Denúncia foi feita por jornalista inglesa

O app de relacionamentos armazena absolutamente todas as informações dos usuários. A denúncia é da jornalista Judith Duportail, do jornal “The Guardian”, que afirma que o app de paquera tem cerca de 800 páginas de informações sobre ela, desde o dia em que deu o primeiro “match”, em 2013. Segundo ela, o aplicativo guarda, com igual extensão, dados dos 50 milhões de usuários inscritos hoje.

Em alerta publicado nesta quarta-feira (27), a britânica explica que, em março passado, solicitou ao Tinder acesso aos próprios dados pessoais. A mensagem foi escrita com a ajuda do ativista de privacidade e segurança Paul-Olivier Dehaye e do advogado especialista em direitos humanos Ravi Naik.

Mais de 50 milhões de usuários do Tinder podem estar com dados armazenados na plataforma

“Estou completamente surpresa e aterrorizada com a quantidade de informações”, disse Olivier Keyes, cientista de dados da University of Washington. Um estudo publicado em julho passado reforça a denúncia da jornalista de que os usuários costumam fornecer informações deles mesmos sem nem perceber.

“Aplicativos como o Tinder se aproveitam de um fenômeno psicológico: não conseguimos sentir dados. É por isso que ver tudo impresso é como um golpe. Somos criaturas físicas, precisamos de materialidade”, opina Luke Stark, sociólogo de tecnologia digital da Dartmouth University.

Política de privacidade

A política de privacidade do Tinder avisa: “Não se pode esperar que toda a informação pessoal, conversas e outras formas de comunicação fiquem para sempre seguras”. Em maio, um algoritmo do app usou mais de 40 mil imagens de usuários para construir uma base de dados para que uma ferramenta de Inteligência Artificial criasse formas de definir gêneros.

Um porta-voz do Tinder defendeu que a empresa guarda tais informações para “personalizar a experiência de cada usuário ao redor do mundo”. “Nossas ferramentas de matching são dinâmicas e consideram vários fatores ao apontar possíveis pares”.