Na Alems, mães atípicas questionam qualidade dos insumos e falta de fraldas e dietas especiais

Mães alegam que entregas são insuficientes, inconstantes e fraldas são de baixa qualidade

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Mães atípicas em protesto pacífico na Alems (Foto: Nathalia Alcântara, Midiamax)

Grupo com cerca de 10 mulheres, mães de crianças e adultos atípicos, protestou com cartazes e faixas na Alems (Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul) nesta quarta-feira (5) para reivindicar insumos de saúde para filhos com deficiência. Segundo as mães, entregas da Prefeitura são insuficientes e qualidade dos produtos é inferior ao que foi prometido.

“A gente continua, infelizmente, na mesma pauta dos últimos dois anos, que é o descumprimento das ordens judiciais principalmente por parte da Prefeitura (de Campo Grande), que deixa os nossos filhos sem medicação, sem suplementos, sem as dietas especiais e sem as fraldas”, diz uma das mães presente.

Pedido de ajuda

Segundo as mães, a prefeitura continua afirmando que é uma falha dos fornecedores. “Só que, por exemplo, eu estou desde outubro, como boa parte das mães, sem receber nenhum pacote de fralda. É impossível que alguém compre um material, que pague esse material, e fique aguardando 5 meses para receber na maior paciência”, desabafa.

Diante disso, elas foram até a Casa Legislativa para pedir apoio ao deputados. “A gente espera que eles firmem um compromisso com a gente de fiscalizar a Prefeitura, de cobrar e olhar pra nossa situação, porque embora a maioria das liminares seja contra o município, o Estado também tem responsabilidade, e é dever dos deputados também trabalhar por essa causa”, completou a mãe.

Em resposta aos pedidos, parlamentares pediram a criação de uma comissão para acompanhar a situação. A ideia é ouvir as mães, conversar com o Governo do Estado e tentar um diálogo com a Prefeitura, segundo a deputada estadual Gleice Jane (PT). 

Promessa de entrega

Na última sexta-feira (31), a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) afirmou que começaria a entregar 45 mil fraldas nesta semana, a partir da segunda-feira (3). 

As entregas seriam escalonadas e aconteceriam no CEM (Centro Especializado Municipal), também conhecido como Centro de Especialidades Médicas Presidente Jânio da Silva Quadros, no bairro São Francisco.

Quantidade e qualidade questionadas

No entanto, segundo as mães, as entregas atendem apenas cerca de 10% das pessoas que chegam lá porque é feita em quantidade inferior às necessidades das famílias. Além disso, elas alegam que a qualidade dos produtos não corresponde ao que foi prometido e anunciado pela Prefeitura, sendo de qualidade muito inferior em, inclusive, estão causando lesões nos pacientes.

“Não está atendendo porque está acontecendo uma coisa que é muito grave: todas as notas apresentadas pela Prefeitura listam as marcas das fraldas, e são fraldas de qualidade que atende as necessidades da maioria dessas pessoas com deficiência. Mas o que está sendo entregue são fraldas de qualidade extremamente inferior. Não justifica estar sendo pago o preço de uma fralda de qualidade em fraldas de marcas desconhecidas que estão causando alergias e lesões graves nas crianças, que levam ao adoecimento e até à internação às vezes”, detalha a mãe.

Luta pela entrega frequente

As solicitantes também pediram que os parlamentares ajudem a cobrar a Prefeitura para que as entregas dos insumos, o que inclui não só as fraldas, mas também as dietas especiais e medicamentos, sejam feitas na frequência adequada, já que a necessidade dos pacientes é constante.

“A luta é pela regularização da entrega, porque é um material que a gente precisa usar todos os dias, por isso o juiz determina a quantidade mensal. A última vez que chegou (fralda) foi em outubro, por isso que a gente voltou a brigar. Chegou só em outubro e depois disso a desculpa foi sempre a mesma: a culpa é do fornecedor”, alega outra mãe.

“Até quando a gente vai ficar dependente disso, dessa fala?”, questiona. Desde 2023, as mães enfrentam verdadeira peregrinação para receber os itens básicos.

Mães atípicas em protesto pacífico na Alems (Foto: Nathalia Alcântara, Midiamax)

O que disse a prefeitura

Ao Midiamax, a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) informou que as entregas de fraldas nesta semana atendem demanda judicial. Assim, são entregues faldas de diversos modelos, no CEM (Centro Especializado de Medicina).

“Nos últimos dias, a Sesau recebeu mais de 80 mil tiras de fraldas e tem a previsão de receber mais de 150 mil tiras a partir desta quarta-feira (05/02), com o objetivo de atender à demanda. A Secretaria está trabalhando para que essas entregas sejam feitas de forma ágil e eficiente.

A SESAU reforça que está atenta a qualquer reclamação sobre a qualidade dos materiais entregues. Caso necessário, todas as queixas serão devidamente analisadas, e a Secretaria tomará as providências necessárias para garantir que os materiais atendam às necessidades dos pacientes, sem comprometer a qualidade e o bem-estar de todos”, finaliza a nota da pasta.

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