‘Ser valente’: no Fórum, ato pede justiça por atleta morta por motorista bêbado
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Dezenas de atletas de corrida, amigos e familiares de Danielle Correa de Oliveira, de 41 anos, morta na manhã deste sábado (15) após ser atropelada na MS-010, se reuniram neste domingo (16) para um ato em frente ao Fórum Heitor Medeiros, no Centro de Campo Grande.
Gritando “ser valente!”, afirmação sempre usada pela vítima, o ato reuniu ao menos 7 grupos de corrida e pediu justiça, buscando a manutenção da prisão do autor do acidente.
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No local ocorreu a audiência de custódia do motorista que atingiu Danny, como era chamada. O condutor tem 22 anos, é estudante de medicina e estava bêbado. Apesar de visivelmente embriagado, se recusou a realizar o teste do bafômetro.
Ele usava uma pulseira de uma casa noturna localizada na Avenida Afonso Pena. Além disso, dentro do veículo, foram encontradas latas e garrafas de cerveja.
“Que permaneça preso”

Neste domingo, Ederson Santana Rodrigues, 40 anos, líder de um grupo de corrida, comentou a intenção da manifestação em frente ao Fórum.
“A intenção é dar visibilidade para a sociedade, para que todo mundo esteja a par do que está acontecendo. A gente não pode aceitar esse tipo de crime pelo resto da vida, né? Até onde vai esse tipo de morte? Por causa do quê? Por causa do alcoolismo, por causa da bebida, da direção, da falta de responsabilidade, né?”, desabafou o atleta.
“Todo mundo quer que o cidadão que cometeu esse crime seja preso, e seja preso por isso, pelo que ele fez. Que ele não seja solto, que o dinheiro não venha. O dinheiro não compra a vida de ninguém, né? O dinheiro jamais vai comprar a vida de uma pessoa que se foi, então nós queremos que a justiça seja feita”, completou.
“Ele estava muito distante de onde pensava que estava indo”
A publicitária Gisele Dias praticava corrida com a vítima, e estava no grupo na manhã deste sábado. “Ele (o motorista embriagado) falava que estava indo para a casa dele, falava que morava em Campo Grande, outra hora ele falava que morava perto da Santa Casa, outra hora falava que morava perto do shopping, e a gente estava indo a Rochedo, estávamos a 7 km de Campo Grande”, detalha a atleta.
“Ele (o motorista) estava muito distante de onde ele pensava que ele estava indo, totalmente sem noção de qualquer coisa”, completa Gisele.
“As leis são brandas, foi um homicídio, ele estava embriagado, então a lei precisa ser revista”, defende a atleta.
“Não deveriam ser só crimes hediondos que deveriam ser inafiançáveis. Isso foi um crime hediondo, gente, precisa ser revisto isso. Não dá para a pessoa deliberadamente se embriagar, pegar o carro, sair, atropelar uma pessoa, matar uma pessoa, depois voltar para casa e seguir a vida dele. O rapaz, ele estava extremamente embriagado”, desabafa.
Ainda segundo a atleta, ao contrário de algumas notícias sobre a tragédia, não haviam outros veículos na via na hora do acidente. “Falaram que ele ia fazer uma ultrapassagem perigosa, mas não tinha ultrapassagem nenhuma. Ele estava sozinho na pista, ele estava em zig-zag. Ele simplesmente atingiu a Danny de uma maneira tão irresponsável…”, diz, com a voz embargada de emoção.
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(Foto: Helder Carvalho, Midiamax)
Vítima se preparava para maratona
Ainda segundo a publicitária, o grupo havia apenas começado o treino da manhã, previsto para ter um total de 22km. “Era no começo, a gente estava no km 7, tinha dado uns 50 minutos de treino só. Estavam previstos 22 km, a gente ia até Rochedinho”, narra a colega.
“A Danny estava no ciclo da primeira maratona dela, ia para Porto Alegre e a gente também programou para o final de agosto ir para Assunção. Estávamos nesse ciclo, e esses percursos longos são planejados nos finais de semana pra gente poder chegar bem na prova”, detalha Gisele.
“Alguns ouviram comentários, tipo assim: ‘esses atletas de final de semana’, mas não. Não somos. A Danny não era uma atleta de final de semana. A Danny estava no ciclo, estava todo mundo treinando, em segurança, a gente estava certinho. A gente saiu às 5h da manhã pra não poder cruzar com ninguém, sabe?”, detalha Gisele sobre o planejamento do grupo.
Motorista recebeu voz de prisão por atleta do grupo
Gisele conta que policiais fazem parte do grupo e, inclusive, sábado foi o aniversário de um policial. “Ontem a gente tinha programado uma grande festa, a gente ia fazer o bolo, ia comemorar. Infelizmente, nos foi impedido de terminar nosso plano. A Gabi, que é a polícia civil, deu voz de prisão ao motorista”, afirma Gisele.
Danielle era divorciada e deixa duas filhas, uma de 19 anos e outra de 6 anos. Em 2016, perdeu uma filha, que tinha 4 anos e 9 meses, vítima de câncer. Geovanna foi diagnosticada com um tumor renal em 2015 e, durante nove meses, entre diagnóstico, cirurgia, quimioterapia e radioterapia, teve uma recidiva na pelve no final do tratamento e faleceu.
Após dois anos da morte de Geovanna, Danielle recebeu um convite para uma prova de corrida e, a partir daí, começou o amor pelo esporte. “Foi a partir daí que me inscrevi em quase todas as provas de corrida de 2018. Hoje, corro com muita alegria no coração porque eu sei que ela, de algum lugar desse universo, torce por mim!”, relembrou em uma postagem.
“Ela dizia que a corrida salvou a vida dela da depressão, tirou da depressão”, conta Gisele. “A Danny era uma pessoa que você se encantava com ela em 2 segundos. Você começava a conversar com ela e se encantava, tinha um sorriso farto, era contagiante, uma pessoa contagiante”, finaliza Gisele, muito emocionada.
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