Todo começo de ano a correria para compra do material escolar de estudantes movimenta papelarias e lojas especializadas do ramo. O consumidor mais experiente busca alternativas para poupar o bolso nesse período, resistindo as estratégias de venda de lojistas no Centro de Campo Grande.

Em uma das lojas, a empresa contratou um palhaço para chamar a atenção de crianças e pais, outras aderem às promoções ou várias formas de pagamento. Até mesmo sorteio de um iPhone 14 é chamariz nessa época.

Gerente de uma loja na região, Thatiane Rodrigues, diz que a unidade prepara estoque o ano todo, considerando o retorno à sala de aula em janeiro e junho. Ela conta que notou redução na compra de mochilas, o que poderia ser um reflexo da reutilização, principalmente daqueles que não usaram durante a pandemia.

“Tem mochila a partir de R$ 49, caderno de 10 matérias por R$ 14,48, lápis R$ 0,30, borracha R$ 0,40… São itens mais usados. Sai muito a resma de papel sulfite, está por R$ 27,49. No começo de ano a gente se empenha mais, mas tem pais que já veem com lista pronta, não traz a criança. Geralmente, criança quer o mais caro, mas o pai pega e vai para o caixa. A média de compras esse ano é de R$ 300 a R$ 700”.

Andreia Teixeira foi até uma loja com a lista do ensino médio e fundamental entregue pela escola particular. Ela usou a tática de não trazer a afilhada para as compras, além de analisar o que deve substituir na listagem por itens mais em conta.

Lojas apostam até em sorteio (Alicce Rodrigues, Midiamax)

“Estão pedindo quatro metros de TNT, massa de modelos e jogos, acho que muitas coisas a criança nem usa. Minha saída é priorizar algumas coisas e não comprar produtos de marca. Também vejo variedades, não compro de primeira. Eu não trouxe ela, mas ela já me pediu um caderno de unicórnio com adesivos, a criança entra no mundo da fantasia nessa hora. Mas vou levar algo que dê para montar os adesivos e não levar os mais caros. Acho que vou gastar R$ 300 no meu orçamento”, relata.

Camile Neves, estudante do penúltimo semestre de medicina veterinária, não se assustou com os preços encontrados, mas tem como meta comprar apenas o que vai utilizar durante o ano letivo. “Estou vendo uns cadernos, caneta, adesivo de recado que uso muito. Para a universidade é pouca coisa, já tem os materiais na mochila. Vejo também que comprar em uma quantidade maior acaba reduzindo o preço”.

Lindelice Rodrigues de Matos foi às compras com a filha Gabriele, mas, por se desapontar com o preço alto, conta que costuma pesquisa e ver variedade de lojas para comparar os valores. “Tem que fazer pesquisa de preço, não dá para comprar no mesmo lugar. Também é bom olhar na internet e substituir alguma coisa. [Trouxe ela, mas] a gente consegue controlar e estabelecer um limite”, aconselha.

Consumidora dá dicas de economia (Alicce Rodrigues, Midiamax)

A economia desanima

A lojista especializada em mochilas, Estela Xhein, desabafa sobre o movimento em queda neste ano quando comparado ao ano passado. O local vende produtos de R$ 35 a acima de R$ 100.

“Minha esperança é quando voltarem as aulas melhore, está muito parado. Acredito que as pessoas estejam reaproveitando material que não usou no ano passado. Aqui no Centro, também desanima o cliente não ter lugar para estacionar. Na frente da minha loja, por exemplo, fica carro de funcionários da área central estacionado o dia todo”.