Família Schürmann planeja enviar robô para analisar submarino alemão

A equipe comandada pela família Schürmann que encontrou na última quinta-feira (14), em Santa Catarina, o submarino alemão da Segunda Guerra U-513, conhecido como Lobo Solitário, contou que a nova etapa da expedição é enviar um robô a 135 metros de profundidade para filmar e talvez até entrar no navio, com o objetivo de descobrir […]

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A equipe comandada pela família Schürmann que encontrou na última quinta-feira (14), em Santa Catarina, o submarino alemão da Segunda Guerra U-513, conhecido como Lobo Solitário, contou que a nova etapa da expedição é enviar um robô a 135 metros de profundidade para filmar e talvez até entrar no navio, com o objetivo de descobrir quais segredos guarda essa relíquia mundial.

O Lobo Solitário passou os últimos 68 anos intocado no fundo do mar e foi localizado a 85 quilômetros ao leste de Florianópolis, mas o ponto exato é sigiloso. “Temos um tesouro histórico, fantástico, e é exatamente por isso que estamos guardando a posição a sete chaves, para ninguém tocar nele até podermos registrar as primeiras imagens oculares”, explicou o filho e cineasta David Schürmann.

A família Schürmann já deu duas voltas ao mundo a bordo do veleiro Aysso, mas desta vez teve que se aventurar também por terra e ar, durante dois anos. “Andamos muito de avião e carro. Fomos para os Estados Unidos, onde fizemos uma pesquisa bem extensa nos arquivos secretos de guerra, e para a Alemanha, onde visitamos o Museu U-Boat para ver tudo o que havia”, contou a matriarca Heloísa Schürmann.

De acordo com ela, as pesquisas foram muito importantes para a descoberta do diário de bordo do navio que resgatou os sobreviventes do submarino. A partir daí, foi possível ter uma ideia de onde estava o U-513.

O desafio incluiu vasculhar o submarino por uma área de 200 quilômetros quadrados, o que exigiu muita pesquisa, paciência e tecnologia. Foram usados equipamentos como um magnetômetro, que identifica objetos de metal e dimensiona o tamanho e o peso exatos deles, e um sonar de varredura, que emite sons e capta o eco para formar uma espécie de ultrassom.

Segundo o oceanógrafo Lindino Benedette, pela leitura do magnetômetro foi calculado um objeto com peso entre 600 quilos e uma tonelada. “O submarino alemão tem exatamente 760 toneladas, então esse foi o primeiro indício para o achado”, disse.

Histórico do naufrágio

Durante a Segunda Guerra, dez submarinos alemães e um italiano foram bombardeados e afundaram no litoral brasileiro. O Lobo Solitário foi o primeiro e único encontrado até hoje.

Em junho de 1943, o U-513 patrulhava a rota Buenos Aires-Rio de Janeiro com a missão de afundar qualquer navio aliado. Dentro dele, havia 53 tripulantes, 22 torpedos e 44 minas. O submarino alemão tinha a fama de aterrorizar navios mercantes. Só na costa do Brasil, em menos de um mês, torpedeou e afundou três embarcações.

Em 19 de julho de 1943, um hidroavião americano decolou junto à costa de Florianópolis para localizar e abater o inimigo. Por horas, nada foi encontrado, até que, às 15h30, o piloto percebeu um ponto em alto-mar. Era o submarino, que navegava na superfície, e começou, então, um ataque antiaéreo.

Em uma atitude quase kamikaze, o avião deu um rasante a apenas 15 metros de altura e soltou seis bombas de 225 quilos cada. O choque levantou uma parede d’água no mar.

Duas bombas acertaram em cheio o casco do Lobo Solitário, que afundou em poucos minutos. Apenas sete tripulantes que estavam no convés sobreviveram, graças a um bote lançado pelo próprio avião que fez o ataque.

“Muita gente não imaginava que isso aconteceu efetivamente e que havia uma estratégia de guerra global. Isso incluía o patrulhamento da nossa costa e de toda essa região que era rota de passagem de navios com mantimentos, matéria-prima e uma série de materiais que eram importantes para os aliados”, disse o jornalista e pesquisador Roberto Sander, autor do livro “O Brasil na mira de Hitler – A História do afundamento de navios brasileiros pelos nazistas”.

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