Faxineiras e merendeiras, desempregadas, reclamam

Com dificuldades financeiras e sem emprego em plena crise, muitos procuraram o concurso do Governo do Estado de Mato Grosso do Sul para vagas de agente de limpeza e merenda, que exige nível fundamental, como opção para sair do aperto e garantir uma colocação segura em cargo público.

Mas o que os 330 convocados para inspeção médica e posse nesta sexta-feira (26) no Diário Oficial do Estado não esperavam era que os exames devem ficar em R$ 1,5 mil, segundo levantamento do Jornal Midiamax. O valor será pago para posse de vagas de agente de limpeza e merenda, com salários de R$ 847,50. Para assistente escolar, o salário é de R$ 1.050,90, com exigência de nível médio.

Após a divulgação da convocação, muitos candidatos entraram em contato com o jornal para reclamar dos valores. Sem plano de saúde, os exames custam muito caro para quem sequer tem emprego. Outro “absurdo”, segundo eles, é que a posse só deverá acontecer em Campo Grande, conforme o edital.

“Moro no interior, longe de Campo Grande, e terei que ir para a Capital tomar posse? Os exames e as passagens dão dois meses de trabalho do salário do concurso, isso é um absurdo. Vou perder a vaga, como muita gente, por não ter como ir”, lamenta uma das candidatas convocadas que sonhava com o fim do desemprego após passar no concurso.

Exames

Um levantamento feito pelo Jornal Midiamax nesta sexta-feira (26) aponta um gasto de R$ 1.532,80 para os exames de raio-x (de acordo com a tabela social), de sangue (levando-se em conta a tabela para concurso existente em alguns laboratórios), toxicológicos e avaliações médicas com oftalmologista e psiquiatra, para avaliações feitas em Campo Grande.

Exames como ultrassom de articulações só são feitos em dois locais na Capital. Candidatos do interior ainda teriam que se descolar para fazer as avaliações, que não podem, também, ser feitas a mais de 30 dias da data da inspeção médica.

Fetems e Governo

Diretor da Secretaria dos Funcionários Administrativos da Fetems (Federação dos Trabalhadores em Educação de Mato Grosso do Sul) Wilds Ovando declarou que a Federação não fez o levantamento de quanto ficariam os exames e que ainda não se atentou para a questão.

“Mas somos totalmente contra. A pessoa já está desempregada, precisa assumir a posse e não terá condições de custear os exames. Acaba entrando quem tem como pagar. Uma solução seria o governo oferecer os exames e, após assumir o concurso, ir descontando do candidato. Vamos discutir isso com a administração”, afirmou. 

Em nota, a Secretaria de Administração do Governo do Estado informou que a realização dos exames é uma regra para todos os servidores convocados pela administração para desempenhar função por meio de concurso público. “Boa parte dos exames pode ser realizada pelo SUS”, informou o governo. 

“A informação da realização da bateria de exames, caso o cidadão seja convocado, consta no edital de concurso nos itens 3.1 e 12.1 a 12.6 do edital 1/2013 SAD/SED/ADM/2013, ou seja, todos os candidatos são informados do procedimento que será adotado antes da realização da inscrição. Importante registrar que a determinação está estabelecida no artigo 20 da Lei 1.102 de 10 de outubro de 1990 e que a administração estadual estaria infringindo a Lei, caso não solicitasse a realização dos exames”, finaliza.