Funcionária pública há 33 anos, Cleonice da Silva Ferreira sempre foi pontual, mas se atrasou todos os dias dessa semana. O ônibus do Consórcio Guaicurus, linha 242 B (Parque dos Poderes), que deveria passar às 6h55 pela Praça Ary Coelho, desde segunda-feira, só chega às 7h45 e gera atrasos para todos os passageiros.
“O ônibus não passa, cheguei 6h50 e nada dele. Meu horário de entrar no trabalho é às 7h30, mas estou chegando às 8h10”, lamenta a servidora. Segundo ela, o problema afeta outros trabalhadores do Parque dos Poderes, que também chegaram tarde nos últimos três dias por culpa do atraso do ônibus. “Cerca de 45 pessoas”, calcula Cleonice.
Além de tudo, com a demora de mais de uma hora, ela perdeu o tempo de integração e precisou pagar outro passe. Quando pergunta o motivo do atraso, sempre uma explicação diferente. “Um dia, o freio do ônibus não estava funcionando. No outro, o veículo não tinha força suficiente para subir a Avenida Mato Grosso. O ônibus da linha 242 B sempre é de péssima qualidade”.
Na manhã desta quarta-feira (3), Cleonice da Silva entrou em contato com o SAC (Serviço de Atendimento ao Consumidor) do Consórcio Guaicurus e registrou reclamação à empresa de ônibus. “Além de tudo, o fiscal do ‘terminalzinho’ da Praça Ary Coelho disse que não tem como resolver o problema, porque as linhas 242 B e 242 A não fazem parte de terminal”, relata a funcionária pública.
O Jornal Midiamax questionou ao Consórcio Guaicurus se houve diminuição nos horários desta linha e qual a explicação para os atrasos recorrentes, mas não recebeu resposta. O espaço segue aberto.
Relatório da CPI adiado
Enquanto isso, os usuários de transporte público da Capital aguardam o relatório final da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) que investiga o Consórcio na Câmara de Vereadores. Hoje (3), a casa de leis publicou no Diário Oficial que vai adiar por mais 30 dias a apresentação do documento.
Desde abril, gestores do Consórcio Guaicurus, membros da administração pública ligados à regulação e fiscalização do contrato bilionário, ex-funcionários e usuários dos ônibus que circulam na Capital foram ouvidos. Assim, a CPI coletou uma série de elementos que podem indicar irregularidades no serviço prestado ao cidadão campo-grandense.
As denúncias miram especialmente a precariedade da frota, que, além de provocar transtorno na rotina dos usuários, compromete a qualidade do transporte. Além disso, não retribui os lucros milionários obtidos pelo Consórcio Guaicurus — o qual alega estar em déficit financeiro.
Assim, para apurar as ‘desculpas’ dos empresários, a CPI contratou assessorias contábeis e jurídicas, no valor de R$ 140 mil, para devassa nas contas da companhia, que já passou por pente-fino em outras ocasiões e volta a ser alvo de perícia contábil, a fim de reconhecer se, de fato, está em desconformidade ao que entrega na prestação do serviço de transporte coletivo da Capital.
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(Revisão: Bianca iglesias)