rosemary Sena conta que Recife passou pelo mesmo processo que Campo Grande. Neste período em que mora na Capital, já sentiu as melhorias. “A minha cidade também passou por esta reestruturação e aqui a poluição visual era flagrante”, comenta.

Muitos comerciantes já retiraram as fachadas antigas, mas estão enfrentando dificuldades para contratar mão de obra especializada. O letreiro da loja Bumerang ainda não foi retirado e a gerente Seigra Oliveira afirma que os comerciantes precisaram “entrar na agenda” dos profissionais que realizam esse tipo de serviço.Ela diz que a loja já está com o projeto para o novo painel pronto e aprova a mudança. “Já está tudo preparado para não deixar a loja sem letreiro. Vai ficar muito mais bonito, limpo, o Centro. Sem aquele monte de enfeite, que parece que uma loja quer aparecer mais que a outra”, explica.

Dados

Em sua quarta e última etapa, que começou no último dia 1º de junho e vai até o dia 30 de setembro, o projeto prevê a padronização de um 825 fachadas de estabelecimentos comerciais. Durante as três primeiras etapas foram incluídas 1.194 fachadas. Deste total, 367 deram entrada nos trâmites legais na Prefeitura; 112 foram aprovados e foram apenas 11 foram aplicadas.

Este número pequeno autuações segundo a diretora do Instituto Municipal de Planejamento Urbano (Planurb), Marta Martinez, demonstra que o objetivo do projeto não é punir o comerciante , mas sim garantir o bem-estar estético, cultural e ambiental da população. As mudanças “vão possibilitar o fortalecimento da economia, valorização dos espaços públicos, fomento das atividades culturais e preservação do patrimônio cultural”.

Reviva o Centro – Em 2010, a Prefeitura discutiu amplamente a proposta para a revitalização do centro de Campo Grande, que foi aprovada e transformada na Lei Complementar n. 161 de 20 de julho de 2010. Alguns projetos deste plano, como a reforma da Estação Ferroviária e a Orla Ferroviária já estão em andamento.

Para o prefeito Nelson Trad Filho (PMDB),a revitalização da região central vai garantir mais competitividade às lojas frente aos shoppings instalados na cidade.Conforme Trad, todas as intervenções já realizadas no centro foram feitas com conhecimento dos comerciantes. Otimistas, ele acredita que no final de todo o processo de revitalização “todo mundo vai ficar satisfeito”, disse.

“A cada seis meses um novo shopping é aberto na nossa Capital. É necessária a revitalização para fazer concorrências com os shoppings”, afirmou.