O programa que prevê redução no preço de carros novos populares no Brasil vem avançando rapidamente, com diversas montadoras solicitando os recursos disponibilizados para comercializarem veículos novos até R$ 10 mil mais baratos. Entretanto, a medida não deve afetar o mercado de usados em Campo Grande.

Há algumas semanas, o Governo Federal anunciou programa que busca reduzir o preço de carros populares no Brasil. Até o momento, nove montadoras já demonstraram interesse na proposta.

Assim, ao menos 31 modelos devem ter seus preços reduzidos, movimentando o mercado. Ainda assim, o marcado de usados deve ser pouco afetado em Campo Grande.

A reportagem visitou diversas garagens de veículos para conversar sobre o assunto e a resposta é unânime: “a medida deve demorar para impactar os usados”.

André Omito possui uma garagem de carros usados há 15 anos, para ele o público dos usados é distante daqueles que compram carros novos ou seminovos.

“Claro que existem aquelas pessoas que sempre vão preferir o novo, mas na maioria das vezes nossos clientes buscam valores mais baratos. Ou seja, aquele carrinho de R$ 25 mil até R$ 35 mil”, comentou.

Para o profissional do ramo, o programa não será capaz de reduzir o valor dos carros a ponto de concorrer com valores tão baixos, ainda dificultando que os clientes dos usados mais baratos migrem para um novo.

André Omito trabalha há 15 anos no ramo e afirma que impacto deve demorar bastante para chegar aos usados. (Foto: Kisie Ainoã, Midiamax)

Carlos da Silva é vendedor em uma garagem localizada na Avenida Bandeirantes e afirma que o novo programa não deverá causar grandes impactos para o mercado.

“Se você pegar um Kwid, que vai ser vendido por quase R$ 60 mil. A pessoa que entende um pouco de carro, prefere pegar um carro seminovo ou com mais tempo de uso nessa faixa e com mais conforto. Entre um Kwid básico e um City completo, a maioria vai na segunda opção, na mesma faixa de preço”, comentou.

Para os dois, os seminovos poderão sentir um impacto mais rápido, pois competem mais próximo com os modelos novos.

“Se você pegar os seminovos, aí sim deve afetar já de imediato, eles vão ser obrigados a reduzir para poder competir. Agora, a gente que vende carro de 30 mil, de dez anos de uso, vai levar uns bons anos até chegar aqui essa redução”, finalizou Omito.

Nove montadoras querem aderir ao carro mais barato

O Mdic (Ministério do Desenvolvimento, Indústria Comércio e Serviços) informou que um total de nove montadoras aderiram ao programa para carros populares mais baratos no país.

Demonstraram interesse em participar do programa as montadoras Renault, Volks, Toyota, Hyundai, Nissan, Honda, GM, Fiat e Peugeot.

Elas colocaram à disposição 233 versões de 31 modelos de automóveis. Para conferir a lista completa dos modelos com os descontos previstos, clique aqui.

Carro/ModeloSubsídio GovernoSubsídio MontadoraValor AntigoNovo Valor
Kwid Renault Zen 1.0R$ 8 milR$ 2 milR$ 68.990,00R$ 58.990,00
Fiat Mobi Like 1.0 FlexR$ 8 milR$ 2 milR$ 68.990,00R$ 58.990,00
Onix 1.0 GMR$ 6 milR$ 2 milR$ 76.990,00R$ 68.990,00
HB20 Sense 1.0 5MTR$ 6 milR$ 4 milR$ 79.990,00R$ 69.990,00
Polo/TrackR$ 6 milR$ 3 milR$ 83.990,00R$ 74.990,00
*Preços divulgados pelo Ministério do Desenvolvimento.

Programa possui teto de R$ 500 milhões

Segundo o Ministério do Desenvolvimento, cerca de 60% dos recursos ofertados já foram consumidos, o equivalente a R$ 300 milhões, no período de 5 a 17 de junho.

Estima-se que 60 mil unidades já foram vendidas. 

“Na medida em que usarem os valores solicitados, as montadoras podem pedir créditos adicionais. Essa possibilidade se esgota quando o teto de R$ 500 milhões for atingido”, informou o ministério.

Os descontos no valor final dos carros incluídos no programa do governo federal vão de R$ 2 mil a R$ 8 mil, mas podem aumentar conforme os critérios usados pelas fábricas e concessionárias

O tamanho do desconto no preço dos carros vai depender dos seguintes critérios:

  • menor preço;
  • maior eficiência energética (menos poluente);
  • maior porcentagem de conteúdo nacional, que é o total de partes do carro fabricadas no território brasileiro.

No lançamento do programa, o presidente da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), Márcio de Lima Leite, no entanto, calculou um volume de vendas extras de cerca de 100 mil a 110 mil veículos em razão dos incentivos.