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Cotidiano

MPT-MS recomenda que empresa suspenda pulverização aérea de agrotóxicos

Medida visa proteger trabalhadores rurais do Reassentamento Santana, em Brasilândia, que foram identificados como expostos aos produtos químicos utilizados nas lavouras da empresa
Osvaldo Sato -
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Aeronave durante pulverização de agrotóxicos na Fazenda Santa Lourdes (Foto: Perícia do MPT)

O MPT-MS (Ministério Público do Trabalho em ) emitiu uma recomendação à ACP Bioenergia Ltda., determinando que a empresa cesse a pulverização de agrotóxicos por via aérea ou terrestre em áreas próximas a comunidades e mananciais. A medida visa proteger trabalhadores rurais do Reassentamento Santana, em , que foram identificados como expostos aos produtos químicos utilizados nas lavouras da empresa.

A recomendação exige que a aplicação de agrotóxicos ocorra a no mínimo 500 metros de povoações e 250 metros de mananciais de água. A empresa tem 30 dias para se adequar às normas estabelecidas. O MPT-MS poderá tomar medidas legais caso a ACP Bioenergia não cumpra as determinações.

A decisão do MPT-MS foi tomada após uma investigação que apontou irregularidades na pulverização realizada na Fazenda Santa Lourdes, arrendada pela ACP Bioenergia. Um laudo pericial concluiu que trabalhadores do reassentamento são expostos a agrotóxicos usados no cultivo de cana-de-açúcar, mesmo sem contato direto com a aplicação.

Além disso, uma nova perícia, concluída em dezembro de 2024, revelou que funcionários da própria ACP Bioenergia também trabalham sob condições inadequadas. Entre as irregularidades, destacam-se a falta de treinamento específico para manipulação de agrotóxicos, ausência de estrutura para higienização e inexistência de sinalização nas áreas pulverizadas.

O Reassentamento Santana abriga cerca de 60 famílias que dependem da agricultura, e apicultura para subsistência. A comunidade foi criada em 1998 para mitigar impactos da construção da Usina Hidrelétrica Sérgio Motta. Com algumas residências a apenas 28 metros dos canaviais da ACP Bioenergia, os moradores relataram preocupação com os impactos dos agrotóxicos na saúde e no meio ambiente.

A recomendação do MPT-MS está embasada em convenções da Organização Internacional do Trabalho (OIT) e na Constituição Federal, que garantem o direito à saúde e segurança no trabalho. O documento também cita estudos da Embrapa que apontam que até 68% dos agrotóxicos pulverizados não atingem as plantas, se dispersando no solo e no ar, alcançando áreas vizinhas.

O texto ainda menciona a legislação do estado do Ceará, que desde 2019 proíbe a pulverização aérea de agrotóxicos, decisão validada pelo Supremo Tribunal Federal. O tribunal reconheceu os riscos ambientais e à saúde pública, destacando que partículas químicas podem se espalhar por até 32 quilômetros além da área de aplicação.

Entre 2014 e 2023, Mato Grosso do Sul registrou 886 casos de intoxicação por agrotóxicos agrícolas, segundo dados do Ministério da Saúde. O MPT-MS seguirá acompanhando o caso e poderá adotar novas medidas judiciais caso a ACP Bioenergia não se adeque às exigências estabelecidas. [Com informações do MPT-MS]

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