Quando não é o ‘poeirão’ dos dias de estiagem, é a chuvarada causando alagamento e lamaçal em pontos vulneráveis do Nova Campo Grande.
A pavimentação que chegou para boa parte das largas avenidas também trouxe dor de cabeça para quem vive a expectativa do asfalto.
“Aqui, nessa rua mesmo, até que a gente não sofre tanto, mas os que vão mais ali adiante, onde não tem asfalto, sofrem mais. Agora, eles até cascalharam ali na lateral, na Avenida 5, na Avenida 4. Mas antes, a água parava tudo aqui, porque vem lá de cima. Tanto que a JBS, eu acho que foi eles que mandaram fazer essa elevação ali agora pra não ir tudo pra lá. Mas vamos ver a próxima chuva, o que vai acontecer”, afirma a moradora Tibeth Eliane.

O principal problema do bairro, apontado ao Fala Povo Especial Nova Campo Grande, foi a recorrência de alagamentos.
Quem enfrenta o problema vê o transtorno se agravar ano após ano, especialmente nos períodos de maior índice de chuva, entre novembro e março.
O secretário de obras públicas do município, Marcelo Miglioli, explica por que as vias do Nova Campo Grande alagam com tanta frequência, apesar do asfalto entregue recentemente com a garantia de drenagem.
“Quando nós assumimos a secretaria, coincidentemente, tinha acabado de vencer o contrato de execução daquelas obras de pavimentação da Nova Campo Grande. Na parte interna do bairro, nós constatamos ali que o contrato foi vencido e o objeto do contrato não foi 100% cumprido, ou seja, não foram terminadas todas as obras. E o que ficou faltando? Exatamente as bocas de lobo, que servem para a captação das águas de chuva. Ficou faltando as bocas de lobo e os poços de visita, que são aquelas tampas que vão no meio da rua, que dão acesso para as caixas”, disse.

Miglioli afirmou que há um compromisso da administração com as obras de pavimentação, para que todos os empreendimentos públicos sejam devidamente entregues com a garantia de drenagem das águas pluviais.
“Seja particular nos seus empreendimentos, seja no público, todas as obras de infraestrutura hoje são acompanhadas do projeto de drenagem. Com isso, nós evitamos problemas como nós temos na cidade, de alguns lugares que foram feitos pavimentação e não foi feito drenagem, e quando chove ocorre o alagamento”, destacou.
O gestor também aponta para o desafio hidrográfico da região do Nova Campo Grande, que, segundo ele, conta com lençol freático elevado e superfície predominantemente plana.
“Quando começa o período de chuva, depois de uma, duas chuvas, a água já não percola mais pelo solo. E é uma região bastante plana. Mas nós acreditamos que assinando esse acordo, a empresa voltando para a obra e terminando o objeto do contrato, que são as bocas de lobo da pavimentação que já foi feita, a gente vai melhorar muito a situação da Nova Campo Grande”, afirmou.

Para a moradora Rosemeire Aparecida, que há mais de 15 anos escolheu o Nova Campo Grande como lar, a extensão do problema atravessa gerações.
“Muito complicado, né? Para as crianças irem para o colégio, tem vezes que nem vai. Quando está chovendo muito, que está tudo inundado, não tem como as crianças irem”, reclama.
Na avenida 5, última rua e a mais afetada do Nova Campo Grande, o asfalto ainda não chegou.
Quando chove, o alagamento da via é dado como certo, e como consequência o lamaçal e o transtorno para quem precisa seguir a rotina.
A dona de casa Janaína, de 36 anos, mora no local e sente na pele o transtorno. Mas, quando reflete o impacto da situação, se preocupa muito além de si mesma. Ela cobra do poder público respeito por aqueles que precisam de maior acessibilidade.
“Eu tenho uma pergunta para fazer e já resume tudo, todo o nosso sofrimento aqui. Como é que uma pessoa deficiente consegue sobreviver nessa situação? Independente de sol ou chuva. Porque se tá no sol, é poeira, muita poeira e sem contar buracos que se encontram. E quando chove? Alagamento. Alagamento, muito, muito, muita lama. Então, é complicado. É muito complicado você sobreviver assim”, reflete sobre a situação de vizinhos com mobilidade reduzida.
O Seu Aluísio é um dos moradores mais antigos da região. São três décadas vendo o Nova Campo Grande se tornar um bairro populoso e promissor. E apesar dos desafios enfrentados e as promessas não cumpridas, ele se mantém esperançoso em ver a rua em que mora finalmente asfaltada e livre dos alagamentos.

“Tenho esperança, porque não é possível que com tanta reportagem e coisa que vem aqui, não saia o asfalto. Então, já tem água aqui encanada, já tem rede de esgoto, então só tá faltando o asfalto mesmo. Quando eu vim morar pra cá oito anos atrás, tava incluso o término do asfalto da avenida 4, eles fizeram só até ali em cima, na 21, não terminaram. E a confirmação dessa avenida 5, de asfalto, que aí ia melhorar bastante. E esse escoamento dessa água, né? Porque lá de cima vem toda a água pra cá. Choveu, lógico que vai escorrer tudo pra cá”, afirmou.
Fala Povo: Midiamax nos Bairros
A história dos bairros de Campo Grande é tema do Fala Povo: Midiamax nos Bairros. Ao longo desta semana, reportagens especiais vão apresentar aos leitores aspectos históricos, indicadores socioeconômicos, demandas populares e peculiaridades das diversas regiões de Campo Grande, culminando com programa ao vivo no sábado. Quer ver seu bairro na série? Mande uma mensagem para (67) 99207-4330, o Fala Povo, WhatsApp do Jornal Midiamax! Siga nossas redes sociais clicando AQUI.
(Revisão: Bianca Iglesias)