Que o esporte é uma ferramenta de inclusão para todas as pessoas é algo já consagrado por toda a sociedade. Não há, porém, como contar histórias como as de Gabriel Rodrigues e Hellen Machado sem se impressionar.

Eles são judocas de alto rendimento de Campo Grande e irão representar o Brasil em uma competição na Geórgia. Suas trajetórias se tornam particulares pelo fato de serem cegos e terem no esporte sua grande motivação de vida.

No caso de Helen, que tem 20 anos, o esporte tem aberto portas, como a do ensino superior.

“O judô abriu muitas portas na minha vida, como viagens nacionais e internacionais, onde conheci culturas e pessoas, assim como pude ingressar na faculdade na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul”, contou a atleta.

A família é um dos principais fatores que tem conduzido os atletas à competições nacionais e internacionais, onde mesmo ainda jovens, tem conseguido destaque e projeção para lutarem por uma vaga paralímpica no próximo ciclo.

“Meus pais são minha grande parceria, me ajudam com alimentação, quando tenho que manter ou perder peso para competições, eles me ajudam como incentivo e estímulo, um apoio primordial”, afirmou Gabriel, que tem 16 anos. “Isso é muito importante, porquê o judô para mim é tudo, quando perdi a visão pude conhecer o esporte e ele tem me ajudado a superar minhas dificuldades”, contou o adolescente.

Competição nos Estados Unidos

Tanto Helen, como Gabriel, viajam nesta semana para a Georgia, na Europa, onde irão disputar o Grand Prix de Judô, que será realizado nos dias 18 e 19 de maio. Este torneio será o último torneio qualificatório para os Jogos Paralímpicos de Paris 2024.

Mesmo que não lutem por vaga em Paris, o sonho de representar o Brasil em uma Paralimpíadas já está no horizonte de ambos e poderão realizá-lo na edição de Los Angeles, em 2028. Ambos são campeões parapanamericanos em competição realizada em 2023 na Colômbia, além de diversas conquistas estaduais e nacionais.

A treinadora dos atletas, Ane Thalita Silva, destaca que o judô é um esporte que possibilita aos atletas cegos tanto o alto rendimento, como a inclusão, integração e motivação diante dos obstáculos que eles tem que enfrentar no dia a dia.

“No Ismac temos esse projeto de judô que começou como ferramenta de inclusão e reabilitação, que tem colhido frutos esportivos como consequência, mas a instituição acredita que o judô pode contribui com a autonomia destas pessoas, recuperando até de situações de depressão, dando novas pesrpectivas e sonhos para eles”, destacou.

Depois da competição internacional na Geórgia, Helen e Gabriel voltam ao país e integram a equipe do Ismac Instituto Sul-mato-grossense para Cegos, na disputa do Grand Prix de São Paulo, entre os dias 19 e 21 de maio, com mais 15 atletas da Capital e também de Três Lagoas e Coxim.