Saneamento, energia e questões bancárias estão no topo das queixas 

É encomenda que não chega, garantia que não cobre defeito de produto, é cobrança abusiva, negativação do nome nos serviços de proteção ao crédito, é prestador de serviço que ‘some’, cartão de crédito que não foi solicitado, propaganda enganosa. Essas são algumas das principais reclamações dos consumidores de Campo Grande, entre as mais de 37 mil registradas no decorrer 2017 no Procon (Superintendência para Orientação e Defesa do Consumidor).

Mas não para por aí. De acordo com órgão, mais da metade dos atendimentos realizados no decorrer de 2017, são referentes às áreas de serviços essenciais, como água e energia, com quase 14 mil atendimentos no período.

Assuntos financeiros, como emissão indevida de cartões de crédito, juros exacerbados, cobrança indevida e abusiva, negativação equivocada do nome do cliente, dentre outros problemas que envolvam instituições bancárias, foram a causa de mais de 9,4 mil reclamações registradas no órgão de defesa do Consumidor no ano passado. 2,4 mil delas só sobre cartões de crédito.Na semana do consumidor, cliente não tem muito o que comemorar

A demora no atendimento, inclusive, motivou fiscalização do Procon no dia 8 de fevereiro em diversas agências bancárias de Campo Grande. Na ocasião, os fiscais também constataram que em alguns locais não havia registro eletrônico e presencial e que alguns serviços não estavam sendo executados, o que resultou na autuação de 10 agências.

Para se ter uma ideia, cerca de 5 mil clientes denunciaram, em 2017, a má prestação de serviços de telefonia celular na Capital. Telefonia fixa e TV a cabo também resultaram em 1.951 e 1.630 denúncias, respectivamente.

Só contra estabelecimentos comerciais, foram registradas mais de 2,1 mil reclamações, em 2017. Os supermercados de Campo Grande, por exemplo, estão sendo alvos de constantes fiscalizações do Procon, a fim de evitar ou, em alguns casos, constatar a lesão ao consumidor. O Jornal Midiamax tem acompanhado desde o início do ano essas operações.

Estabelecimentos já foram multados por comercializar produtos com a validade vencida, inapropriados para o consumo, sem as informações que deveriam ser repassados ao consumidor, com preços diferentes na gôndola e no caixa e muitos outros notificados por propaganda enganosa.

Em uma tradicional conveniência da Capital, localizada na rua Calógeras, por exemplo, foram recolhidos 197 produtos, uns fora do prazo de validade, outros impróprios e alguns armazenados em temperatura inadequada.

Consumidor também já encontrou larvas no recheio de um salgado, comprado em um hipermercado localizado na rua Maracaju, região central de Campo Grande. Em outro estabelecimento, uma embalagem de papel higiênico era exposta por R$ 10,99 na gôndola, porém cobrada a R$ 17,99 no caixa. Consumidor da Capital parece já ter até se acostumado com esse tipo de situação.

Instituições de ensino também não ficam atrás. No período em questão, mais de 1,1 mil reclamações foram registradas, sendo 544 delas contra uma tradicional universidade localizada na Avenida Ceará.

Os consumidores alegam a má prestação do serviço, quebra de contrato, cobranças indevidas, negativação do cliente junto ao órgão de proteção ao crédito, além da retenção ilegal de documentos.

O que diz o Procon

Superintendente do Procon, Marcelo Salomão afirma que o índice de resolutividade das reclamações no órgão foi de 76% no ano passado. Os dados, conforme aponta Marcelo, demonstram que os problemas consumeristas estão sendo resolvidos de maneira pacífica e eficiente.

Na semana do consumidor, cliente não tem muito o que comemorar“Esses números demonstram interesse do consumidor e dos prestadores de serviço em resolver essas questões. O objetivo do Procon é dar uma resposta ao consumidor e que ele consiga os resultados esperados”, disse

Apesar de, em alguns casos, caber aplicação de multa de R$ 5 mil a R$ 50 mil às empresas, segundo o superintendente, os trabalhos realizados pelo Órgão de Defesa do Consumidor sempre buscam a conciliação entre as partes.

“A atuação é feita quando a reclamação do consumidor tem fundamento e mesmo assim não é atendida pelo fornecedor, aí aplicamos multa administrativa, mas o grande foco do Procon é a conciliação”, enfatiza Salomão.

Em caso de irregularidades, a multa aplicada aos estabelecimentos varia de 5 mil a 50 mil, dependendo da gravidade ou da reincidência do comércio.

O superintendente ainda reforça que o órgão de Defesa do Consumidor atua com base em denúncias recebidas pelos consumidores e que há um canal de comunicação exclusivo para contato entre os agentes e os consumidores. Denúncias como esta podem ser feitas diretamente pelo telefone 151 ou pelo “Fale Conosco” no site do Procon.