“Essa ação dele comprova o título do meu texto censurado, que era O Dono do Mundo. O André acha que o dinheiro e o poder podem tudo, mas eu estou tranquilo com minha postura e com o que escrevi”

O TRE-MS concedeu uma liminar na noite desta segunda-feira (9) para a coligação “Amor, Trabalho e Fé” exigindo a retirada do ar de um artigo enviado pelo leitor e jornalista Valdir Cardoso e publicado na seção “Ponto de Vista” do jornal Midiamax. O jornal foi comunicado por fax às 18h43 e a ordem judicial cumprida de imediato..

No pedido que apresentou ao TRE-MS, a coligação chamou o texto de Valdir Cardoso de “pseudoartigo” e alegou que o autor estaria atacando a “honra subjetiva” do governador e candidato à reeleição André Puccinelli (PMDB).

O autor, Valdir Cardoso, considerou a atitude da coligação um atentado contra seu direito constitucinal de livre expressão. “Essa ação dele comprova o título do meu texto censurado, que era O Dono do Mundo. O André acha que o dinheiro e o poder podem tudo, mas eu estou tranquilo com minha postura e com o que escrevi”, disse.

A direção do Midiamax, que em oito anos nunca havia recebido esse tipo de imposição judicial, explicou que, mesmo com o fato de as opiniões estarem dentro de um artigo enviado por um leitor, a ordem foi imediatamenta acatada. “Decisão judicial é para ser cumprida. Agora, nossa assessoria jurídica tomará as medidas cabíveis”, explicou Carlos Eduardo Naegele, diretor do jornal.

Segundo Cardoso, ele vai recorrer. “Fui deputado e prefeito de Campo Grande, e sou considerado burro porque sou pobre, mas tenho total liberdade para escrever e provar o que escrevo. O Puccinelli deve ter ficado bravo porque eu contei no texto que o governador de MS é desonesto, mas quem diz isso é uma ministra do STF, que pediu à nossa Assembléia Legislativa autorização para processar ele por evasão de divisas, por enriquecimento ilícito. Enquanto isso não for investigado, porque os deputados não deixaram, eu vou dizer todo dia que para mim o Puccinelli é desonesto”, argumenta.

O advogado da Coligação Amor, Trabalho e Fé, Paulo Tadeu Haendchen, disse que a intenção é ainda entrar com uma ação de reparação de danos a ser promovida no foro cível.

“E nem adianta o André querer cobrar multa de cinco mil reais de mim por dia, porque eu nem ganho tudo isso num mês. Se ele quiser esse dinheiro, vai esperar o resto da vida. Eu sei que quem acusa tem o ônus da prova, e eu provo o que falo. Minha testemunha é a própria ministra. Se ele não fosse desonesto, porque teria evitado a investigação e o processo por enriquecimento ilícito através dos deputados que negaram a autorização pedida pela Justiça?”, conclui Valdir Cardoso.