Pesquisa realizada pela Federação do Comércio do Estado do Rio de Janeiro (Fecomércio/RJ), em 70 cidades do país, incluindo nove regiões metropolitanas, verificou que 14% dos brasileiros aproveitaram o incentivo dado pelo governo de redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para adquirir algum bem.

O percentual equivale a cerca de 20 milhões de pessoas. A redução do IPI para automóveis termina amanhã (31).

O economista da Fecomércio/RJ Christian Travassos disse hoje (30) que a questão do preço se revelou importante na pesquisa. “Mais da metade dos brasileiros consultados afirma que a principal razão que os leva a consumir um produto está exatamente no preço. Então, por conta da redução do IPI incentivar esse tipo de consumo, 71% dos entrevistados afirmaram que o governo deveria manter a redução do IPI ou estender a outros itens”, disse.

A pesquisa também identificou que 53% dos brasileiros priorizaram o preço como fator decisivo na hora de ir às compras, 39% apontaram a qualidade e 5%, a marca.

Destinada a avaliar o comportamento do consumidor no final de 2009 e no início deste ano, a pesquisa da Fecomércio/RJ mostra que o maior consumo foi observado no período em segmentos contemplados com a redução do IPI: material de construção, móveis e geladeiras, havendo uma diferenciação entre as classes de consumidores.

“A pesquisa apontou que, nas classes sociais A e B, o principal item consumido foi o carro. Já em relação à classe C, o material de construção ficou à frente. E, nas classes D e E, o principal item consumido por aqueles que aproveitaram a redução do IPI foi a geladeira”, observou o economista.

A redução do IPI foi mantida pelo governo para o setor de móveis, com alíquota de 5% a partir de 1º de abril. Até amanhã, os móveis, que antes da desoneração eram taxados a 10% estão isentos do imposto. “O governo, ao nosso ver, entende de maneira importante, nesse momento, o papel do consumo das famílias, do comércio de bens e serviços para o giro da economia. Foi o principal amortecedor dos efeitos da crise e colaborou para que a economia voltasse a crescer, principalmente no último trimestre de 2009”.

Na avaliação do economista da Fecomércio/RJ, não há risco de um recuo significativo na arrecadação se houver continuidade da desoneração porque há uma natural compensação com o aumento das vendas.

Travassos destacou, ainda, que em dezembro do ano passado, as três principais taxas de variação do varejo naquele período foram de segmentos incentivados pela redução do IPI. “Então, fica clara a correlação da isenção, não só pelo resultado do varejo, mas pelo que responde o consumidor.”