Tem morcego na sua casa? Confira o que fazer após casos de raiva em Campo Grande
A raiva não é transmitida pelo ar ou trato respiratório
Taís Wölfert –
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O CCZ (Centro de Controle de Zoonoses) já identificou dois casos de morcego com raiva em 2025 em Campo Grande. A raiva é uma doença transmitida pela saliva de animais infectados e causa sintomas de doença neurológica, podendo levar até a morte.
Professora da Famez (Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia) da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), Juliana Galhardo, conta que a contaminação ocorre por meio de mordedura, lambedura e arranhadura.
“O vírus da raiva precisa entrar pela pele ou musculatura dos mamíferos, para que consiga realmente infectar um novo hospedeiro, e a mordedura ou arranhadura são mecanismos que garantem a entrada, ou inoculação, do vírus nesses tecidos”, explica.
Ou seja, mesmo que o vírus esteja presente em outras secreções, como fezes, não existe a sua multiplicação. Da mesma forma, a contaminação não acontece pelo ar ou trato respiratório.
Nem todos os morcegos estão contaminados
A veterinária do CCZ, Maria Aparecida Conche Cunha, afirma que é comum encontrar morcegos na Capital, mas que nem todos possuem o vírus da doença.
“O motivo de preocupação é quando apenas encontrarem um morcego caído no chão ou fora do seu ambiente normal. Ou seja, se ele estiver voando em busca de alimento durante a noite, esse é o comportamento normal dele. Mas se estiver voando durante o dia ou se for encontrado durante o dia caído, tanto vivo como morto, ou se eles adentrarem em um imóvel, aí sim eles estão oferecendo algum tipo de risco”, explica.
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Caso um morcego seja encontrado em situação que fuja ao seu comportamento habitual, é necessário entrar em contato com o CCZ, responsável pela vigilância da raiva em morcegos na zona urbana. Assim, uma equipe vai até o local para fazer o recolhimento do animal.
Recomendações
Os morcegos são animais protegidos pela Lei Federal n°9605, de 1998, portanto matar morcegos é considerado crime ambiental. Caso um morador encontre um morcego a recomendação principal é a de nunca tocar no animal sem a devida proteção.
O mais indicado é colocar um balde, uma caixa, um pano em cima do morcego ou qualquer outra coisa que possa isolá-lo e acionar o CCZ. Mas é importante lembrar que o CCZ não realiza: captura de morcegos em locais altos; desalojamento; higienização de telhados e outras áreas habitadas.
Caso o pet esteja com o morcego na boca é preciso cobrir a mão com algum material protetor e fazer a retirada do morcego de forma segura da boca do animal de estimação.
“Se, por ventura, você viu que o seu animal entrou em contato, a primeira coisa é tentar tirar esse morcego de uma forma segura, ou seja, colocar uma luva, alguma coisa, abrir a boca do animal e tentar tirar esse morcego da boca do animal. Em seguida, entrar em contato com a gente, para encaminharmos esse morcego para exame”, explica a veterinária do CCZ.
A solicitação de retirada de morcego pode ser feita pelos números: 3313-5000 (telefone geral), 2020-1789 / 2020-1801 (de segunda a sexta, das 7h às 11h, e das 13h às 17h), 2020-1794 (de segunda a sexta, das 17h às 21h. Aos sábados, domingos e feriados das 6h às 22h).
Se o morcego for encontrado em um horário que o CCZ não oferece atendimento, o melhor é manter o animal isolado e entrar em contato com a equipe no primeiro horário de atendimento.
A importância da vacina
A vacinação contra a raiva no ser humano é feita só em casos de pós-exposição. Por isso, quem tem pets em casa precisa manter a vacinação dos animais sempre em dia, sendo essa a recomendação principal de prevenção a doença.
“O cachorro ou gato, quando ele vê um morcego caído no chão, ele não vai saber que aquilo está oferecendo um risco para ele. Os pets são curiosos, vão encostar e, acidentalmente, esse morcego pode vir a morder. E assim, acabar transmitindo a doença. Se esses animais estiverem vacinados, imunizados contra a raiva, vai ser um bloqueio no avanço do vírus, no avanço da doença e, consequentemente, um bloqueio até chegar no ser humano”, esclarece a veterinária do CCZ.
O CCZ realiza campanha de vacinação antirrábica porta a porta. No momento, a campanha está sendo feita nos bairros Rita Vieira, Tiradentes e Vilas Boas. Mas quem perder a visita ou que ainda não realizou a vacinação nos pets, pode ir, acompanhado do bichinho, até a sede do CCZ, localizada na Av. Sen. Filinto Müller, 1601 – Vila Ipiranga.
Contaminação e sintomas
Quem tiver contato com morcegos precisa ir até a UPA (Unidade de Pronto Atendimento) mais próxima. No local, o paciente é avaliado e caso seja necessário passa pela profilaxia, ou seja, recebe a vacinação e aplicação de soro ou imunoglobulina antirrábica.
O vírus da raiva apresenta uma manifestação lenta e gradativa. E tudo depende da gravidade da lesão causada pelo morcego, tanto no ser humano quanto em algum animal. Por isso, é indicado que após a lesão, o local seja lavado com água e sabão, e a pessoa se dirija o mais rápido possível a uma UPA.
Entre os sintomas causados pela raiva estão falta de coordenação motora, dificuldade de tolerar luz e som, problemas visuais e mudanças no comportamento. Além disso, a doença não tem cura e pode levar à morte caso a pessoa infectada não receba a vacina.
A professora da Famez esclarece que caso os pets tenham contato com um morcego é preciso realizar os reforços da vacina antirrábica.
Comportamento
O professor de judô Kaique Figueiredo é tutor de quatro cachorros e mantém a vacinação dos pets sempre em dia. Recentemente, Kaique mudou de casa, indo morar em uma chácara. Na manhã desta terça-feira, ele encontrou três morcegos dormindo em uma espécie de galpão.
Kaique entrou em contato por telefone com o CCZ, mas como os morcegos encontrados por ele estão mantendo o comportamento normal, a orientação foi apenas que deixasse uma luz acessa e colocasse telas para impedir a entrada dos animais.
A indicação da colocação de telas ou outros tipos de vedações são feitas para qualquer pessoa que não queira receber uma visita inesperada. Por terem hábitos noturnos, os morcegos buscam locais protegidos e escuros para se abrigarem ao longo do dia.
Cuidados no meio rural
Mas os moradores de área rural precisam de um cuidado diferente. Nessas localidades existem espécies de morcego que se alimentam de sangue. Além do vírus também ser encontrado no gado. Nessas regiões, quem faz a vigilância é a Iagro (Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal). Dentre as recomendações, então, todos os pets devem ser vacinados anualmente contra a raiva.
“Para quem vive em áreas rurais, além da vacinação de cães e gatos, também é recomendada a vacinação dos herbívoros, bovinos e equinos, principalmente em áreas onde existem os morcegos hematófagos”, conta Juliana.
Morcegos
Apesar dos riscos que os morcegos podem causar, eles são importantes para a manutenção do ecossistema existente. E como já dito, nem todos estão contaminados. Além disso, 2025 marca 10 anos desde o último caso de raiva em um ser humano no Mato Grosso do Sul.
A maior parte dos morcegos encontrados em áreas urbanas são insetívoros (se alimentam de insetos), frugívoros (alimentam de frutas) e nectarívoros (se alimentam de néctar e pólen das flores).
A transmissão da raiva entre eles ocorre, geralmente, por brigas. Por serem territorialistas eles tendem a brigar, e nas brigas, durante mordidas e ferimentos, o vírus acaba sendo transmitido. Além disso, eles têm o hábito de lamber uns aos outros e, como a transmissão ocorre pela saliva, o ato também gera contaminação.
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