Pequeninas e de baixo valor, às vezes elas são até pisadas pelas calçadas e ninguém as percebe. Mas, aos poucos, estão começando a ter o devido valor reconhecido: são as moedas que vez ou outra estão em falta no comércio local. Os que mais sofrem com a falta das moedinhas, são as lojas que realizam as vendas de produtos com preços “quebrados”, como um estabelecimento que oferece produtos a partir de R$ 1,75.

“Oferecemos preços que sempre fazem com que tenhamos que devolver moedas como troco aos clientes. Nosso problema é sempre no começo do mês e em dezembro. Começo do mês porque há um grande fluxo de vendas e dezembro porque é época de festas, há uma injeção maior de dinheiro devido ao pagamento do décimo terceiro salário, férias. Nessas épocas de grande fluxo, temos que ficar atrás de moedas, fazemos trocas com ambulantes, comércio informal, sempre damos um jeito. Muitas vezes, os clientes são compreensíveis e acabam levando mais algum item par arredondar o preço, mas quando isso não ocorre procuramos trocar o dinheiro aqui pelo Centro e devolver o troco”, explicou ao Diário o gerente de loja, Daluro de Sá.

A dona de casa Marineide da Silva Araújo, 42 anos, é uma consumidora que tem tolerância em relação a questão de trocos. Ela revelou que entende que muitas vezes, o comércio não tem troco, e que quando julga necessário, arredonda o valor de suas compras. “Por muitas vezes já fui a locais onde os comerciantes afirmaram não ter troco e eu entendo. Já aceitei balas e, às vezes, até comprava mais alguma mercadoria para arredondar o preço. Sei que as moedas fazem falta no mercado, então, quando posso, contribuo ou pagando os produtos com o valor certo, ou arredondando os preços”, informou.

Já um dos maiores supermercados de Corumbá, segundo a administração, mantém o estoque de moedas, graças ao comércio informal, que já se habituou a trocar as moedas no local. “Há alguns anos, isso era uma tremenda dor de cabeça, pois tinha época em que não encontrávamos de maneira alguma. Hoje, estamos um pouco aliviados, pois, o comércio informal já está se acostumando a vir até o mercado e trocar as moedas. Muitos pais, também trazem seus filhos para trocar as moedas dos cofrinhos e assim acabamos conquistando a ajuda da população, que aos poucos está tomando ciência de que não é bom para o comércio que fiquem guardando as moedas em casa, pois isso atrapalha na hora das compras. Porém, mesmo já tendo um bom público que contribui no abastecimento das moedas, alguns dias ficamos sem elas nos caixas, tendo assim, que buscar um local para trocar as notas pelas moedas”, informou a empresária Augusta Panovicth.

Assim como há aqueles que não fazem questão das moedas, há aqueles que as exigem, como é o caso do autônomo Melquíades de Lima, 51 anos. “Não gosto de receber balas, caixa de fósforos como troco. Quem tem um comércio deve estar preparado para ter moedas de troco. Eu sou autônomo e trabalho com vendas diariamente e faço questão de devolver as moedas aos meus clientes e também quero receber as minhas quando eu sou consumidor”, disse.

O que diz o Procon

O Procon orienta que os consumidores devem ficar atentos, pois é direito receber o troco integralmente, mesmo que seja a quantia de 1 centavo. Caso o caixa não tenha o troco, ele deve arredondar o preço para menos, devolvendo o troco, isso é direito, não um favor. O comerciante não é obrigado a fixar o preço quebrado, então o órgão de defesa do consumidor entende que esse tipo de atitude, é uma estratégia de marketing.

Além disso, o Procon orienta que caso o comércio adote a opção de estabelecer preços quebrados, ele deve estar preparado para devolver o troco aos consumidores, ou fixar o preço certo a ser cobrado.

Balas, caixas de fósforos e chicletes

Outra prática comum, principalmente nas mercearias, padarias e lanchonetes, é a devolução do troco em forma de balas, chicletes e caixas de fósforos. O Procon orienta que, nesse caso, o consumidor não é obrigado a aceitar os produtos oferecidos, pois eles não substituem o dinheiro.