O Censo Imobiliário do 2º trimestre de 2025 aponta que o mercado imobiliário de Campo Grande se mantém na estabilidade e apresenta sinais de otimismo para prospecções futuras. Além disso, a pesquisa aponta que a capital sul-mato-grossense mantém o ritmo de lançamentos e vendas, com destaque para o crescimento do programa MCMV (Minha Casa Minha Vida).
O estudo, divulgado pelo Sinduscon-MS (Sindicato Intermunicipal da Indústria da Construção do Estado de Mato Grosso do Sul), nesta segunda-feira (8), indica que o mercado imobiliário da capital é pujante, com vendas fortes e estoques baixos, indicando equilíbrio e otimismo no setor.
No entanto, a análise também aponta que o setor precisa ampliar a oferta de novos empreendimentos para evitar que, em poucos meses, faltem imóveis disponíveis para atender à demanda. Além disso, as gerações mais jovens demonstram aumento no interesse em adquirir um imóvel.
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Geração ‘millennial’ lidera interesse de compra
Conforme o head Centro-Oeste e Norte da Brain (empresa responsável por desenvolver a pesquisa), Anderson Gonçalves, um recorte que chama atenção na pesquisa é o forte interesse da população jovem, mais necessariamente da geração ‘millenial’, em adquirir um imóvel. Além do percentual de entrevistados que querem fazer o investimento para fugir do aluguel, entra também uma forte presença de jovens que vão se casar/acabaram de se casar, ou simplesmente não querem mais morar com os pais.
“A geração millenial é a que está com mais apetite, hoje, para comprar um produto imobiliário. Esse é um dos pontos que tem crescido bastante. Quando a gente faz o recorte, é exatamente a geração mais nova. Então eles querem ter o canto, querem ter a casa, o apartamento deles ali, pra ter o cantinho deles ali no dia a dia. Querem sair, literalmente, da barra do pai e da mãe”.
Outro ponto que influencia o desejo da casa própria é ‘conscientização’ da população acerca dos benefícios de possuir imóveis.
“A população, hoje, tem percebido o quanto comprar um imóvel é bom. [Em Campo Grande, por exemplo], a gente vêm de um ritmo de 11% de valorização, e agora, num curto prazo de tempo, aumento de 14%. Então o comprador de imóvel tem percebido o quanto é bom fazer investimento dentro do mercado imobiliário, seja para casa, seja para apartamento, até pensando na compra de lote para construir a sua casa própria”, resume.
Além disso, o presidente do sindicato, Kleber Luiz Recalde, acrescenta que existem fatores externos ao mercado imobiliário que contribuem para os índices. Um dos principais deles é a taxa de desemprego, que têm tido um desempenho acima da média nacional.
“O índice de desemprego nosso é baixíssimo, então acaba que as demandas aumentam, porque quanto mais gente trabalhando, significa mais gente se oportunizando de rendas e automaticamente com maior interesse de investir”, expõe.

Setor se mantém estável e otimista
- Empreendimento lançados
A oferta de empreendimentos verticais têm se demonstrado estável desde 2023, com uma média de 19 lançamentos por ano. Nos primeiros seis meses de 2024, a cidade abriu as portas para oito novos prédios, enquanto este ano, no mesmo período, foram lançados seis, mantendo o ritmo de lançamentos, apesar da redução de 25%. Deste total, metade é composta por unidades do programa MCMV (Minha Casa Minha Vida), e a outra metade por empreendimentos de alto padrão.
Em relação às unidades lançadas, o mercado imobiliário de Campo Grande também ficou abaixo da média do primeiro semestre do ano anterior. Enquanto nos seis primeiros meses de 2024 foram lançadas 948 unidades, no mesmo período, em 2025, esse número chegou a 778 (redução de 17,9%).
O destaque vai para o programa MCMV, que registrou aumento de quase 140%, passando de 240 unidades lançadas no primeiro semestre de 2024, para 572 em 2025. Quanto à tipologia dos imóveis, 52% são de dois dormitórios e quase 40% de três dormitórios, mostrando maior oferta de unidades compactas.
- VGV (Valor Geral de Vendas)
Em termos de VGV (Valor Geral de Vendas), o mercado campo-grandense movimentou R$ 509 milhões no primeiro semestre de 2025, contra R$ 669 milhões em 2024, uma redução aproximada de 24%, mas ainda representando volume expressivo.
“Mesmo com 23,9% do nosso VGV menor, a gente ainda está falando de meio bilhão de vendas já no ano de 2025. A gente brinca que é o Natal do mercado imobiliário, é o segundo semestre. Há uma tendência, há uma perspectiva da gente chegar muito próximo do que nós conseguimos vender em 2024”, destaca Anderson.
As vendas de produtos verticais somaram 935 unidades no semestre, contra 1.477 em 2024. O programa MCMV também segue com ritmo semelhante ao do ano passado, com 365 unidades vendidas até agora, predominantemente de dois dormitórios, e VGV próximo de R$ 780 milhões.

Apesar da redução de 37,4% nas vendas de apartamentos, Anderson destaca que o setor mantém a tendência de crescimento, principalmente no segundo semestre, tradicionalmente mais aquecido. Além disso, o especialista aponta que o estoque de imóveis está em processo de redução, refletindo o bom desempenho de vendas.
Atualmente, Campo Grande conta com 1.200 unidades disponíveis, sendo 76% de dois dormitórios e 18% de três dormitórios. A participação do MCMV no estoque total aumentou de 40% para 52%, enquanto o médio padrão caiu de 53% para 42%. O estoque de unidades MCMV segue em torno de 620 unidades.
“Se nós olharmos o estoque, ele vem num processo de redução. Isso é muito bom para o mercado. Quer dizer que a gente tem feito muita venda aqui dentro da cidade. Lançamos menos, mas a gente está conseguindo manter um ritmo de estoque”, esclarece o especialista.

Escoamento do estoque
O levantamento apresentado na tarde de hoje aponta que o mercado imobiliário de Campo Grande apresenta alta absorção dos produtos ofertados. O especialista estima que, se não houver novos lançamentos, em até quatro meses todas as unidades restantes serão vendidas, colocando a cidade em uma situação de escassez.
No seguimento vertical, a taxa de disponibilidade de apartamentos com um dormitório gira em torno de 8%; e três dormitórios 11%. No segmento horizontal, que inclui loteamentos abertos, fechados e casas em condomínios, a situação é semelhante: cerca de 92% das unidades lançadas já foram vendidas, restando apenas 8% no estoque.
“Se mantivermos esse ritmo, em breve a gente pode não ter produto imobiliário, tanto vertical quanto horizontal dentro da cidade de Campo Grande, reforçando o mercado pungente e saudável. Em síntese, nós estamos com um mercado que vem forte, porém, a gente precisa colocar mais produtos imobiliários pra rodar, porque senão, se alguém resolver vir morar, ou fazer um upgrade, ou mudar de casa para um apartamento, em quatro meses a gente não tem produto imobiliário disponível se não tiver lançamento”, estima Anderson.
Preços por m²
Conforme o levantamento, o preço do metro quadrado em Campo Grande cresceu 14% no 2º trimestre de 2025. Os dados revelam que o preço médio do metro quadrado na cidade tem grande variação, conforme o padrão residencial.
Os imóveis compactos, por exemplo, têm valor médio de R$ 14.970 por m², valor bem acima da média geral da cidade, que é de R$ 10.133 por m².
Já os imóveis de padrão luxo custam R$ 15.367/m² e super luxo, que registram o maior valor, chega a R$ 21.436/m². Já os de alto padrão custam, em média, R$ 13.835/m².
Entre os padrões mais acessíveis, o valor por metro quadrado é de R$ 5.764 nos empreendimentos econômicos, R$ 7.528 nos standard e R$ 9.050 no médio.

Dados nacionais
- Intenção de compra
O Censo Imobiliário do 2º trimestre de 2025 revela que a intenção de compra de imóveis no Brasil atingiu o maior patamar da série histórica. De acordo com a pesquisa realizada, 49% da população manifestou interesse em adquirir um imóvel. Esse percentual supera inclusive o registrado em 2020, ano da pandemia, quando a taxa era de 46%, considerado até então um dos melhores momentos para o setor. Antes desse período, o índice girava em torno de 43%.
Além disso, Campo Grande supera o índice de intenção de compra nacional. Conforme o especialista, enquanto a intenção de compra a nível nacional alcança o patamar dos 49%, Campo Grande registra índice de 70% na intenção de adquirir um imóvel.
- Aumenta busca por apartamentos
Conforme o estudo, 30% dos entrevistados afirmaram que pretendem comprar um imóvel entre seis meses e um ano. Outros 46% projetam a aquisição para um prazo mais longo, acima de um ano e meio.
Em relação ao tipo de imóvel, a pesquisa aponta uma mudança de comportamento do consumidor. Há dez anos, cerca de 80% da população preferia casas de rua, enquanto os apartamentos tinham baixa procura. Atualmente, a disputa entre residenciais horizontais e verticais é equilibrada (41% e 46%, respectivamente), refletindo novas tendências de moradia.

- Principais motivações de compra
Outro dado relevante é que quase 30% dos potenciais compradores têm como principal motivação deixar de pagar aluguel. Segundo o especialista, o cenário difere de uma década atrás, quando a decisão era mais emocional, e mostra que hoje o consumidor adota um perfil mais racional: calcula entrada, parcelas e impacto no orçamento antes de fechar negócio.
Em relação ao motivo do desejo de compra, a maioria (18%) dos entrevistados responderam ‘não pagar mais aluguel, seguida pelas opções ‘trocar por uma residência maior’ (17%) e ‘investimento para alugar’ (12%).
- Perfil dos entrevistados e metodologia
A pesquisa, feita em julho deste ano, levou em consideração a opinião de 1.200 consumidores, entre 21 e 70 anos, com renda acima de R$ 2,5 mil. Além disso, 40% dos entrevistados possuía renda igual ou maior a R$ 10 mil.

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