As reclamações de atrasos nas entregas dos Correios continuam. Campo-grandenses sofrem com encomendas postadas há mais de um mês que ainda não foram entregues ao destinatário. Em alguns casos, o trânsito entre cidades do Brasil demora 25 dias a mais do que a transferência da China para cá.
Fábio Pinheiros, autônomo de 31 anos, aguarda há mais de um mês por encomenda que deveria ter recebido em 12 de maio. O objeto saiu da China no dia 27 de abril e chegou ao Brasil três dias depois. Demorada mesmo está sendo a transferência de Curitiba a Campo Grande, que já dura 28 dias.
Fábio tem mais uma encomenda atrasada, que deveria ter chegado no dia 16 de maio, mas está travada em transferência de Porto Alegre para Campo Grande desde o dia 7. “Faz falta. Independente do que seja, comprei para receber e ainda paguei frete”, lamenta. Nos dois casos, a página de rastreio mostra apenas que o “objeto ainda não chegou à unidade”.

Na mesma situação, está o cabeleireiro Marcos Alexandre, de 39 anos. Para evitar atrasos, ele pagou a mais para receber um mega hair de Belo Horizonte via Sedex. “Seria para entregar em dois dias, mas já tem mais de um mês e a única informação é que está em trânsito. Se viesse a pé, já teria chegado”.
Nesse caso, o problema não é só de Marcos. O mega hair seria utilizado por uma cliente dele em festa de 15 anos marcada para 4 de maio. “Não chegou e eu não consegui cumprir o compromisso de atendê-la no prazo”, relata o cabeleireiro.
Os dois consumidores relatam que não receberam respostas satisfatórias dos Correios, quando procuraram explicações. “Primeiro, falam de atraso nas rodovias, mas já tem mais de três semanas. Na agência, falaram até que já foi entregue, mas não foi. No site ainda mostra que está em trânsito”, afirma Marcos Alexandre.
Fábio Pinheiro está tentando procurar ajuda por telefone e pelo site, mas ainda não recebeu respostas. “Não consegui entrar em contato. Os telefones que estão disponíveis, nem chamam, a ligação cai. Não existe WhatsApp e o SAC pede tantas informações, que parece que não querem dar resposta de nada”.
Outra consumidora ouvida pelo Jornal Midiamax teve uma encomenda extraviada para o Pará, ao invés de vir a Campo Grande. “Paguei R$ 30 para enviar por Sedex, o prazo era de cinco dias úteis e já são 15 dias úteis desde então”, afirma.
Justificativas para o atraso
Na última quinta-feira (22), os Correios admitiram ao Jornal Midiamax que enfrentam “desafios na malha operacional em função de ajustes contratuais com fornecedores estratégicos”. A expectativa da estatal era de plena normalização das entregas a partir desta semana, mas não se confirmou. Hoje, a reportagem pediu aos Correios um posicionamento sobre a situação atual e aguarda resposta.
Wilton dos Santos Lopes, presidente do Sintect-MS (Sindicato dos Trabalhadores nos Correios, Telégrafos e Similares de MS), afirma que o atraso ocorre porque empresas terceirizadas, que prestam serviços de transporte aos Correios, suspenderem as operações por falta de pagamento de salário, que é efetuado pela própria estatal.
“Os Correios de hoje não são os mesmos de 15 anos. Queremos resgatar isso. Sempre foi uma empresa independente e, se nada for feito, ficaremos dependentes da União, coisa que nunca aconteceu”, afirma o presidente sindical. “Hoje temos visto problemas resultantes de dificuldades antigas, estamos com dificuldades de honrar os contratos com as equipes de logísticas, que são terceirizadas”, frisa.
(*) Por Murilo Medeiros
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