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Cotidiano

Preço da cesta básica cai, mas Campo Grande mantém a 6ª mais cara do país

Para um trabalhador que ganha um salário mínimo, são necessários 14 dias de trabalho para comprar uma cesta básica
Lethycia Anjos -
Consumidor verifica preços em supermercado. (Foto: Ilustrativa - Marcos Morandi, Midiamax)

Campo Grande registrou o sexto maior valor da cesta básica entre as capitais do país, segundo a pesquisa mensal do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos). Na capital, os produtos essenciais para alimentação custaram R$ 768,79 em agosto, o que representa uma queda de -0,90% em relação ao mês anterior, quando o valor era de R$ 775,76.

Impulsionados pela redução nos preços do tomate e arroz, os alimentos que compõem a cesta básica registraram uma variação de -0,20% no acumulado do ano e de 7,58% nos últimos 12 meses em Campo Grande. Com isso, um trabalhador que recebe um salário mínimo de R$ 1.518, atuando em jornada de 8 horas diárias no regime 6×1, precisa de 111 horas e 25 minutos de trabalho — o equivalente a cerca de 14 dias — apenas para adquirir a cesta básica na capital sul-mato-grossense.

Em comparação, a média nacional de tempo necessário para comprar os itens essenciais ficou em 101 horas e 31 minutos. O índice é menor do que o registrado em julho, quando ficou em 103 horas e 40 minutos. Já em agosto de 2024, considerando as 17 capitais com série histórica completa, a jornada média foi de 102 horas e 8 minutos.

Os dados fazem parte da Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos, divulgada nesta sexta-feira (5) pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos).

Quando se compara o custo da cesta com o salário mínimo líquido — isto é, descontados os 7,5% da contribuição à Previdência Social —, o trabalhador campo-grandense comprometeu, em média, 54,75% da renda apenas com os alimentos básicos em agosto de 2025. O percentual supera a média nacional, de 49,89%. Em julho, esse comprometimento era de 50,94%% no Brasil, enquanto em agosto de 2024 a média ficou em 50,19%.

Preço cai em 24 das 27 capitais brasileiras

mercado
Mercado (Nathalia Alcântara, Midiamax)

Em 24 das 27 capitais houve queda no conjunto dos alimentos básicos pesquisados pelo Dieese, em parceria com a Conab (Central Nacional de Abastecimento). Entre julho e agosto de 2025, as cidades de Maceió (-4,10%), Recife (-4,02%), João Pessoa (-4,00%), Natal (-3,73%), Vitória (-3,12%) e São Luís (-3,06%) registraram quedas significativas.

São Paulo foi a capital onde o conjunto dos alimentos básicos apresentou o maior custo (R$ 850,84). Em seguida, aparece Florianópolis (R$ 823,11), Porto Alegre (R$ 811,14) e Rio de Janeiro (R$ 801,34).

Apesar da queda, ao analisar os valores entre agosto de 2024 e agosto de 2025, nas 17 capitais onde é possível comparar os valores da cesta nesse período, aumentaram, com variações entre 3,37%, em Belém, e 18,01%, em Recife.

Já no acumulado no ano, entre dezembro de 2024 e agosto de 2025, entre as mesmas 17
capitais, 13 cidades tiveram alta. Outras quatro apresentaram queda. As maiores elevações ocorreram em Fortaleza (7,32%), Recife (6,93%) e Salvador (5,54%). As capitais com variação negativa foram Goiânia (-1,85%), Brasília (-0,55%), Vitória (-0,53%) e Campo Grande (-0,20%).

Campo Grande tem aumento no feijão, açúcar e carne bovina em agosto

Entre julho e agosto de 2025, os preços de itens essenciais da cesta básica variaram de forma distinta nas capitais pesquisadas pelo Dieese. O tomate apresentou queda em 25 cidades, com variações entre -26,83% (Brasília) e -3,13% (Belém). Os únicos aumentos foram em Macapá (9,17%) e Palmas (2,60%).

O arroz agulhinha também ficou mais barato em 25 das 27 capitais, com destaque para Macapá (-8,78%) e Florianópolis (-5,79%). Apenas Porto Alegre (0,99%) e Rio Branco (0,95%) registraram alta. Conforme o Dieese, a maior oferta reduziu a velocidade da comercialização, já que produtores aguardavam melhores preços. Contudo, no varejo a tendência foi de queda.

feijão ilustrativa
Feijão registrou uma das maiores altas (Reprodução)
Feijão sobe 0,46%

No caso do feijão, o tipo preto caiu em todas as capitais onde é pesquisado (Sul, Rio de Janeiro e Vitória), com destaque para Rio de Janeiro (-6,99%) e Vitória (-3,61%). Já o feijão-carioca aumentou apenas em Campo Grande (0,46%) e Teresina (0,18%), contrariando a tendência de queda nacional, puxada por São Luís (-5,22%), Belo Horizonte (-4,67%) e Porto Velho (-4,19%).

A batata registrou alta apenas em Belo Horizonte (2,62%). Nas outras 10 capitais, os preços caíram, variando entre -18,35% (Florianópolis) e -4,36% (Curitiba).

Açúcar tem alta de 2,30%

O açúcar teve redução em 22 capitais, com quedas mais intensas em Manaus (-5,84%) e Cuiabá (-5,19%). Porém, em cinco cidades houve aumento, entre elas Campo Grande, que registrou alta de 2,30%. A baixa demanda interna ajudou a conter os preços, apesar da tentativa dos produtores de segurar estoques.

O café em pó ficou mais barato em 24 capitais, com destaque para Brasília (-5,50%), João Pessoa (-4,79%) e Belo Horizonte (-4,75%). Houve leve alta em Teresina (0,34%) e Fortaleza (0,14%), enquanto Aracaju manteve estabilidade.

Carne bovina sobe 2,11%

A carne bovina de primeira caiu em 18 capitais, entre -3,87% (Vitória) e -0,12% (Florianópolis). Em oito cidades, porém, houve aumento — incluindo Campo Grande (2,11%), além de Rio Branco (2,26%). A menor oferta de abate e a pressão das exportações explicaram parte da alta.

Por fim, o óleo de soja subiu em 17 capitais, com picos em Cuiabá (2,57%), enquanto caiu em oito, como em Palmas (-3,10%). Goiânia e Macapá não registraram variação.

Variação acumulada em 12 meses

Nos últimos 12 meses, considerando as 17 capitais onde o Dieese já fazia o levantamento:
O tomate subiu em quase todas, com destaque para Natal (103,93%), Recife (83,82%) e João Pessoa (82,08%).

  • A batata caiu em todas, com destaque para Campo Grande (-52,15%), a maior queda do país.
  • O feijão preto diminuiu em todas as capitais pesquisadas, entre -34,41% (Curitiba) e -24,70% (Porto Alegre). O carioca também recuou, com quedas mais acentuadas em Goiânia (-17,77%) e Brasília (-16,21%).
  • O arroz ficou mais barato em todas as capitais, com destaque para Vitória (-31,57%).
  • O açúcar subiu em cinco capitais, principalmente Porto Alegre (5,25%), mas caiu nas demais, com Aracaju liderando (-10,96%).
  • O café em pó acumulou alta em todas as capitais, entre 43,86% (Brasília) e 84,06% (Vitória).
  • A carne bovina de primeira também ficou mais cara em todas, com variações de 9,61% (Belém) a 27,79% (Brasília).
  • Outro item com alta em todas as 17 capitais foi o óleo de soja. Os preços oscilaram entre 14,61%, em Aracaju, e 27,55%, em Campo Grande.

Salário mínimo ideal é R$ 7,1 mil

Para garantir o sustento adequado de uma família de quatro pessoas, o salário mínimo ideal em agosto de 2025 deveria ser de R$ 7.147,91, de acordo com cálculos do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos). O valor representa 4,71 vezes o salário mínimo em vigor, de R$ 1.518,00.

No mês anterior, julho de 2025, o valor estimado era ainda mais alto: 7.274,43, o equivalente a 4,79 vezes o piso nacional. Já em agosto do ano passado, 2024, o salário mínimo necessário para suprir as despesas básicas de uma família deveria ter sido de R$ 6.606,13. Ou seja, 4,68 vezes o valor vigente à época, que era de R$ 1.412,00.

O cálculo leva em consideração os custos com alimentação, moradia, saúde, educação, vestuário, higiene, transporte, lazer e previdência, conforme previsto na Constituição Federal.

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(Revisão: Bianca Iglesias)

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