Mesmo após a derrubada dos barracos, um grupo formado por 53 famílias permanece acampado em um terreno público localizado na Rua Bororós, no Jardim Tijuca, em Campo Grande. Na madrugada deste domingo (22), as famílias dormiram no chão e em redes improvisadas enquanto aguardam uma resposta oficial da Emha (Agência Municipal de Habitação e Assuntos Fundiários).
A ocupação iniciou na última sexta-feira (20), com o objetivo de reivindicar direito a moradia. Conforme Carolina da Silva, 37 anos, uma das líderes do movimento, o terreno estaria abandonado há mais de 40 anos, sendo usado como ponto de descarte de lixo e esconderijo para dependentes químicos.
“Nós limpamos tudo aqui. Era mato, lixo e bandidos. Queremos cuidar do espaço, porque a área é pública e estava esquecida”, diz.
Acordo e desmonte dos barracos

No último sábado (21), os moradores firmaram um acordo com a Emha para desocupar o local e desmontar os barracos, em troca de uma reunião marcada para segunda-feira (23), onde o grupo irá discutir a possibilidade de regularização ou realocação das famílias.
Embora tenham concordado em não construir novos barracos, parte das famílias segue no local. Carolina ressalta que o movimento conta com famílias em situação de vulnerabilidade social, que não conseguem pagar aluguel ou comprar um imóvel.
“Amanhã nós vamos conseguir um acordo, estamos otimistas. A única coisa que queremos é um teto para dormir”, diz.
A ação de despejo, ocorrida ainda na sexta-feira (20), gerou confusão e denúncias de truculência. Segundo as famílias, houve o uso de bombas de gás por parte da Polícia Militar e da Romu (Ronda Ostensiva Municipal), mesmo com a presença de mulheres e crianças no local.
“Um bebezinho de dois anos ficou sufocado com o gás. Um desrespeito imenso”, relata Aparecida Renata, de 34 anos.
Ela afirma ainda que a ocupação continuará mesmo com a previsão de frio intenso e chuva durante a semana. “Se esfriar muito, vamos improvisar uma lona para proteger, principalmente, as crianças. Hoje dormimos no relento, todo mundo com frio e no sereno. Não vamos descumprir o acordo, mas também não vamos sair daqui”, disse.
Emha nega venda irregular de terrenos
Os moradores ainda alegam possíveis irregularidades envolvendo a venda de lotes no mesmo terreno. Segundo eles, cinco áreas já teriam sido comercializadas de forma clandestina por funcionários ligados à Emha por R$ 20 mil cada. “Se puderem vender, por que a gente não pode ocupar para morar?”, questionam.
No entanto, a Emha esclareceu que as acusações são infundadas e que não há qualquer indício ou comprovação que sustente as alegações. Em nota, a Agência confirmou que a área mencionada, localizada no bairro Jardim Tijuca, é de propriedade do Município, mas há mais de dois anos está em andamento um processo de regularização fundiária em área lindeira, conduzido de forma ‘técnica e transparente’.
“A EMHA reitera que não permitirá qualquer tentativa de ocupação irregular. Trabalhamos continuamente para ampliar o acesso à moradia digna por meio de programas habitacionais como sorteio de apartamentos e lotes, respeitando critérios legais e sociais previamente definidos e os cadastros feito junto à agência”.
Quanto à ação descrita como truculenta pela ocupação, a Emha informou que, em conjunto com a Guarda Civil Metropolitana, equipes da agência estiveram no local e constataram uma tentativa de invasão da área pública.
“Removemos estruturas improvisadas e os ocupantes receberam orientações quanto à ilegalidade da permanência no local. Além disso, receberam orientações sobre como acessar os programas habitacionais vigentes no município. A Guarda Civil Metropolitana segue monitorando a área para prevenir novas tentativas de ocupação”, disse em nota.
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