Juros: Taxas sobem com leitura negativa da pesquisa Focus e cautela no exterior

Os juros futuros estiveram em alta nesta sessão mais curta pós-carnaval, refletindo tanto o ambiente internacional quanto a leitura da pesquisa Focus, que trouxe piora nas medianas de IPCA O mercado local ainda teve de se ajustar ao mau humor externo tanto de ontem quanto de hoje, com a perspectiva negativa sobre a condução da […]

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(Agência Brasil)

Os juros futuros estiveram em alta nesta sessão mais curta pós-carnaval, refletindo tanto o ambiente internacional quanto a leitura da pesquisa Focus, que trouxe piora nas medianas de IPCA O mercado local ainda teve de se ajustar ao mau humor externo tanto de ontem quanto de hoje, com a perspectiva negativa sobre a condução da política monetária do Federal Reserve, hoje reforçada pela ata da reunião de fevereiro. Dado que a curva havia devolvido prêmios na semana passada, havia espaço para uma realização parcial de lucros.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2024 fechou em 13,39%, de 13,24% no ajuste de sexta-feira, e a do DI para janeiro de 2025 subiu de 12,52% para 12,66%. O DI para janeiro de 2027 terminou com taxa de 12,93%, de 12,83%, e a do DI para janeiro de 2029 avançou de 13,17% para 13,29%.

A curva subiu praticamente em bloco, com o trecho intermediário um pouco mais pressionado que os demais, depois da forte deterioração nas expectativas de inflação de longo prazo no Focus. A mediana para 2023 subiu 10 pontos-base, para 5,89% e a de 2024, ano de destaque no horizonte de política monetária, variou menos, de 4,00% para 4,02%. Já a mediana de IPCA em 2025 disparou de 3,60% para 3,78%, ainda mais distante da meta central de 3,00%. A de 2026, ano que ainda não tem meta estipulada, disparou 20 pontos, para 3,70%.

“Além das incertezas no campo fiscal ou com relação ao atual nível de ociosidade da economia, as pressões do mundo político sobre o Copom – em especial do presidente Lula – geram um efeito negativo sobre as expectativas de inflação”, afirma a analista da Tendências Consultoria Luiza Benamor, que aponta ainda a expectativa de reoneração dos combustíveis como outro fator a justificar os movimentos.

As medianas para a Selic não acompanharam a piora das medianas de IPCA, com exceção da de 2026, que subiu de 8,50% para 8,75%. As previsões para o fim de 2023 (12,75%), fim de 2024 (10,00%) e fim de 2025 (9,00%) foram mantidas.

Nas mesas, a leitura combinada das trajetórias das medianas de IPCA e de Selic passa pela percepção de que, cedo ou tarde, a metas de inflação para 2024 e 2025 serão ajustada para cima e as de horizontes adiante, definidas em patamar mais elevado do que 3%, cabendo assim uma política monetária mais frouxa.

Do mesmo modo, o quadro da Focus também reflete as incertezas sobre o processo de trocas na diretoria do BC, na medida em que os mandatos dos atuais ocupantes forem vencendo.

O clima externo vem pesando desde ontem pelo pessimismo sobre a economia americana, dada a sinalização do Federal Reserve de que pode sacrificar a atividade em prol de colocar a inflação na meta de 2%. Os dirigentes da instituição já vinham alertando sobre isso nos últimos dias e hoje o recado foi endossado pela ata da reunião de fevereiro, antecipando que os aumentos contínuos de juros são apropriados para atingir os objetivos. A ata admite que “um crescimento abaixo da tendência seria necessário para reduzir a inflação” e traz ainda que alguns dirigentes defenderam aumento de 50 pontos-base no juro.

Depois da ata, o yield da T-Note de dez anos, que mais cedo rodava abaixo de 3,90%, voltava a 3,92% no fim da tarde e o petróleo acelerou a queda para mais de 3%, ajudando a reverter o ajuste em baixa do câmbio por aqui.

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