O ministro de Defesa da Síria, Daoud Rajha, e seu vice, Assef Shawkat, cunhado do presidente Bashar al-Assad, foram mortos nesta quarta-feira por um atentado ocorrido durante uma reunião do alto escalão da segurança na capital Damasco, disse a TV estatal, numa semana em que o conflito chegou definitivamente ao coração do poder no país árabe.

A TV síria disse que “a explosão terrorista que teve como alvo o edifício da segurança nacional, em Damasco, ocorreu durante uma reunião de ministros e de vários chefes de agências (de segurança)”. Em uma transmissão ao vivo, a emissora anunciou ainda a “martirização do vice-ministro de Defesa, general Assef Shawkat”.

O canal libanês Al Maydeen disse que vários outros funcionários de alto escalão foram mortos no ataque, e que há batalhas acontecendo nos arredores do palácio presidencial.

Ativistas ouvidos por telefone disseram que a Guarda Republicana interditou os acessos ao hospital Shami, perto do local da explosão, na zona norte de Damasco, o que indica que há funcionários graduados entre os feridos.

Após 16 meses de revolta contra o presidente Assad, o conflito na Síria se estendeu desde domingo para a capital, e os combates se intensificaram nesta quarta-feira.

Um quartel do Exército próximo ao “Palácio do Povo” –um enorme complexo de aspecto soviético, com vista para a capital, no bairro de Dummar (zona oeste)– foi alvejado por volta de 7h30 (1h30 em Brasília), segundo ativistas e um morador.

“Pude ouvir o som de armas de fogo pequenas e explosões ficando cada vez mais altas, vindo na direção do quartel”, disse por telefone, de Dummar, a arquiteta Yasmine.

O vídeo divulgado por ativistas parece mostrar fogo no quartel durante a noite, como resultado de um ataque de morteiros, mas moradores que firam o incêndio afirmaram não ter escutado explosões.

Dummar é uma área muito protegida, onde funcionam anexos do palácio presidencial e quartéis a poucas centenas de metros do palácio propriamente dito.

Houve confrontos durante a noite em pelo menos quatro outros bairros, habitados principalmente por muçulmanos sunitas, incluindo refugiados palestinos.

Assad e grande parte da elite governante da Síria pertencem à seita minoritária alauita, uma variação do islamismo xiita. Esse grupo domina o país desde o golpe de Estado de 1963.

Recentes deserções indicam que o regime está começando a se esfacelar. Dois generais de brigada estão entre os cerca de 600 sírios que fugiram para a Turquia durante a noite, disse uma autoridade turca na quarta-feira. Estima-se que haja agora 20 generais sírios (inclusive um da reserva) refugiados na Turquia.