Juros: Ajustes retiram pressão, taxas curtas ficam de lado e longas caem
O mercado de juros buscou uma melhora no período da tarde, com as taxas zerando a alta inicial e fechando com queda moderada a partir dos vencimentos intermediários, em movimento considerado essencialmente técnico, uma vez que o noticiário não trouxe novidades que justificassem maior alívio na curva. Tampouco houve melhora no comportamento dos Treasuries, com […]
Agência Estado –
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O mercado de juros buscou uma melhora no período da tarde, com as taxas zerando a alta inicial e fechando com queda moderada a partir dos vencimentos intermediários, em movimento considerado essencialmente técnico, uma vez que o noticiário não trouxe novidades que justificassem maior alívio na curva. Tampouco houve melhora no comportamento dos Treasuries, com a taxa da T-Note de dez anos rodando acima dos 3,60%, refletindo uma correção das apostas de corte de juros nos Estados Unidos em 2023 pelo Federal Reserve. Internamente, a cautela se justifica pela nova piora nas medianas do Boletim Focus e mais uma rodada de críticas do presidente Lula ao trabalho do atual Banco Central.
A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2024 fechou em 13,79%, de 13,77% no ajuste de sexta-feira e a do DI para janeiro de 2025 passou de 13,22% para 13,19%. A taxa do DI para janeiro de 2027 caiu de 13,12% para 13,06% e a do DI janeiro de 2029, de 13,29% para 13,21%.
As taxas estiveram em alta desde a abertura até meados da tarde, quando a pressão começou na perder força e os ajustes de posição forçaram uma inversão de sinal, para queda. Nas mesas de renda fixa, profissionais destacam que a taxas subiram muito após o comunicado do Copom e o relatório de emprego nos Estados Unidos, deixando os prêmios atrativos aos aplicadores.
O economista-chefe da Barra Peixe Investimentos, Rafael Leão, destaca que nos últimos dias as taxas retornaram ao patamar de um mês atrás em função da incerteza sobre qual será a âncora fiscal a substituir a regra do teto de gastos, da piora das expectativas de inflação e da discussão sobre as metas. “Até que se defina a nova regra, deve haver bastante volatilidade nos trechos intermediário e longo da curva”, disse. Além da definição do novo arcabouço, outro potencial vetor de alívio nos prêmios é a melhora do câmbio, com o fluxo esperado para Brasil, segundo ele.
Enquanto isso, mesmo com os prêmios bastante esticados, os movimentos de correção tendem a ser limitados num ambiente fiscal hostil e da escalada das expectativas de inflação. No Focus, a mediana para o IPCA de 2023 subiu para 5,78% e a de 2024, para 3,93%, ainda mais distantes das metas de 3,25% e 3,00%. Para 2025 e 2026 permaneceram em 3,50%. Após o alerta do comunicado do Copom, o mercado postergou a expectativa de corte da Selic este ano de setembro para novembro, para 13,00%, projetando 12,50% para o fechamento do ano.
Ao discursar na cerimônia de posso de Aloizio Mercadante na presidência do BNDES, o presidente Lula voltou à carga em relação às críticas à gestão do Banco Central, dizendo ser “uma vergonha” esse “aumento de juros” e que não há explicação para a taxa Selic estar no atual patamar. Questionou ainda o fim da Taxa de Juros Longo Prazo (TJLP) que balizava os financiamentos do BNDES e era fixada pelo governo federal, posteriormente substituída pela Taxa de Longo Prazo (TLP), definida pelo mercado. Abaixo das taxas de mercado, a TJLP era criticada pelos economistas por enfraquecer a potência da política monetária.
O recuo das taxas internas não teve respaldo do exterior, onde as curvas abriram. A taxa da T-Note de dez anos rodava a 3,63% no fim da tarde, cerca de 10 pontos-base acima do nível da sexta-feira. O mercado segue aparando otimismo sobre corte na taxa dos fed funds este ano, a partir dos indicadores econômicos nos Estados Unidos, especialmente o payroll forte de janeiro, e antes do discurso, amanhã, do presidente da instituição, Jerome Powell.
Aqui, o destaque nesta terça-feira é a ata do Copom. Analistas acreditam que o documento deve reforçar o alerta do comunicado em relação à desancoragem das expectativas e ao risco fiscal.
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