Professor de Medicina na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul e da Uniderp, o Doutor Élder Yanaze Oda é formado há sete anos e atua como neurologista há três. Em entrevista ao Midiamax, ele explicou as principais dúvidas sobre a polêmica aprovação do aborto de anencéfalos pelo STF (Supremo Tribunal Federal) nesta semana.

Midiamax: Qual a possibilidade de sobrevivência ou tempo máximo de vida de um bebê anencéfalo? Conhece algum?

Élder: Quando o bebê nasce anencéfalo significa dizer que ele não tem o cérebro nem a calota craniana. A permanência de vida desses bebês é muito difícil, para não dizer impossível, mas há relatos de casos excepcionais na medicina. Particularmente, desconheço qualquer caso. Ou a criança já nasce morta ou sobrevive por alguns momentos.

Midiamax: Há como evitar a anencefalia do feto?

Élder: A indicação médica é de que mulheres que queiram engravidar procurem o ginecologista e converse com ele, faça exames. Estudos comprovam que a ingestão de ácido fólico, presente em alimentos como verduras, legumes, grãos integrais e, no Brasil, na farinha de trigo que é enriquecida pelo ácido por Lei.

Midiamax: A anencefalia é hereditária ou genética?

Élder: Não. As causas da anencefalia são ainda estudadas, mas não completamente conhecidas. A ingestão do ácido fólico é comprovadamente uma maneira de se evitar casos de fetos anencéfalos.

Midiamax: Quando é possível ter um diagnóstico de anencefalia no feto?

Élder: A partir da 16°semana de gestação, pelo exame de ultrassom. O feto já está em um estágio avançado de formação, o que aumentam os riscos no aborto para a mulher.

Midiamax: O aborto é encarado como pelos médicos neurologistas?

Élder: O aborto agora é um direito de escolha da mãe. Acho que a grande preocupação sempre foi como poderia afetar uma mãe ver seu vilho nascendo morto ou vê-lo morrer horas depois do parto, assim como existem mães que queiram manter a gestação para doar os órgãos dos filhos. O STF decidiu pelo direito de escolha e não pela morte em si.