Para lapidar os músculos, investimento chega a R$10 mil e rotina é segredo de fisiculturistas

Se você está acostumado a dar aquele confere em páginas de notícias ou nas redes sociais, nos últimos anos com certeza já se deparou com o nome ‘Ramon Dino’ por aí. Destaque internacional e ‘hypado’ na internet, o brasileiro ganhou fama ao se consagrar campeão mundial de fisiculturismo, e romper a ‘bolha’ do próprio nicho, levando a cultura do esporte até para quem nunca pisou em uma academia. 

Em Mato Grosso do Sul, discípulos do fisiculturismo também se destacam, no entanto, ainda precisam lidar com a progressão lenta da área que fez Dino milionário em número de fãs e em saldo na conta bancária.

No esporte, atletas de diferentes idades disputam quem tem a melhor simetria, volume e tamanho dos músculos, desempenho obtido pela associação progressiva de atividade física, alimentação e, em alguns casos, os hormônios, que garantem um ‘up’ nos ganhos. Você pode até não entender muito sobre esse universo, mas já deve ter visto o astro Arnold Schwarzenegger em alguma performance exibicionista. 

Hoje, quem vê o corpo escultural da jovem, não imagina a rotina puxada que começa antes mesmo do sol raiar, às 4h30 da manhã.

“Além de atleta eu sou personal, então, chego na academia às 6h da manhã e só volto para casa por volta das 19h30. Nesse período encaixo o momento de fazer minhas refeições, me preparar psicologicamente para treinar e tento encontrar uma pausa para o cardio. O mais difícil é justamente isso, manter a constância de fazer todo dia um pouquinho, e conciliar com a correria do dia a dia. ”, detalha.

Para dar conta de tudo, planejamento é o grande aliado, especialmente quando o assunto é alimentação. “Eu tento fazer uma quantidade de comida que dure pelo menos entre três e quatro dias. Tem vezes que fico até 10h da noite cozinhando”, conta. 

O básico que funciona 

No cardápio, a fisiculturista garante que não há segredo. “É comida básica. Na minha rotina eu como pão, ovo, fruta e iogurte no café da manhã. No almoço é arroz, legumes, carne…. É o básico, o básico que funciona”, revela. 

 Em setembro do ano passado Rafaela participou de um campeonato de fisiculturismo pela primeira vez e já se destacou entre as melhores. Em novembro deste ano, ela voltará aos palcos para uma nova disputa.

No período de preparação, a atleta afirma que os gastos chegam a R$ 10 mil, no entanto, o retorno financeiro é irrisório perto do que se investe. Ainda assim, Rafaela acredita que ser mulher no fisiculturismo vai além de ser uma realização pessoal: é um ato de resistência. 

“O fisiculturismo feminino vem crescendo bastante e isso é muito bom, porque faz com que as mulheres tenham mais consciência do esporte, que tenham mais vontade de cuidar do corpo e da forma como se veem. Sempre existem aquelas frases cheias de preconceito dizendo que mulher com músculos é feia, que parece homem ou que mulher que treina fica muito grande. São comentários maldosos sobre o corpo de outra pessoa e isso é algo que precisa ser combatido”, pontua.

“A minha expectativa é que a gente consiga trazer ainda mais profissionalismo, e que as pessoas possam olhar o esporte de uma forma mais bela, e que evidencia o lado feminino e sensual da mulher”, finaliza. 

Promessa de MS 

Com apenas 22 anos, Lucas Calixtro é uma promessa do fisiculturismo de Mato Grosso do Sul. De São Gabriel do Oeste, no interior do Estado, o jovem veio para Campo Grande em busca de oportunidades e já tem trilhado um caminho de vitórias.  

Em 2023, ano em que estreou no esporte, Lucas se classificou campeão absoluto e levou para casa quatro títulos de um campeonato local. Neste ano, voltou aos palcos e das três categorias em que se inscreveu, foi campeão em duas e terceiro lugar em outra.

“Eu cheguei lá meio desacreditado, achando que nem conseguiria nada. Quando comecei a ganhar peguei mais confiança. Foi bem bacana”, comenta. 

Para competir, o atleta explica que a preparação leva em torno de seis meses, período dividido em duas etapas: o bulking e o cutting.

“O bulking é a fase de ganho, e o cutting é a fase de perder gordura. Então, basicamente, em uma você ingere mais comida e faz o superávit calórico, que é comer mais calorias do que o corpo gasta. No outro, é o momento da lapidação dos músculos adquiridos. No meu caso, eu não posso comer muitas calorias porque sou um atleta que bate peso, tenho que manter na faixa dos 115 quilos. Agora, os atletas que são de categoria mais pesada ingerem questão de 7 mil, 6 mil calorias por dia de comida limpa”, explica.

Além da rotina de treinos diários, dieta definida e descanso de qualidade, Lucas afirma que ter o suporte de bons profissionais e cuidar da saúde mental são fatores decisivos para o bom desempenho. 

“Você tem que ter um bom treinador que entenda de dieta e também conhecer seu próprio físico.  Se você pega um treinador leigo, que não sabe manipular a dieta e passa menos comida do que você precisa, isso começa a gerar questões de estresse e até compulsão alimentar”, pontua.

“O estresse influencia bastante, gera o cortisol e isso deixa a pessoa ansiosa. Uma pessoa ansiosa vai buscar dopamina na comida, no doce e isso causa bastante furos na dieta do atleta. Eu procuro fazer meditação, leitura e isso ajuda bastante”, afirma.   

Assim como Rafaela, mesmo com as vitórias e todo o empenho, o atleta ainda não consegue viver apenas do fisiculturismo. No entanto, para quem já está no caminho dos palcos, o sonho de crescer e se destacar entre os melhores é motivação diária. “Eu estou trabalhando pra isso. Visando campeonatos, conseguir títulos e ganhar visibilidade”, conclui. 

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