O bairro Parque Lageado, na região sul de Campo Grande, vive seus contrastes. Enquanto a insegurança e pouca infraestrutura são alvos de queixas de moradores, a região também tem se consolidado como um exemplo de como o comércio local pode prosperar longe do centro.
A cerca de 15 quilômetros do coração da cidade, com uma população de aproximadamente 17 mil moradores, o bairro com cerca de 30 anos viu sua principal via, a Rua Evelina Selingardi, transformar-se em um corredor repleto de novos empreendimentos.
O crescimento populacional e o aumento da circulação de pessoas no bairro são motores dessa economia – atraindo empreendedores visionários, que enxergam no Parque Lageado uma oportunidade de crescimento. Essa dinâmica gera um ciclo, onde quando o comércio atrai mais pessoas para a região, estimula por sua vez a abertura de novos negócios.
O desenvolvimento do comércio local é o tema desta reportagem da série Fala Povo: Midiamax nos Bairros. Ao longo desta semana, no site, jornal impresso e programa televisivo do Jornal Midiamax (canal 4 da Net), várias histórias serão mostradas, além de curiosidades, pontos gastronômicos, segurança e tudo o que envolve o cotidiano da população local.
Nesta, a reportagem do Jornal Midiamax adentrou o tema e apurou, dentre outros aspectos do comércio local, a migração de negócios que, antes, se concentravam no centro da cidade. Wagner Campos de Sousa, de 33 anos, que, junto com seu irmão gêmeo Vinícius, é sócio em uma loja de acessórios e assistência técnica para celulares, observou essa mudança.
“A gente teve a ideia de abrir no centro, mas observamos que o movimento estava migrando para os bairros”, afirma Wagner, que está no Parque Lageado há cinco anos. “Acreditamos nessa tacada e deu certo”, contou.
A decisão de investir no bairro foi estratégica e se mostrou promissora. Segundo Wagner, “hoje em dia, eu acho que quase todos os bairros possuem seu comércio e neste bairro está ficando muito bom”.
A loja, que começou com apenas os dois irmãos, hoje emprega 14 pessoas – a maioria jovens do próprio bairro, o que demonstra o impacto social e econômico do empreendimento. “A gente preza dar oportunidade para os jovens aqui do bairro”, diz Wagner.
Dentre os ramos que mais se destacam na região estão farmácias, lojas de utilidades domésticas, salões de beleza, lojas de vestuário, lojas de construção e outras.
Movimento é sinal de clientela
O movimento intenso de pedestres e veículos na Evelina Selingardi é motor para muitos negócios. Ana Maria Martins, de 41 anos, proprietária de uma padaria no bairro há cinco anos, é um exemplo do sucesso impulsionado por essa dinâmica.
“O crescimento do bairro fez com que aumentasse também a clientela”, conta Ana, que viu seu negócio evoluir. “Estamos cada vez crescendo mais, por isso tenho muita gratidão”, completa. A padaria atende desde quem busca o pãozinho cedo, às 4h da manhã, até os clientes que passam para um lanche durante o dia, mostrando que o movimento é constante e a demanda é alta.
Outra empreendedora que enxergou o potencial do bairro é Lilian Cruz, de 43 anos, proprietária de um pet shop. Ela abriu sua segunda unidade no Parque Lageado há pouco mais de um ano, após o sucesso da primeira loja em outro bairro.
“A gente viu essa oportunidade aqui no Lageado, bem promissora, e viemos para cá também montar a unidade 2”, explica Lilian. Ela destaca a grande circulação de pessoas e carros na avenida principal. “É um bairro muito movimentado, principalmente essa rua Evelina Selingardi, então sim, teve uma evolução muito boa.”
Desafios do crescimento
Apesar do crescimento, o desenvolvimento do comércio no Parque Lageado também enfrenta desafios. Wagner aponta a questão da credibilidade como uma das principais dificuldades. “Mas a credibilidade do comércio local está melhorando, graças a Deus”, afirma, reconhecendo que a mentalidade de buscar serviços no centro está, aos poucos, mudando.
Lilian Cruz, por sua vez, ressalta as questões de infraestrutura. Para ela, o asfalto e a iluminação pública ainda precisam de melhorias, principalmente em ruas secundárias.
“Na época de chuva, a gente faz muita entrega e tem ruas assim que a gente precisa desviar para poder fazer a entrega”, comenta Lilian, que vê a situação como um desafio para a população. Mesmo assim, ela mantém uma visão otimista. “A gente vê que está acontecendo, é uma região promissora, tem futuro”.
Mas quem para quem passa pela avenida não observa apenas pequenos negócios, mas também supermercados já instalados e outros em vias de inauguração, demonstrando que o bairro já é também destino de negócios maiores e com potencial de crescimento contínuo.
(Foto: Madu Livramento, Midiamax)
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