O aumento de notificações de intoxicação por metanol nas regiões Sudeste e Nordeste do Brasil acendeu um alerta em Mato Grosso do Sul, mesmo sem registros semelhantes no Estado. Para quem não abre mão da bebida no fim de semana, a principal recomendação é redobrar os cuidados e desconfiar de produtos vendidos a preços muito abaixo do mercado, que podem indicar sonegação, adulteração ou até risco de contaminação.
Em Mato Grosso do Sul, somente neste ano, o Procon-MS (Secretaria Executiva de Orientação e Defesa do Consumidor) notificou nove estabelecimentos por comercializar produtos suspeitos. A lista inclui principalmente destilados como gin, uísque e vodca.
Até o momento, o país registrou seis mortes e 59 notificações por suspeita de intoxicação por metanol. Como não há métodos simples como cor e cheiros que indiquem a presença de metanol em bebidas, o Procon-MS divulgou algumas orientações aos consumidores:
Possíveis sinais de adulteração:
- Priorize o consumo em estabelecimentos de confiança.
- Desconfie de preços excessivamente baixos.
- Verifique se o rótulo está legível e completo.
- Exija sempre a nota fiscal — ela é a principal garantia em caso de reclamação.
Além disso, é importante observar detalhes da embalagem e do produto: lacre torto ou violado, tampa diferente, rótulo desalinhado ou desgastado, erros ortográficos, logotipos com variações, ausência de informações obrigatórias (CNPJ, endereço do fabricante, lote) ou qualquer outra imperfeição visível.
Metanol em bebidas: pode ou não pode?
O metanol não pode ser adicionado a nenhuma bebida, pois é altamente tóxico ao ser humano. Porém, pode aparecer em concentrações muito baixas de forma natural durante a fermentação de açúcares e pectinas.
Por isso, o Mapa (Ministério da Agricultura) estabelece limites máximos de resíduos aceitáveis. Esses limites não autorizam o uso da substância, apenas reconhecem que traços inevitáveis podem estar presentes.
Atenção: não realize testes caseiros (como cheirar, provar ou tentar queimar a bebida). Conforme a Anvisa, essas práticas não são seguras nem conclusivas.
Ações de prevenção

A Anvisa acompanha de perto os casos registrados no país e integra a Sala de Situação do Governo Federal, em parceria com o Ministério da Saúde. Além disso, a Agência esclarece que apoia as ações de fiscalização das vigilâncias sanitárias locais e garante a adoção de medidas emergenciais.
Na última quinta-feira (2), o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, reforçou orientações básicas para quem consome bebidas alcoólicas em festas, bares e eventos.
“Como ministro da Saúde e médico, posso dizer que temos três regras em relação às bebidas alcoólicas: se beber, não dirija; se beber, mantenha-se hidratado e bem alimentado, pois isso reduz os impactos de uma bebida adulterada; e, se for beber, certifique-se da segurança da origem, verificando se o lacre está intacto”, alertou.
Sintomas de intoxicação por metanol

Os sinais costumam aparecer entre 12h e 24h após o consumo e podem ser confundidos com os de uma ressaca comum:
- dor abdominal;
- alterações na visão;
- confusão mental;
- náusea.
Ao perceber esses sintomas, procure imediatamente o pronto-socorro mais próximo e informe que consumiu bebida alcoólica, descrevendo o tipo de bebida, a origem (se havia rótulo ou não), local e horário do consumo.
Conforme o Ministério da Saúde, o caso é considerado suspeito quando o paciente, que ingeriu bebida alcoólica, apresenta a persistência ou piora de sintomas, como embriaguez persistente, desconforto gástrico e alteração visual, entre 12 horas e 24 horas após o consumo.
Orientações e tratamento
Nos casos suspeitos, o atendimento deve ser notificado ao CIATox (Centro de Informação e Assistência Toxicológica) da região. Atualmente, o Brasil conta com 32 centros, distribuídos em 19 estados, com equipes multidisciplinares.
O antídoto indicado para intoxicação por metanol é o etanol farmacêutico, administrado por via oral ou intravenosa em ambiente hospitalar. Outra prioridade da Anvisa é viabilizar o acesso ao fomepizol, considerado o tratamento mais eficaz, já em uso em outros países.
Métodos alternativos de detecção

Segundo o Ministério da Saúde, a identificação do metanol nas bebidas é feita apenas em laboratórios especializados, que utilizam exames químicos em amostras suspeitas para detectar a substância, pois ela não possui cor ou cheiro característicos.
No entanto, pesquisadores também trabalham no desenvolvimento de técnicas rápidas para identificar metanol em bebidas. Um estudo da Unesp, por exemplo, criou um teste químico que muda de cor conforme a presença da substância. Ainda em fase experimental, o método apresentou 100% de precisão em análises de gasolina, etanol, vodka, cachaça e uísque.
A classificação das cores é a seguinte:
- Verde: sem quantidades significativas.
- Verde amarronzado: 0,1% a 0,4%.
- Marrom: 0,5% a 0,9%.
- Roxo: 1% a 20%.
- Azul-marinho: 50% a 100%.
Disque-Intoxicação – (0800-722-6001)
Atualmente, 13 unidades do Ciatox (Centro de Informação e Assistência Toxicológica) fazem parte do serviço Disque-Intoxicação, mantido pela Anvisa: Manaus (AM); Fortaleza (CE); Goiânia (GO); Belo Horizonte (MG); Campo Grande (MS); Cuiabá (MT); João Pessoa (PB); Campina Grande (PB); Recife (PE); Porto Alegre (RS); Aracaju (SE); São Paulo (SP) e Santos (SP).
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(Revisão: Bianca Iglesias)