A instalação de usinas de processamento de cana-de-açúcar na última década em Mato Grosso do Sul resultou na geração de energia superior a 600 megawatts anuais. A utilização de sistemas alternativos de energia contribui para o ativo ambiental acumulado pelo Estado, aponta pesquisa realizada pela Empresa Brasileira de Pesquisas Agropecuárias (Embrapa) para medir a eficiência das cadeias produtivas locais no âmbito da sustentabilidade.

Os dados apresentados pelo chefe geral da Embrapa Gado de Corte, Oliveira Soares, compõem as experiências exitosas apresentadas no AgroBrasil, espaço da Confederação da Agricultura e do Brasil (CNA) durante a Rio + 20. Neste primeiro dia do evento o espaço foi ocupado pela Federação da Agricultura e Pecuária de MS (Famasul) com um ciclo de palestras enfocando iniciativas dos setores do turismo e agronegócio.

Entre os projetos de resultados sustentáveis expressivos estão o do novilho precoce, que reduziu em média um ano no ponto de abate de bovinos, e boi orgânico do Pantanal. Mas a geração de energia a partir de fontes alternativas apareceu em vários momentos das apresentações. “Mato Grosso do Sul está integrado ao sistema básico de energia. Com 24 usinas (de cana-de-açúcar) implantadas e funcionando, a energia poderá ser direcionada para o consumo através das linhas de distribuição”, enfatizou a secretária de Produção e Turismo (Seprotur), Tereza Cristina, durante abertura das apresentações na Rio + 20.

Entre os cases de sucesso apresentados, o projeto de cogeração de energia a partir de dejetos da suinocultura e bovinocultura também chamou a atenção do público presente na Rio + 20. “Vamos ser grandes produtores de energia. O sistema torna as propriedades autossuficientes e vai transformar o Pantanal em uma região mais agro ecológica ainda”, afirma o coordenador da iniciativa, Marco Aurélio Candia Braga.

Durante o evento foi lançado o livro “Agronegócio com sustentabilidade: a eficiência das cadeias produtivas de agronegócio de MS”, resultado de pesquisa pioneira da Embrapa Gado de Corte para medir a eficiência das cadeias produtivas de MS na última década.

A pesquisa apontou que a ocupação de 1 milhão de hectares de solo, destinados anteriormente à criação de gado, com florestas plantadas e cana-de-açúcar em Mato Grosso do Sul nos últimos anos é um dos fatores que colaboraram para diminuir a emissão de CO2 e aumentar o sequestro de carbono no Estado. De 2006 a 2010, as florestas plantadas capturaram 1,2 milhões de toneladas anuais de CO2, contribuindo para o ativo ambiental que o Estado acumula.

O sistema de integração lavoura-pecuária-floresta também foi apontado como pilar da produção sustentável no Estado. “Como atende à demanda mundial por alimentos de modo consciente? Talvez fazendo como Mato Grosso do Sul tem feito nos últimos dez anos”, afirmou Soares categoricamente ao final de sua palestra.