Durante entrevista a página de notícias do interior, a delegada Thays do Carmo Oliveira Bessa, de Dourados, foi alvo de ofensas racistas e machistas desde quinta-feira (2). O vídeo, de apenas 1 minuto e 50 segundos, repercutiu nas redes sociais, mas a maioria dos comentários são sobre a aparência física da delegada, e não o crime investigado pela profissional.
“Como profissional e como mulher, sinto Indignação ao ver a capacidade do ser humano de se portar dessa maneira”, afirmou a delegada, que é adjunta da Depac (Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário), em entrevista ao Jornal Midiamax. A enxurrada de ofensas preconceituosas foi proferida enquanto Thays Bessa investigava desdobramentos de um homicídio na área rural e falou ao vivo à pagina Folha de Dourados.
Em um dos comentários preconceituosos, um homem escreveu: “Delegada feia tá mais para ser empregada doméstica aqui da minha casa que qualquer outra coisa e tratar ela igual a cachorro aqui”. Thays Bessa afirma que irá tomar providências legais contra o agressor. “Já registramos boletim de ocorrência e estou entrando em contato com um advogado para ingressar com ação cível e criminal”.
Além disso, a delegada Thays Bessa ressaltou que a 1ª DP (1ª Delegacia de Polícia Civil de Dourados) já abriu investigação sobre o assunto. “Acha que um computador vai camuflá-lo e que não será alcançado, mas nós temos capacidade técnica para desvendar quem é o autor e onde ele está. As pessoas que praticam comentários ofensivos serão encontradas e responsabilizadas, conforme a lei”, conclui a delegada.
Repúdio
A Adepol – MS (Associação dos Delegados de Polícia de Mato Grosso do Sul) repudiou a injúria racial e o Comafro (Conselho Municipal de Defesa e Desenvolvimento dos Direitos Afro-brasileiros) considera que a profissional foi alvo de crime de ódio.
Em nota, a Adepol considerou que o comentário publicado é agressivo e ataca, de forma covarde, a honra da delegada. Além disso, a associação lembra que o crime foi exercido contra “servidora pública no exercício da função”. E, por fim, a associação afirma “que todas as medidas judiciais criminais e cíveis de reparação de danos morais estão sendo promovidas em desfavor ao agressor”.
Já o Comafro considerou que os comentários “além de atentarem contra sua honra, a rebaixaram à condição animal”. O Conselho ressaltou que, além de ofender a delegada, o agressor injuriou também as empregadas domésticas “colocando estas últimas como indignas, e a delegada como merecedora de tal indignidade”.
A nota afirma, ainda, que as ofensas não são individuais à delegada. “Elas são a manifestação clara do racismo estrutural e da misoginia que permeiam nossa sociedade, buscando silenciar e inferiorizar mulheres negras em posições de destaque e autoridade”, escreveu o Comafro. Por fim, o comunicado lembra que, desde 2023, “atos de injúria racial foram equiparados ao crime de racismo, tornando-o inafiançável e imprescritível”.
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