A Organização das Nações Unidas (ONU) afirmou hoje (26) que não é mais capaz de contar o número de mortos no conflito entre as autoridades sírias e opositores ao regime do presidente Bashar Al Assad, porque algumas regiões estão fechadas para a entrada de estrangeiros.

A alta comissária dos Direitos Humanos da ONU, Navi Pillay, disse em Nova York que a organização estava “com dificuldades” de obter um balanço confiável de vítimas, porque “algumas regiões estão totalmente fechadas” para a entrada de estrangeiros.

Hoje, o governo de Bashar Al Assad lançou uma nova ofensiva contra uma cidade foco de protestos, nas proximidades da capital, Damasco. As autoridades sírias negam as origens populares das manifestações e atribuem os protestos, iniciados há dez meses, a terroristas.

Além disso, o trabalho de jornalistas é cada vez mais limitado, bem como as fontes neutras de informação são escassas, limitando-se a militantes antirregime. Pillay explicou que o número de 5 mil mortos – o último balanço informado pela ONU, no início de dezembro – certamente está maior hoje.

Em janeiro, um representante da ONU afirmara que ao menos 400 pessoas foram mortas na Síria desde 26 de dezembro, quando começou o trabalho de uma missão de observadores árabes no país. O Conselho de Segurança da ONU não consegue chegar a um consenso sobre uma resolução condenando a repressão dos protestos na Síria, devido à oposição da Rússia, aliada de Assad e contrária a qualquer condenação, e da China.

Na próxima segunda-feira (30), o secretário-geral da Liga Árabe, Nabil al-Arabi, vai a Nova York explicar ao Conselho de Segurança o novo plano árabe para resolver a crise. O plano prevê que Assad entregue o poder ao seu vice “de maneira pacífica”.

O regime já antecipou que é contra a proposta. Enquanto isso, as forças sírias lançaram uma nova ofensiva contra Duma, a 20 quilômetros da capital, que havia sido brevemente controlada por soldados desertores do regime no último dia 21. A violência dos confrontos já deixou oito mortos hoje, sendo quatro civis e quatro militares.

O governo de Assad é alvo de manifestações desde março do ano passado. Os críticos acusam Assad de não ser democrático e de violações aos direitos humanos. Há ainda denúncias de torturas, prisões e até crimes sexuais. 

(Com informações da Rádio França Internacional).