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Cotidiano

Em meio a telas e tecnologias, escrita ganha força no desenvolvimento de crianças

Especialista explica os benefícios dos hábitos manuais, como a escrita à mão e leitura, para a formação cognitiva dos mais novos
Gustavo Henn -
Imagem ilustrativa. (Foto: Reprodução/Pexels)

Celulares, computadores, tablets e diversas outras variações. Não é novidade para ninguém que as telas tomaram o dia a dia da grande maioria das pessoas nos últimos anos, sendo parte quase que indispensável da rotina de muitos. No entanto, entre vários outros riscos, a má utilização dos aparelhos pode comprometer o desenvolvimento cognitivo das crianças.

Em , aproximadamente 89% das pessoas entre 10 e 19 anos utilizaram a internet por meio de algum dispositivo, em 2024, segundo a Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) realizada pelo (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). A pesquisa consultou cerca de 380 jovens por ano, e a parcela dos que usaram as tecnologias se manteve sempre próxima dos 90%, indicando que os aparelhos estão presentes no cotidiano dessa faixa etária.

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Porém, é necessário tomar cuidado, sobretudo com essa parcela da população. Ainda que as tecnologias tenham o objetivo de contribuir para uma vida com mais qualidade, a má utilização delas pode acabar causando exatamente o contrário.

O Jornal Midiamax consultou uma especialista em educação para buscar esclarecer as consequências que a problemática pode trazer ao público mais jovem e a importância de ‘combatê-la’ com outros hábitos.

Tecnologias devem ser aliadas

Mariana Bruno Chaves, pós-graduada em Psicopedagogia, afirma que as tecnologias podem ser benéficas no processo de aprendizagem das crianças, mas que também podem causar prejuízos. “Quando bem orientadas, as tecnologias podem se tornar grandes aliadas do aprendizado, principalmente por meio de atividades interativas que envolvem escrever, desenhar e resolver problemas. Jogos e vídeos educativos, por exemplo, podem estimular a criatividade e o raciocínio”, explica.

No entanto, ela reforça que o uso excessivo das telas pode comprometer o desenvolvimento cognitivo das crianças, assim como a memória e concentração. “Em especial, a exposição passiva, quando elas apenas assistem a conteúdos, pode trazer efeitos negativos ao cérebro infantil.”

Durante a infância, as crianças passam pela importante fase de formação do cérebro e de aprimoramento da coordenação motora e do raciocínio lógico, por exemplo. Quando expostas apenas a conteúdos já criados, sem estímulo de comandos ativos, a aprendizagem pode ficar limitada em diversos aspectos.

Substituir as telas pelo quê?

A especialista orienta que o uso excessivo das tecnologias seja substituído por outros hábitos. Uma das mais importantes opções é a escrita à mão, prática que tem diminuído nos últimos anos, sobretudo pela possibilidade de fazer anotações digitalmente.

“A escrita à mão ativa diversas áreas do cérebro, favorecendo a memória, a atenção, o raciocínio e a capacidade de organização. Além disso, exige planejamento dos movimentos e concentração para formar cada letra, contribuindo para o desenvolvimento da coordenação motora fina, fundamental para diferentes atividades ao longo da vida”, comenta Mariana.

Assim, os pais e responsáveis pelas crianças podem propor atividades como:

  • Utilização de um diário, para escrever coisas sobre cada dia;
  • Bilhetes ou bloco de anotações, para se lembrar de tarefas rotineiras;
  • Ou até mesmo a criação de pequenas histórias, para estimular também a criatividade dos menores.

Isso se relaciona também com a outra sugestão dada pela psicopedagoga: a leitura. Ainda que ela possa ser feita também pelas telas, a recomendação é de que usem livros físicos, e isso pode virar um momento de lazer entre a família.

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“É recomendável que os pais ofereçam livros conforme a idade da criança e os deixem acessíveis. A leitura amplia o repertório de conhecimento e a imaginação, permitindo que a criança explore novas ideias e contextos além de sua realidade.” Além disso, outras opções, como desenhar e pintar, são ótimas alternativas, que favorecem também as aptidões artísticas das crianças.

“Essas práticas ajudam a desenvolver senso crítico, observação e discernimento. Assim, quando a criança é exposta a esses estímulos desde cedo, o desenvolvimento de habilidades artísticas pode surgir naturalmente como uma extensão do exercício criativo”, completa.

Escrita criativa

Foi nesse sentido que o autor Fernando Pissuto Trevisan lançou o livro “Propostas de Escrita para Crianças e Adolescentes do Mato Grosso do Sul”, no dia 16 de agosto, em . A obra, organizada em conjunto com outros professores e escritores locais, reúne 153 propostas de escrita criativa ao público infantojuvenil.

O exemplar orienta as crianças e os adolescentes com importantes dicas para começar a escrever, como a definição dos diferentes gêneros (ficção, romance, terror etc.), possíveis fontes de ideias e os passos para se organizar e criar um roteiro.

“O livro foi projetado com linhas em branco, onde os jovens autores podem elaborar o que é chamado de ‘roteiro’. Este esboço ajuda a organizar as ideias principais da história, estabelecer a estrutura narrativa e planejar o fluxo dos eventos”, afirma Fernando.

Cada proposta tem uma premissa inicial, com perguntas a serem respondidas pelos jovens, além de algumas dicas do autor. Ele explica que, por mais que as respostas possam ser curtas, servem como norteadoras da história e facilitam a construção do roteiro. Após preenchidas as páginas do livro, a instrução é de que as crianças escrevam a história completa em outro caderno.

Além de promover o senso crítico e estimular a criatividade dos jovens, a obra também é uma forma de aproximá-los de temas que valorizam a cultura, a história, as lendas e o cotidiano de Mato Grosso do Sul.

Dificuldades podem ser alertas

Outro benefício da escrita à mão e de outras práticas manuais é a possibilidade de identificar dificuldades de aprendizagem das crianças. A especialista alerta que a aparição desses desafios pode representar problemas mais complexos, como transtornos.

“Aspectos como a clareza, a velocidade e a organização das letras podem indicar desafios, como a disgrafia — um transtorno específico que afeta a caligrafia”, exemplifica. Quanto antes forem identificados, mais simples serão a intervenção e a solução das dificuldades.

“Dificuldades motoras ou problemas na relação entre letra e som também podem ser identificados por meio da observação da escrita, permitindo um diagnóstico precoce e intervenções adequadas”, afirma a profissional.

Por isso, as práticas manuais e o controle de tela são tão fundamentais durante a juventude. Assim, os pais e responsáveis devem acompanhar de perto o desenvolvimento dos filhos e orientá-los em caso de maiores dificuldades, recorrendo, em casos mais graves, a especialistas como pediatras ou pedagogos.

*Com supervisão de Guilherme Cavalcante.

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(Revisão: Dáfini Lisboa)

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