Para advogada, forma que a empresa agiu pode gerar dano moral

Candidatos a vagas de vigilantes reclamam que a empresa Centurião Segurança Patrimonial, recém-instalada em Campo Grande, constrange os profissionais durante entrevista de trabalho. De acordo com os candidatos, durante a entrevista, eles foram obrigados a prestar continência, tratar os entrevistadores com comandos militares como ‘sim senhor’ e ‘não senhor’. Além disso, reclamam de terem sido obrigados a entregarem antecedentes criminais, eleitorais e militares, autenticados em cartório, para depois não serem contratados.

Para Carlos Alberto Romero, 38 anos, vigilante, há abuso da empresa na hora da entrevista. “Eles fazem passar por constrangimento, desde posição de sentido, sim senhor e ainda dão meia hora para os candidatos saírem em busca de antecedentes criminais e autenticidade em cartório de cópias de documentos”, critica.

Segundo ele, a empresa deixa a entender que irá contratar e os trabalhadores, na expectativa de saír da fila do desemprego, investem nas exigências para depois serem informados que não entrarão para o quadro de funcionários.

Quem também se irritou com a situação foi Sérgio Roberto da Rocha, 37 anos, vigilante. Ele diz ter se sentido humilhado com as exigências. “É muita humilhação. Quando a pessoa esta desempregada ela vai entregar currículo, esperar entrevista, até ai tudo bem. Mas a pessoa chama para entrevista, diz que você vai fazer uma prova, você passa e é avaliado como apto para ser contratado, pedem toda a documentação, autenticada no cartório, e depois nada?”, critica.

Segundo ele, foram solicitados antecedentes criminais, militares e eleitorais. Ele diz ter levado toda a documentação e no momento da entrega recebeu a informação de que não havia garantia de que seria contratado. “Tem gente que até medida do uniforme tirou, para depois não chamarem a pessoa. Isso mexe com o psicológico da gente”, reclama.

Ainda conforme o vigilante, quando foi reclamar foi maltratado, e só devolveram o dinheiro gasto com o cartório, após ele ameaçar procurar o Ministério do Trabalho.

Para a advogada especializada em Direito Trabalhista, Priscila Arraes Reino, a forma com que a empresa agiu pode gerar dano moral. “Se gerou a expectativa de contratação e foram obrigados inclusive a correr atrás de certidões e informados que seriam contratados pode gerar dano”, diz.

Ele explica que os participantes do processo podem procurar o advogado de confiança ou ir à Justiça do Trabalho e acionar sem advogado. Outra medida é procurar sindicato da categoria.

Presidente do Sesvig/MS (Sindicato dos Empregados em Empresas de Segurança e Vigilância de Transporte de Valores de Campo Grande e Região), Celso Adriano Gomes da Rocha, 35 anos, diz que a única reclamação que chegou ao sindicato foi quanto à questão dos gastos com cartório, e que na visão do sindicato, isto é uma questão administrativa da empresa. “A única questão que teve lá é a cobrança que estão fazendo de cartório em registro. É uma empresa que está vindo ai. Uma prática administrativa da empresa. O que posso declarar é que não chegou nada desse tipo”, diz.

Sobre as outras reclamações ele diz que o sindicato não foi informado oficialmente do caso, mas que diante das informações passadas pela reportagem irá encaminhar a reclamação.

Outro lado

A reportagem procurou a empresa em Campo Grande que diz não ser autorizada a falar do assunto. A matriz, em São Paulo, também foi contatada por telefone e e-mail e ficou de responder aos questionamentos, mas até o momento da publicação desta matéria não chegaram as respostas.