O surto de sarampo registrado na Bolívia — país que faz fronteira com Mato Grosso do Sul — tem gerado preocupação e acendido o sinal de alerta entre autoridades de saúde brasileiras. Somente em 2025, mais de 60 infecções já foram confirmadas no país vizinho. O aumento dos casos eleva o risco de transmissão em regiões fronteiriças, como Corumbá, que registra intenso fluxo de pessoas entre os dois lados da divisa.
Em 2025, Mato Grosso do Sul registrou 12 casos notificados de sarampo. Os dados do painel de monitoramento do Ministério da Saúde mostram que, entre 2019 e 2025, o Estado notificou 323 casos suspeitos da doença.
O pico ocorreu em 2019, com 100 registros, 48 a mais que em 2018 (52 casos). Em 2020, houve uma queda expressiva, com 12 notificações em todo o ano. No entanto, os números voltaram a subir nos anos seguintes, com 28 casos em 2022 e 52 em 2023. Já em 2024, a quantidade caiu novamente, com 29 notificações ao longo do ano.
Apesar da alta no país vizinho, autoridades de saúde descartam um surto da doença em Mato Grosso do Sul, uma vez que o Estado apresenta altos índices de cobertura vacinal. Além disso, em 2024, o Brasil recebeu a recertificação de país livre do sarampo. Em 2016, o país já havia alcançado esse status; no entanto, em 2018, as baixas coberturas vacinais permitiram a reintrodução do vírus no país.
No último ano, a cobertura da vacina tríplice viral ultrapassou a meta nacional de 95%. O calendário vacinal prevê a aplicação da tríplice viral aos 12 meses, com reforço aos 15 meses. Em caráter excepcional, o Ministério da Saúde recomendou a chamada “dose zero” para bebês a partir de seis meses, devido ao aumento do risco de complicações.
Mas afinal, o que é o sarampo?

O sarampo é uma doença viral altamente contagiosa, que provoca febre alta, tosse, coriza e manchas avermelhadas na pele. A transmissão ocorre por vias respiratórias, principalmente em ambientes fechados, por meio da fala, espirros ou tosse de pessoas infectadas.
Além dos sintomas típicos, a doença pode desencadear complicações graves como pneumonia, infecções no ouvido e diarreias, sendo especialmente perigosa para crianças pequenas e pessoas com imunidade baixa. Em casos graves, o sarampo pode levar à morte.
Os principais sintomas do sarampo incluem febre alta, tosse, coriza, olhos inflamados (conjuntivite) e erupções cutâneas característica que começa no rosto e se espalha pelo corpo. Além disso, pessoas infectadas podem apresentar manchas brancas pequenas (manchas de Koplik) na boca antes da erupção cutânea se espalhar.
13 mortes nas Américas
Neste ano, o Brasil teve cinco casos isolados registrados, nos estados do Rio de Janeiro (2), São Paulo (1), Rio Grande do Sul (1) e no Distrito Federal (1). Apesar disso, esses casos, por serem importados e isolados, não comprometem a recertificação.
Até 5 de julho, a OMS (Organização Mundial da Saúde) registrou 108 mil casos confirmados de sarampo no mundo. Na região das Américas, a OPAS (Organização Pan-Americana da Saúde) confirmou 7.132 casos, com 13 mortes. Os números incluem 34 na Argentina, 34 em Belize, 60 na Bolívia, 5 casos isolados no Brasil, 3.170 no Canadá (com um óbito), 1 na Costa Rica, 1.227 nos Estados Unidos (com três mortes), 2.597 no México (com nove mortes) e 4 no Peru.
Cooperação binacional: 600 mil doses enviadas à Bolívia
Na última semana, Corumbá recebeu 600 mil doses da vacina contra o sarampo como parte de uma ação conjunta entre os governos do Brasil e da Bolívia. A operação visa conter o avanço da doença nas regiões de fronteira.
A cooperação ocorreu após o Ministério da Saúde solicitar apoio logístico à Prefeitura de Corumbá. Assim, coube ao município a recepção e o armazenamento temporário das doses, que posteriormente foram entregues ao governo boliviano. O transporte até os pontos de distribuição na Bolívia ficou sob responsabilidade do país vizinho.
Gerente de Vigilância em Saúde de Corumbá, Walkiria Arruda da Silva, destacou que a iniciativa reforça o compromisso com a proteção das populações de ambos os países.
“Vivemos em uma região de intenso trânsito populacional. Essa mobilização não beneficia apenas os moradores do lado boliviano, mas também contribui diretamente para a segurança sanitária da população corumbaense”, afirmou.
Vacinação em MS deve conter possível surto de sarampo

Em resposta ao surto boliviano, Corumbá tem intensificado a vacinação em pontos estratégicos da cidade. No último domingo (14), uma ação durante a feira livre resultou na aplicação de 321 doses, sendo 89 da tríplice viral.
Na segunda-feira, uma nova mobilização ocorreu com aplicação de 166 doses da mesma vacina. Ao todo, 394 imunizações foram realizadas nessas duas iniciativas, contemplando também outras vacinas previstas no calendário nacional.
Em 2024, Mato Grosso do Sul aplicou 146.826 doses da vacina contra sarampo, caxumba e rubéola — conforme dados do Ministério da Saúde. Já em 2025, a cobertura vacinal contra a doença atingiu 90,66% na 1ª dose e 71,71% na 2ª dose. Ao todo, o Estado aplicou 70.256 doses neste ano.
A imunização está indicada para crianças a partir de 12 meses, com aplicação subcutânea no braço. Adultos não vacinados também podem receber a dose a qualquer momento, sendo necessária apenas uma aplicação para garantir proteção vitalícia. A recomendação é que pessoas de até 39 anos estejam imunizadas.
Além disso, profissionais da saúde, do turismo e viajantes internacionais também devem manter a vacinação em dia, já que o sarampo ainda causa surtos em diversos países.
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