Número de queimadas em 2024 foi o pior das últimas duas décadas em Mato Grosso do Sul
Foram mais de 13 mil focos de queimadas registrados no ano
Priscilla Peres –
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Mato Grosso do Sul fechou 2024 com mais de 13 mil focos de queimadas, o pior cenário em 22 anos. Os números do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) mostram o que foi vivenciado ao longo dos meses: mais um ano de devastação florestal.
Mais do que nunca, 2024 evidenciou os efeitos das mudanças climáticas e o quão em risco o planeta está. Os 13.041 focos de queimadas registrados em Mato Grosso do Sul ao longo do ano, concedem média de 35,7 focos de incêndios por dia.
Diferente dos outros anos, quando as chamas se propagavam com maior intensidade entre agosto em novembro, em 2024 elas chegaram antes. Pegando brigadistas e autoridades de surpresa, junho e julho foram os meses com maior número de focos da história para o período.
O ano passado, em termos de queimadas, só perdeu para 2002, quando foram registrados 14.543 focos. Dados de outubro de 2024 do Map Biomas, mostram que Corumbá é o município com maior área queimada, sendo 1 milhão de hectares e 741 mil hectares.
Morte lenta do Pantanal?
Berço de espécies nativas, a maior planície alagada do mundo e um dos principais ecossistemas da humanidade, o Pantanal sul-mato-grossense foi vítima das mudanças climáticas. O ecossistema ainda sente o reflexo das drásticas alterações em temperaturas e sazonalidade das chuvas.
Ainda assim, a pergunta que ecoa entre os cientistas é “O Pantanal vai acabar?”. Ao longo deste 2024, o cenário tradicional de cheias e planícies alagadas foi diferente. Enquanto as embarcações que atravessam o Rio Paraguai foram impedidas de navegar diante do baixo nível de água, a mata se acabava em fogo.
Não houve período de cheia, ou seja, o Rio Paraguai atinge níveis extremamente baixos e os incêndios se alastram por Mato Grosso do Sul, na contramão de tudo o que o bioma representa.
‘Incêndio não é problema, é consequência’
Doutor em Biologia Vegetal e colaborador da Iniciativa Documenta Pantanal, Sandro Menezes explica sobre o regime de águas que atinge o Pantanal e como o bioma é impactado pelo que acontece ao redor. Principalmente porque os rios que formam o Pantanal nascem no entorno do bioma e sofrem impactos externos.
Após três anos de queda nos casos de incêndios em vegetações urbanas, Mato Grosso do Sul registra um aumento de 37,6% nos registros deste ano. Neste ano, até o mês de agosto, houve 3.397 ocorrências, enquanto isso, no mesmo período de 2023, houve 2.469 casos registrados.
Ele cita o uso do solo para ocupação de pecuária e agricultura, a realização de dragagens pontuais em rios importantes e também a instalação de PCHs (Pequenas Centrais Hidrelétricas), que acabam drenando a vasão de água que corre pelos rios.
“Com todo esse conjunto de ações que causam danos ao meio ambiente se concretizando, além da hidrovia funcionando (que contribui para drenar mais rápido a água), são muitas ameaças ao Pantanal. Se pensar em tudo isso, o incêndio não é problema, é consequência do cenário atual do bioma”, explica Sandro.
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