‘Natal‘ das sex shops, o Dia dos Namorados é uma das datas mais lucrativas do ano para o setor. A expectativa é de crescimento nas vendas, impulsionado não só pelo romantismo da data, mas também pela quebra de tabus. Até porque, nos últimos anos, o consumo de brinquedos adultos se tornou mais naturalizado, refletindo uma relação mais aberta e saudável com a sexualidade.
Nesta época do ano, o faturamento das lojas chega a ser até 30% maior do que em relação a outras datas. Os profissionais do setor estimam que esse aumento esteja ligado ao fato de que os produtos são um complemento nas comemorações entre os casais.
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Embora a procura seja grande e os casais estejam cada vez mais inclinados a adotar estes acessórios, os mitos e preconceitos acerca do tema ainda assombram as pessoas com vida sexual ativa, e são tema de discussão na sala de terapia.
Jovens superam público maduro no quesito ‘vergonha’
Durante muito tempo, o tema ‘sex shop’ foi cercado de tabus e constrangimentos, muitas vezes associado a julgamentos morais e reservado ao segredo. Dona de sex shop, Yasmin Magalhães, de 31 anos, conta que, há quase uma década à frente de uma loja no segmento, já vivenciou clientes frequentando o estabelecimento disfarçados e até estacionando o carro a quadras de distância.
Mas ela diz testemunhar uma mudança substancial, impulsionada principalmente pela internet, que facilitou o acesso à informação e abriu espaço para diálogos mais abertos e naturais sobre sexualidade. Em contrapartida, o diálogo parece não estar atingindo o público mais jovem.
“Tinha cliente, principalmente mulher, que vinha de chapéu, lenço, óculos grandes, estacionava o carro a três quadras de distância, tudo para esconder. Já hoje em dia, por incrível que pareça, quem mais tem timidez são os mais jovens, quem acabou de completar 18, 19 anos, que está entrando nesse universo, já o público mais velho de 35, 40 anos ou mais, perdeu a timidez”.
Esse cenário também se repete em outras sex shops da cidade, conforme relata a vendedora Débora Alves, de 26 anos. “Notamos que o público mais velho tem consumido mais sem tabu. O que era motivo de medo, receio, o público mais velho tem deixado essa questão um pouco de lado”.

Homens procuram mais que mulheres
Em sua loja, Yasmin revela que 90% dos clientes costumavam ser mulheres, mas hoje em dia, atende mais homens. “Eles vêm sempre na busca da melhoria do relacionamento. O sexo não é tudo dentro do relacionamento, mas ele é um pilar muito importante. Se ele não estiver bem alinhado, as outras coisas vão desalinhando e vai acentuando os outros problemas”.
Déborah completa que, nesta época do ano, os casais costumam frequentar a loja juntos, para combinar o que gostariam de experimentar. No entanto, em um panorama, os homens lideram a procura pelos produtos.
‘Brincadeira’ começa no jantar
Yasmin expressa que a data é um prato cheio para dar ‘asas’ à criatividade e apostar em brinquedos adultos para tornar a noite a dois mais interessante. Ela explica que os itens geralmente não são o presente principal, mas sim um ‘complemento’.
“Nessa época, o que a gente mais vende são os brinquedos controlados via controle remoto ou aplicativo para celular. [O presente] já começa desde sair para jantar, o buquê de flores, e o brinquedo é um complemento. A pessoa consegue usar discretamente e começar o namoro já no jantar”, explica Yasmin.
Segundo Déborah, os acessórios campeões de venda nessa época do ano são justamente os brinquedos controlados por aplicativo. “Os casais vão para o encontro e levam o acessório”, cita.

Vendedora não está à venda
Segundo Yasmin, apesar dos avanços, as vendedoras e donas de sex shops ainda precisam enfrentar duras penas com a sexualização de suas imagens. A empresária relata que procura tratar o assunto da sexualidade o mais natural possível e mostrar que apesar de trabalhar com produtos adultos, sua imagem não deve ser sexualizada.
“Trabalhamos de uma maneira muito natural e profissional. Existe um pré-conceito de que nós, por trabalharmos com isso, somos as mais ‘transantes’ do universo, e isso não é verdade. Não é porque vendemos produtos para isso, que entendemos dos produtos, que a gente tá disponível também para venda”.
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Sex shop vai além de ‘assessórios explícitos’
Para Déborah, existe um pré-julgamento com as sex shops, que as resumem a acessórios explícitos e luxúria, ignorando que as lojas possuem uma infinidade de possibilidades para experimentar.
“Não são só acessórios com formatos explícitos. Tem lingerie, tem óleo para massagem, lubrificante, gel comestível. Tem vários acessórios para auxiliar na saúde, no cuidado tanto do corpo feminino quanto masculino… Então, essa questão do acessório ser explícito é só um detalhe, a sex shop vai muito além disso”, expressa Déborah.
‘Brinquedos’ são valiosos para a intimidade do casal
Segundo a psicóloga e sexóloga Karina Brum, os brinquedos adultos são ferramentas valiosas na jornada em busca de fortalecer a intimidade do casal e renovar as fantasias e desejos da vida sexual. Esses acessórios ajudam a criar experiências novas e divertidas, e a promover uma conexão emocional impulsionada pelo diálogo em busca do prazer mútuo.
“Posso passar horas falando sobre a importância do uso de acessórios nas relações, mas as principais seriam: quebra da rotina sexual, estímulo à comunicação, ampliação do repertório sexual, redução da pressão por desempenho e reforço da intimidade emocional”, cita a sexóloga.
Além disso, Karina ressalta que explorar em conjunto o prazer e a fantasia cria uma sensação de exclusividade e conexão emocional. Há muitos relatos de casais que se sentem mais próximos após experiências sexuais compartilhadas com brinquedos, porque isso envolve confiança, entrega e cuidado mútuo.
“A super dica é: vá a uma sex shop com sua parceria! Converse e combine a visita. O momento será um balizador sociossexual para o casal que dialogar sobre o desejo e a necessidade de estar na companhia do outro para poder se aventurar sem culpa ou preconceito numa loja especializada em artigos eróticos. Só não esqueça: a visita tem que ser planejada, dialogada, consensual, saudável e segura para ambas as partes”.






Usar ‘brinquedos’ não é sinônimo de insatisfação
“Brinquedos eróticos são só para quem está insatisfeito”
“Se meu parceiro(a) usar, é porque não sou suficiente”
“Brinquedos são só para mulheres ou só para masturbação”
“É coisa de gente ‘pervertida’ ou promíscua”
“É complicado, caro ou difícil de usar”
“Brinquedos são para casais que não têm conexão”
Estes são somente alguns dos vários relatos que Karina escuta durante seus atendimentos. No entanto, a sexóloga afirma serem todos mitos e preconceitos. Para furar essa bolha, Karina explica que o primeiro passo é estabelecer um bom diálogo.
“Esses mitos ou preconceitos precisam abrir espaço para o autoconhecimento, para o aumento da intimidade e comunicação, e pelo significado de vida: menos culpa e mais prazer. A ideia é fazer o assunto ser tratado com naturalidade, respeito mútuo e curiosidade, e isso somente os brinquedos eróticos podem ser uma grande ferramenta de descoberta e conexão”, completa a profissional.
Por fim, o casal precisa pesquisar lojas que vendem artigos eróticos aliados ao bem-estar sexual das pessoas. Essa parte é fundamental, porque nessa época do ano, aumenta a procura em sex shops pelo presente ‘perfeito’. “Sinceramente, não existe nada perfeito, mas existe aquele presente que tornará seu namoro algo memorável positivamente. Pesquise bem antes de comprar acessórios íntimos, não compre em qualquer lugar”.
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