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Cotidiano

Médicos da Santa Casa vão à polícia e dizem que 70 correm risco de morte na ortopedia

Sem insumos para realização de cirurgias, especialistas decidiram informar situação à polícia
Priscilla Peres, Mirian Machado -
Imagens mostram superlotação na Santa Casa de Campo Grande (Foto: Santa Casa).

Há dois dias a Santa Casa informou que estava fechando às portas para novos pacientes devido à superlotação, mas o alerta não foi atendido e na terça-feira (25), médicos do setor de ortopedia foram à polícia de . Em boletim de ocorrência, eles afirmam que não há insumos para cirurgias e 70 pacientes correm risco de morte ou sequelas graves.

Conforme o registro policial, três médicos e um estiveram na delegacia para registrar um BO de preservação de direito, onde relatam falta de condições de trabalho. Segundo eles, no momento não existe nenhum material ortopédico disponível para a realização de cirurgias de urgência e emergência.

Chefe do setor de ortopedia da Santa Casa, o médico João Antônio Pereira Mateus relatou à polícia que o hospital tem 70 pacientes que estão em situação iminente de morte e/ou sequelas, devido à falta de insumos e próteses para cirurgias

Eles afirmam que apesar do ofício emitido na segunda-feira (24), os pacientes não param de chegar, mas o setor de ortopedia colapsou. ‘Não dá mais’, disse o médico à polícia. Ainda conforme o especialista, faltam itens, pois a Santa Casa está em dívida com os fornecedores e outros setores sofrem com a mesma situação.

A Santa Casa de Campo Grande é referência em atendimento de ortopedia e recebe pacientes dos 79 municípios de , mas tem problemas recorrentes de dívidas.

Nesta quarta-feira (26), a Santa Casa informou que conta com 114 pacientes internados para ortopedia, sendo que 56 pacientes aguardam ainda o 1º procedimento cirúrgico. No Pronto Socorro são quase 60 pacientes adultos e quase 15 crianças.

Déficit mensal de R$ 13 milhões

No dia 17 de março, foi realizada uma audiência pública na Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul para discutir a crise dos Hospitais Filantrópicos, com foco nas dificuldades enfrentadas pela Santa Casa de Campo Grande. Na data, o hospital apresentou documentos que comprovam déficit líquido significativo de R$ 13,23 milhões mensais, o que equivale a R$ 158,85 milhões anuais.

Segundo a Santa Casa, não há reajuste financeiro desde 2022, o que ocasionou desequilíbrio econômico-financeiro e a crise atual. O documento de contratualização com a prefeitura de Campo Grande venceu em meados de 2024 e, desde então, há uma negociação para a elaboração de um novo documento.

Em comunicado, a Santa Casa de Campo Grande informa que conseguiu, perante a Justiça, o repasse imediato de mais de R$ 46 milhões na tarde de terça-feira (25). O hospital informa que passa sérias dificuldades financeiras, com riscos iminentes de interrupção total de seus atendimentos hospitalares.

Ainda conforme a Santa Casa, a situação decorre, também, do não recebimento de verbas reconhecidas judicialmente, referentes a repasses financeiros da União realizados durante a pandemia de Covid-19 em 2020, e que permanecem pendentes de recurso no STJ (Superior Tribunal de Justiça).

CRM-MS cobra soluções

Os problemas da Santa Casa chamaram a atenção do CRM-MS (Conselho Regional de Medicina de MS) que, na terça-feira (25), emitiu nota oficial onde afirma que está acompanhando “de perto” a situação e, no momento, manifesta profunda preocupação com os impactos diretos na saúde da população

Segundo o texto, o presidente do CRM-MS, Carlos Idelmar de Campos Barbosa, informou que é “imperativo que todas as medidas necessárias sejam tomadas para garantir um atendimento de qualidade aos pacientes. Estamos unindo esforços com os gestores da saúde e da Santa Casa para buscar providências efetivas e imediatas neste momento de crise”.

Faltam leitos em MS

É só chegar na segunda quinzena de março, que o caos toma conta da saúde de Mato Grosso do Sul. Unidades de saúde lotadas, pacientes esperando vagas em hospitais, falta de leitos em UTI, plano de contingência e colapso na saúde. O cenário é bem conhecido dos profissionais por ser sazonal, mas o cerne do problema é o mesmo: faltam leitos hospitalares.

A realidade é que existe apenas um leito em hospital para cada 607 pessoas em Mato Grosso do Sul. Bem longe do recomendado pela OMS (Organização Mundial da Saúde), de 3 a 5 leitos para cada mil habitantes. Conforme dados do Ministério da Saúde, são 6.690 leitos existentes em todo o Estado, dos quais 4.556 leitos são de atendimento público, via SUS.

Há anos, especialistas afirmam que o grande problema é a falta de hospital público municipal em Campo Grande, já que a demanda da Capital ‘disputa’ espaço com pacientes do interior na Santa Casa, Hospital Regional e Hospital Universitário. Assim, as unidades de saúde (UPAs e CRS) acabam sendo alternativas.

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