Taxas longas de juros disparam com maior pressão por retomada de auxilio
A curva de juros empinou nesta sexta-feira, fechando a semana nos maiores níveis de inclinação do mês desde o começo de dezembro e refletindo nova rodada de piora no risco fiscal e a disparada do dólar. O impacto das fortes declarações do candidato à presidência do Senado, Rodrigo Pacheco (MDB-MG), na quinta-feira, defendendo a volta […]
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A curva de juros empinou nesta sexta-feira, fechando a semana nos maiores níveis de inclinação do mês desde o começo de dezembro e refletindo nova rodada de piora no risco fiscal e a disparada do dólar. O impacto das fortes declarações do candidato à presidência do Senado, Rodrigo Pacheco (MDB-MG), na quinta-feira, defendendo a volta do auxilio emergencial e de que o teto de gastos não pode ser intocado, foi ainda maior nesta sexta com o anúncio do governo de São Paulo de que o Estado vai voltar à fase vermelha nas noites e fins de semana entre 25 de janeiro e 8 de fevereiro.
O fechamento parcial do comércio e serviços no período deve afetar a atividade, jogando ainda mais pressão para a retomada do benefício. Essa ideia também ganhou força com mais números negativos sobre a aprovação do governo de Jair Bolsonaro.
A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2022 fechou a sessão regular e a estendida em 3,38%, estável ante o ajuste anterior, e a do DI para janeiro de 2023 subiu de 5,132% para 5,18% (regular) e 5,17% (estendida). O DI para janeiro de 2025 terminou com taxas de 6,79% (regular) e 6,78% (estendida), de 6,625%, e a do DI para janeiro de 2027 avançou de 7,264% para 7,50% (regular) e 7,47% (estendida).
O spread entre os contratos de janeiro de 2022 e janeiro de 2027 subiu a 409 pontos-base, maior patamar desde 2 de dezembro de 2020 (416 pontos), enquanto o diferencial entre as taxas de janeiro de 2022 e janeiro de 2025 fechou nesta sexta em 340 pontos, maior desde 1º/12/2020 (344 pontos). Houve ganho importante na inclinação em relação ao dia anterior, quando os diferenciais nestas medidas haviam sido de 388 e 324 pontos respectivamente.
Na avaliação do Banco Fator, a curva mostra como a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom), que deveria resultar em menos spread entre os juros longos e curtos, ficou subordinada à nova percepção da atividade e ao risco fiscal. “Os dois movimentos se reforçam, pois, ao invés de menos demanda e menos inflação, o mercado vê mais risco de ‘populismo’ por parte de Bolsonaro”, afirma o banco.
A constatação dos agentes é de que o risco fiscal piorou muito nos últimos dias, com o cenário de retomada do pagamento do auxílio parecendo cada vez mais próximo de se concretizar, especialmente se, após a decisão do governo paulista, outras regiões do País forem pelo mesmo caminho. A questão é que não há espaço fiscal que respeite o teto de gastos a suportar tal medida.
“A conjunção de baixo crescimento e crise sanitária potencializada pela segunda onda vai tornar praticamente impossível a manutenção do teto”, afirmou o economista-chefe da Necton Investimentos, André Perfeito.
A implantação parcial da fase vermelha em São Paulo já traz viés negativo para as previsões do Produto Interno Bruto (PIB) do primeiro trimestre. O economista-chefe da MB Associados, Sérgio Vale, disse que sua projeção de queda de 0,1% na margem pode ser alterada para retração de 0,5%.
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