Pacientes aguardam por cirurgias ortopédicas após a Santa Casa de Campo Grande suspender, há cerca de duas semanas, os procedimentos eletivos por falta de pagamento. Assim, quem aguarda na fila tem enfrentado reagendamentos ou meses de espera.
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Esta é a situação enfrentada por Raquel Mudesto de Freitas, de 48 anos, que há três meses espera por um novo procedimento cirúrgico. Ela conta que há 1 ano e 7 meses sofreu um acidente de moto e passou por duas cirurgias. Na primeira, Raquel precisou colocar o fixador de ilizarov, popularmente conhecido como ‘gaiola’.

Passada a recuperação, um raio-x foi realizado e indicava que tudo estava consolidado. O médico que a acompanhava iniciou a dinamização, processo de afrouxamento dos parafusos da ‘gaiola’, e indicou o uso de muletas. No entanto, a recuperação ainda não estava completa e o afrouxamento precoce resultou em entortamento da perna de Raquel.
Espera por cirurgia
O segundo procedimento, realizado em fevereiro deste ano, visava corrigir o osso da perna que entortou. No entanto, Raquel ficou com o pé equino – deformidade caracterizada pela dificuldade de levantar a ponta do pé – e precisou iniciar a fisioterapia.
“A fisioterapia não funcionou. Meu médico marcou uma nova cirurgia de correção do meu pé, porque eu não consigo andar, ele não alcança todo o chão. A cirurgia, inicialmente, tinha sido marcada para 10 de junho. Nesse procedimento, iam colocar uma tração no meu pé e após uns 60 dias tirariam para eu voltar a andar. Mas estou esperando há três meses e a Santa Casa não dá solução nenhuma”, lamenta.
Raquel afirma que o procedimento já está liberado pelo médico que acompanha seu caso, mas não há autorização por parte do hospital. “Ligo lá e falam que meu nome está na lista. Se fosse um caso que não atrapalhasse minha recuperação, eu ia esperar, porque eu sei que tem bastante gente em condições bem graves. Só que está atrapalhando minha recuperação, porque eu não consigo encostar meu pé no chão”, afirma.
Cirurgias remarcadas
Allexander Sanches Silva, de 28 anos, passa por situação parecida. Há duas semanas, o freelancer sofreu um acidente, quebrando o tornozelo e o pé. Desde então ele está na ala ortopédica da Santa Casa, aguardando uma cirurgia.
“Algumas pessoas do quarto que ele está já fizeram cirurgia, algumas até já tiveram alta, enquanto ele continua na mesma. Achamos que ele ia operar hoje, pois deixaram ele em jejum até 13h, ficamos na torcida. Mas, umas 13h13, mais ou menos, mandaram mensagem dizendo que ele sairia do jejum, que não faria a cirurgia. Liguei pra assistente social, mas ela disse que eu devia ligar para o SAC”, lamenta Karoline, esposa de Allexander.
Para a reportagem, a mulher disse temer que os ossos da perna do marido cicatrizem tortos. Além disso, o marido já teve duas crises de ansiedade, motivadas pela situação médica atual.
O que diz a Santa Casa?
Em nota, a Santa Casa afirmou que, devido ao atraso de pagamentos, os procedimentos eletivos estão suspensos. Além disso, o hospital pontuou que, segundo normativas do CRM (Conselho Regional de Medicina), em situações em que ocorre atraso no pagamento dos profissionais médicos, é permitido reduzir a realização de procedimentos que não sejam considerados emergenciais — ou seja, que não representem risco imediato à vida.
No caso de Allexander, embora necessite de atendimento, sua condição não se enquadra como emergência, o que justificaria a espera, segundo a Santa Casa.
A nota finaliza dizendo que, além disso, a superlotação da unidade, causada pela alta demanda de casos com diferentes níveis de complexidade, exige que os profissionais adotem critérios de priorização, o que também contribui para maior atraso nos atendimentos.
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