Crise nas Americanas preocupa funcionários e sindicato de Campo Grande vai ao MPT

Rede varejista enfrenta crise com rombo que ultrapassa R$ 41 bilhões

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Fachada das Lojas Americanas (Foto: Divulgação/Lojas Americanas)

A crise envolvendo a rede das Lojas Americanas, que apresenta rombo milionário e movimenta o mercado financeiro brasileiro, já preocupa o comércio de Campo Grande. Com seis lojas da rede só na Capital, a possibilidade de fechamentos e demissões em massa tira o sono de funcionários e levou o sindicato dos trabalhadores a procurar o MPT-MS (Ministério Público do Trabalho de Mato Grosso do Sul).

A rede de lojas entregou nesta quarta-feira à 4ª Vara Empresarial da Capital do Rio de Janeiro a lista de débitos e credores, o valor da dívida surpreende e ultrapassa os R$ 41 bilhões.

Conforme o presidente do Sindicato dos Empregados do Comércio, Carlos Santos, o setor ainda se recupera das demissões ocorridas após o fechamento de 10 lojas da Eletrosom no Estado. Agora, a preocupação se volta para as Americanas.

Funcionários de unidades das Americanas em Campo Grande relatam ao sindicato que estão sendo remanejados para outras lojas na área central, pois suspeitam que algumas vão fechar as portas. Apesar do alerta, não houve comunicação oficial da empresa sobre possíveis demissões.

“Por enquanto, não temos previsão de demissões aqui. O que nós temos escutado de funcionário é que ficarão apenas duas lojas, [mas] da empresa mesmo não foi falado nada. Lógico que a gente tem essa percepção que seria uma perda muito grande, já tivemos fechamento repetindo da loja Eletrosom, e trouxe muitos danos essa nossa família comerciárias”.

Diante da situação, o sindicato enviou um ofício ao MPT na tentativa de acalmar os empregados, entretanto, Carlos ressalta que o sindicato é apenas um órgão fiscalizador. “O papel do sindicato é denunciar e alertar as irregularidades para as autoridades”.

O Jornal Midiamax entrou em contato com a rede das Lojas Americanas, por email através da assessoria de imprensa, mas não obteve retorno até a publicação da reportagem. O espaço segue aberto para manifestação.

Recuperação lenta em empregos

O setor retorna de um ‘fôlego’ de novos empregos, fixos ou temporários, do final e começo de ano. Para o diretor-executivo do Sindivarejo-CG (Sindicato do Comércio Varejista de Campo Grande), Sebastião da Conceição, a possível demissão da mão de obra impacta no faturamento do mercado dos fornecedores.

“Nossas entidades do sistema comércio têm trabalhado na qualificação de mão de obra para ajudar aqueles que porventura não consigam se encaixar no mesmo segmento e querem se preparar para novos desafios”.

Bens desbloqueados

O juiz Luiz Alberto Carvalho Alves, da 4ª Vara Empresarial da Capital do Rio de Janeiro, atendeu ao pedido do Grupo Americanas e determinou o arresto e bloqueio dos valores do Grupo Americanas retidos pelo Banco Votorantim, no valor de R$ 200 milhões e pelo Banco Safra, de R$ 95 milhões. Os dois bancos descumpriram a determinação 4ª Vara Empresarial que, no dia 19 de janeiro, suspendeu todas as execuções financeiras contra o Grupo Americanas, quando foi deferido o processamento de recuperação judicial do grupo.

O juiz entendeu que os valores retidos pelos dois bancos poderiam colocar em risco o processo de recuperação do Grupo Americanas. “Há de se destacar que o comportamento das referidas instituições financeiras prejudica a formação e manutenção do capital de giro do grupo econômico em processo de recuperação”, escreveu o magistrado.

Entenda a crise das Americanas

Já nesta manhã, segundo o Portal Uol, as Americanas devem R$ 41.231.076.111,35 – desse total, R$ 109 milhões se referem a micro e pequenas empresas; R$ 64,8 milhões de créditos trabalhistas; e R$ 41 milhões de créditos quirografários. O documento destinado à Vara detalha que bancos, empresas de tecnologia e até fabricantes de chocolates estão listados.

A rede admitiu inconsistência contábil de R$ 20 bilhões no balanço. Pediu uma tutela cautelar para proteção à Justiça para evitar a antecipação de vencimento de dívidas, que chegam aos R$ 41 bilhões.

Embora o caos financeiro, as lojas continuam funcionando normalmente. No sábado (21), a empresa divulgou um comunicado aos clientes dizendo que está operando e não há riscos para as compras em todos os seus canais de atendimento.

A empresa frisa que nada mudou: “Seguimos abertos e prontos para suas compras e entregas, nas lojas, no site e no app. Somando os esforços do nosso time e das melhores soluções tecnológicas, vamos continuar dando acesso ao maior número de brasileiros e brasileiras às melhores ofertas, produtos e serviços. Então, se tem uma coisa que nada muda é que, por aqui, seguimos pensando e trabalhando por você.”

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