Seu nome nasceu do tupi e é atribuído a um tipo de árvore cujo significado na língua indígena é “o que é grudento”, devido ao látex que sai de sua casca, segundo o IHGMS (Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso do Sul). Foi assim que a árvore guanandi, que tem propriedades medicinais, foi incorporada ao primeiro grupo de árvores consideradas madeira de lei, conforme a Lei Imperial de 7 de janeiro de 1835.
E foi esse o nome dado a uma vila que logo se formalizou como um dos primeiros bairros da cidade, localizado no centro-sul de Campo Grande, com organização iniciada no final da década de 1960.
Inserida na Região Urbana do Anhanduizinho, a área hoje é formada pelo Guanandi I, Guanandi II e Dona Neta, tendo população de 9.354 habitantes, conforme o censo mais recente do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Nos próximos dias o Jornal Midiamax fala sobre o desenvolvimento desta região em seu novo projeto, o Fala Povo: Midiamax nos Bairros. Ao longo desta semana, no site, jornal impresso e programa televisivo do Jornal Midiamax (canal 4 da Net), várias histórias serão mostradas, além de curiosidades, pontos gastronômicos, segurança e tudo o que envolve o cotidiano da população local.
E, a partir de hoje (22), você acompanha reportagens que vão culminar com uma edição ao vivo do programa, transmitida da região no próximo dia 27 de setembro, próximo sábado.
Esvaziamento populacional
Enquanto a população atual da região é de pouco mais de 9 mil moradores, o passado mostra outra realidade. Doze anos atrás a população chegava a quase 12 mil habitantes, conforme o IBGE.
Apesar do esvaziamento não ser gigantesco, parece indicar que alguns fatores contribuíram para essa diminuição de moradores.
A salgadeira Zeneide Barbosa Arantes, de 61 anos, mora há 45 no bairro e há cerca de 1 ano abriu uma lanchonete no Guanandi. Ela conta que relatos de furto e assaltos têm aumentado na região nos últimos anos, contrastando com melhorias na estrutura e serviços do bairro.
Aumento de furtos e população de rua
“Muitas histórias de assalto, aqui em casa mesmo. Coloquei agora, tem uma semana, que coloquei câmera e concertina porque eles [ladrões] entram muito para roubar. Está tendo muito ‘noiado’ aqui [sic]”, conta a empreendedora, citando a presença de dependentes químicos nas ruas e calçadas do bairro.
No final do mês passado, agosto, uma ‘boca de fumo’ foi fechada e quase 500 quilos de maconha foram apreendidos em uma residência na Rua Angelo Serenza, no Guanandi.

ação levou à prisão de quatro pessoas e à apreensão de drogas, balanças e uma motocicleta.
Moradores relatam que a população em situação de rua e em dependência química cresceu nos últimos anos.
“Eu tenho uma lanchonete, toda hora tem um aqui na frente. Hoje mesmo amanheceu um deitado aqui na minha calçada. Então está bastante, bastante”, completa Zeneide.
A salgadeira conta que já levaram de seu comércio botijão de gás, uma escada e ferro de passar. “São essas coisas. Não são aqueles ladrões [homens armados], são mesmo pessoas que roubam às vezes para se alimentar”, avalia.
Apesar disso, Zeneide vê muitos avanços na região. A estrutura era bastante limitada décadas atrás.
“Nossa, precário. Muito perigoso, sem estrutura nenhuma, né? Hoje não, hoje já estão todos construídos, asfaltados, né? Melhorias muito boas. Aqui [na rua em que ela mora] na frente não tinha nada. Era tudo campinho de futebol”, conta, apontando para os imóveis no local.
Comércio
Com o asfalto, escolas, praças e unidade de saúde, a região foi se consolidando. Hoje, a salgadeira comemora a estrutura e o comércio da região.
“É muito bom. O comércio aqui está excelente, você encontra de tudo”, analisa.
No entanto, os desafios também existem. “A Rua Barra Mansa era uma rua com mais comércio. Hoje ela já está bem desgastada, não sei se é devido aos alugueis que são um pouco caros, né? Minha prima mesmo colocou uma salgaderia em frente à escola. Era para deslanchar, né? Mas já teve que fechar”, compartilha Zeneide.
O relojoeiro Valdecir José de Moura, de 70 anos, faz a mesma análise sobre o comércio.

“O bairro aqui, o comércio é fraco, era forte, mas está muito fraco o comércio aqui no Guanandi. E, assim, não tem muito concorrente, e os que têm não são bons profissionais, eles são mais ou menos. Então a gente tem assim, pouco cliente, e o pouco que tem, a gente vê que eles vêm por reclamação [de outros serviços]”, afirma.
Vias importantes
É na Barra Mansa onde se concentram vários dos principais comércios da redondeza, sem ignorar, é claro, importantes avenidas, como a Manoel da Costa Lima, que corta a região de Leste a Oeste em um percurso de aproximadamente 1 km entre o Rio Anhanduí e a Avenida Marechal Deodoro.
Essa, por sua vez, divide a região do Guanandi com os bairros Coophamat e o Jardim Leblon, e à frente, na saída de Campo Grande para a cidade de Sidrolândia, recebe o nome de Avenida Günter Hans.
Assim, a Rua Barra Mansa, além de pequenos mercados, açougue, loja de variedades e a Escola Municipal Professor Plínio Mendes dos Santos, a principal do bairro, também abriga um dos principais cartões de visita da região: a Feira Livre do Guanandi.
Considerada a maior da cidade, reúne dezenas de barracas por cerca de 10 quadras todos os domingos de manhã, a partir das 7h. Nesta série do Fala Povo: Midiamax nos Bairros, você vai conhecer mais sobre essa feira.
No Guanandi II, na Avenida Ezequiel Ferreira Lima, ainda tem outra feira livre. A feirinha é levantada entre as ruas da Divisão e Assaí, sempre às sextas-feiras, das 16h às 22h.
Serviços públicos na região
É nessa mesma região onde está localizada a sede da Solurb, a concessionária responsável pela gestão da limpeza urbana e pelo manejo de resíduos sólidos da cidade, na Avenida Gunter Hans, 2055.
Neste mesmo endereço funciona como LEV (Local de Entrega Voluntária), onde a população pode descartar resíduos recicláveis como plástico, papel, vidro e metal, além de óleo de cozinha, isopor, eletrônicos e outros tipos de materiais recicláveis.

Ainda na região do Guanandi, outros dois locais funcionam como LEV, a Escola Municipal Professor Plínio Mendes dos Santos, já citada aqui, e a Escola Municipal Governador Harry Amorim Costa, que fica na Rua Airton Bachi de Araújo, 293.
Falando em escola, além dessas duas, a região conta com outras unidades de ensino públicas: a Escola Municipal Professora Marina Couto Fortes, na Rua Pirituba, 718, e a Emei (Escola Municipal de Educação Infantil) São Francisco de Assis, que fica na Avenida Manoel da Costa Lima, 3.000.
Em suma, em relação à saúde pública, a Avenida Manoel da Costa Lima também abriga uma importante concentração de serviços.
Desta forma, no número 3.272 fica o CAPS (Centro de Atenção Psicossocial) Márcia Zen. A região ainda conta com a UBS (Unidade Básica de Saúde) Dona Neta – Engenheiro Arthur Hokama, na Rua Cora, 100, e com o CEO (Centro de Especialidades Odontológicas) Dr. Édio Figueiredo, no mesmo endereço.
Finalmente, além disso, o CRAS (Centro de Referência de Assistência Social) Mida Barbosa Marques presta apoio à população da área com seus serviços, programas e benefícios, atuando como a principal porta de entrada para a Assistência Social na comunidade. O CRAS Guanandi fica na Rua Itaguassu, 7.
Fala Povo: Midiamax nos Bairros
A história dos bairros de Campo Grande é tema do Fala Povo: Midiamax nos Bairros. Ao longo desta semana, reportagens especiais vão apresentar aos leitores aspectos históricos, indicadores socioeconômicos, demandas populares e peculiaridades das diversas regiões de Campo Grande, culminando com programa ao vivo no sábado. Quer ver seu bairro na série? Mande uma mensagem para (67) 99207-4330, o Fala Povo, WhatsApp do Jornal Midiamax! Siga nossas redes sociais clicando AQUI.